2018: ANO DE MILITARES, DOS TRABALHADORES E DE FUTEBOL

O semanário O Democrata elegeu três figuras nacionais que se destacaram em 2018. O Comité da Redação do jornal escolheu o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biaguê Na N’tan, o Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG/CS), Júlio António Mendonça, e o Selecionador nacional de futebol, Mister Baciro Candé.

O Comitê da Redação escolheu o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Biaguê Na N’Tan, pela forma como conduziu as nossas forças armadas durante o período conturbado que o país viveu. Outrora certamente os guineenses conheceriam mais uma sublevação militar, mas Na N’tan conseguiu controlar a sociedade castrense, os militares obedeceram o Chefe, a voz do comando e colaboraram com ele nesta árdua tarefa.

GENERAL BIAGUE NA N’TAN – ROSTO DA TRANQUILIDADE NOS QUARTÉIS

O General Biaguê Na N’tan conseguiu projetar num tempo recorde uma imagem positiva das forças armadas da Guiné-Bissau. Um chefe cuja prioridade é a formação dos quadros militares, sobretudo a nova geração de militares guineenses em diversas áreas, a começar pela medicina até às outras áreas que também do interesse das forças armadas. 

Na N’tan deu assim provas de que é possível mudar algo pela positiva. Em quatro anos, o número um das forças armadas realmente escreveu com letras doiradas na história da República da Guiné-Bissau, cujos traços negativos sempre tiveram como epicentro os militares, que apareciam como solução às crises cíclicas do país desde golpe do Estado de 14 de novembro de 1980, liderado pelo falecido General-Presidente João Bernardo “Nino” Vieira.

Conheça o percurso de General Biaguê Na N’Tan: Nasceu a 12 de Julho de 1950 em Finete, Setor de Bambadinca, Região de Bafatá. De 1956 a 1962 fez instrução primária na Escola Católica de Finete.

E em 1962 integra as fileiras do partido único, na altura na zona sul do país, na Região de Quinara, até junho de 1963.

De 1964 a 1965 é transferido para Base Central de Sára, com objetivo de se formar em armas antiaéreas “GORANOVA” que culmina com a sua nomeação como chefe da Goranova, armas pesadas e primeiro atirador e mais tarde foi nomeado chefe de baterias mistas, Morteiros, Canhões-B10, Bazucas e “Goranovas”.

Com a formação do corpo de Exército, comandado por Quemo Mané, na linha fronteiriço norte, Biaguê Na N’Tan passa, de 1969 a 1972, a comandar a artilharia pesada. Em 1973 é formado na área de tácticas e operações em Cuba e volta para a Guiné-Conakry em 1974. Dois anos mais tarde é contemplado com uma bolsa de estudos para a Ex- URSS, na área de comando e táctica operativa, formação que durou 4 (quatro) anos.

Após o seu regresso ao país é nomeado comandante do primeiro pelotão da 1ª companhia do Batalhão da presidência da Republica e promovido ao posto de tenente e posteriormente 1º tenente após movimento reajustador “14 de Novembro”. Participa numa missão das Nações Unidas em Angola como observador militar em 1995. Em 1997 toma parte no teatro de operações conjuntas com 12 países de sub-região, incluindo a França, Rússia e a Inglaterra como observador no Senegal, operação denominada GUIDI-MACA.

Em 2002 é nomeado Chefe Adjunto do Departamento das Operações do comando Geral da Guarda – Fiscal. No mesmo ano é promovido ao posto de Tenente-Coronel e mais tarde Chefe do Estado-Maior do comando da Guarda-fiscal em 2003, um ano depois nomeado Comandante Geral da Corporação Nacional da Guarda – Fiscal.

Em Outubro de 2006 é promovido ao posto de coronel. Depois do golpe militar de 2012 assume o controlo das receitas do Estado no tesouro até ao final do processo das eleições-gerais, em 2014. Promovido pelo Presidente da República ao posto de Brigadeiro General e mais tarde nomeado por decreto presidencial Nº039 como Chefe da casa Militar da Presidência da República, na função do Ministro e categoria de Major General. Já no dia 17 de setembro de 2014 e pela primeira chega por Decreto Presidencial nº 41 ao cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.

JÚLIO MENDONÇA – SINDICALISTA QUE OUSA DESAFIAR ‘FERAS’ PARA PEDIR REAJUSTE SALARIAL

 A escolha do Júlio António Mendonça, que em menos de um ano na função de Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné deve-se ao feito inédito em que conseguiu pressionar o Governo para aumentar o salário mínimo dos servidores públicos. Um sindicalista determinado e comprometido com a causa dos trabalhadores do Estado da Guiné-Bissau, sobretudo aquela franja da nossa sociedade que usufruía de menos de 40 mil francos CFA como salário mensal mínimo, fixado agora em 50 mil francos CFA mensais. 

Júlio Mendonça operou na UNTG uma nova dinâmica, determinação e um verdadeiro espírito sindical, cujo resultado é a atualização da grelha salarial da administração pública guineense. Mesmo sendo um defensor dos servidores públicos, Mendonça sempre apela a uma boa prestação dos serviços aos funcionários públicos do país, como forma de estarem em condições de exigirem seus direitos laborais.

Um profundo conhecedor da casa, neste caso a UNTG, onde desempenhava desde 2007 as funções do Assessor Jurídico, foram dez anos de experiência naquela que é a maior central sindical da Guiné-Bissau. 

Conheceça percurso de Júlio António Mendonça: Nasceu no sector de Bula, Região de Cacheu, em 26 de novembro de 1974. Concluiu o ensino secundário em 1994/95 no liceu Dr. Agostinho Neto e é licenciado em direito pela Faculdade de Direito de Bissau, em 2003/2004.

De 2003 a 2005 é contratado pela CNE como formador para processos eleitorais (Legislativas e presidenciais) e é Docente desde 2004 em diferentes unidades escolares e universitárias de Bissau. Em 2006 frequenta o curso de Capacitação dos Magistrados Judiciais/Ministério Público e Advogados sobre as tramitações processuais Civis e Penais, em Bissau.

Júlio Mendonça é assessor Jurídico da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG-CS) desde 2007 até sua nomeação a cargo de secretário-geral. É técnico superior contratado do Ministério da Justiça na Direcção Geral da Administração da Justiça em 2008 e no mesmo ano desempenha as funções de Assistente Jurídico da Comissão Nacional das Mulheres Trabalhadoras, tendo frequentado ainda o curso de Formação sindical na OIT (BIT) em Turim/ Itália.

Em 2009 frequenta o curso sobre Criminalidade Complexa, em Bissau. Participou também em vários seminários internacionais de capacitação profissional na matéria de advocacia, subsídios que resultaram na sua nomeação em comissão de serviço para desempenhar as funções de Director de Serviço da Administração Judiciária e Sistema de Informação no Ministério da Justiça.

Capacitado em curso internacional de Estagiários sobre a política social para promoção do Trabalho Decente em Genebra Suíça no ano 2012. E em 2016 participa no encontro de Experts sobre regulamentos da profissão dos Advogados no Espaço UEMOA em Burquina-Faso.

Enquanto ativista, é contatado como formador sindical para Capacitação dos Membros da Comissão Nacional das Mulheres Trabalhadoras/UNTG-CS, sobre as leis e convenções Internacionais desde 2008. Em 2011 desempenha a função de Secretário Nacional de Assuntos de Trabalho, Jurídico e Negociação Coletiva da UNTG-CS e é atualmente assistente Jurídico do Sindicato dos Motoristas da Administração Pública, Privada e Afins, da ONG VIDA e ONG ESSOR e Bissau Games/LNGB.

Foi eleito no IV Congresso da UNTG-CS como Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné a 07 de Dezembro de 2017.

BACIRO CANDÉ – NO MAR DAS DIFICULDADES TENTA LEVAR O PAÍS AO CAN PELA SEGUNDA VEZ CONSECUTIVA

 A escolha do selecionador nacional de futebol guineense, Mister Baciro Candé pelo Comité da Redação, tem a ver com a forma como tem revolucionado a nossa seleção, Os Djurtus, apesar de enormes dificuldades na preparação de cada jogo. Candé garantiu que o país estará no próximo CAN 2019 no Egito, assim como no Mundial de Qatar em 2022.

Tal como fez em 2016, qualificando os Djurtus para o CAN’2017, Baciro Candé está perto de repetir a história, desta feita precisa no mínimo empatar com a seleção moçambicana em Bissau para reforçar o seu heroísmo no desporto-rei guineense.

 Em cinco jogos já realizados, Baciro Candé somou dois empates, duas vitórias e uma derrota, faltando o último jogo do grupo K de qualificação para o CAN’2019, uma partida agendada para 21 de março, em Bissau. A única derrota foi na Zâmbia por 1-2, mas os Djurtus responderam com o mesmo resultado em casa, batendo os zambianos por 2-1 no Estádio Nacional ’24 de Setembro’.

Conheça o percurso de Mister Baciro Candé: Nasceu a 06 de Abril de 1967 em Catió, Sul da Guiné-Bissau. É técnico de futebol de 4º nível de formação. Como futebolista, Candé representou o clube luso Estoril Praia, na época 1984/85, mudando-se depois para Rio Maior em 1985/86. Na época 1986/87 foi para Estrela de Amadora e em 1987/88 para o Amora.

Como treinador, Candé treinou o Desportivo de Farim em 1989, a U.D.I.B em 1989/90, o Bula Futebol Clube em 1990/91, o Estrela Negra de Bissau em 1991/92, o Ajuda Sport Clube em 1992/93. De 2008 a 2014 – Associação Desportivo de Oeiras (Portugal). No país, venceu a Taça da Guiné-Bissau em 1988/89 pelo Desportivo de Farim. De 1995 a 2007 ganhou oito Campeonatos Nacionais, quatroTaças e três Supertaças ao serviço do Sporting Clube de Bissau.

Na Seleção Nacional, chegou à meia-final da Taça Amílcar Cabral no Mali em 2001/2002. Em 2002/03 foi ao Final do Torneio da Francofonia na Gâmbia. Em 2004/05 levou novamente “Os Djurtus” à meia-final da Taça Amílcar Cabral em Conakry. Em 2007/08, Candé esteve outra vez nas meias-finais da Taça Amílcar Cabral no Senegal. Participou na campanha da eliminatória para o Campeonato de Mundo (2010).

Em 1996, 2004 e 2006/07 foi eleito melhor treinador de futebol da Guiné-Bissau. Em 1997/98 foi destacado pelo Sporting Clube de Portugal como treinador do Sporting Clube de Bissau na base do protocolo assinado entre as duas equipas.

Em finais de fevereiro de 2016, Baciro Candé assumiu o comando dos “Djurtus”, substituindo os técnicos lusos Paulo Torres e Paulo Russo. Mister Candé, como é conhecido no mundo de futebol, tomou a seleção nacional num clima de “turbulência”, mas conseguiu sarar as feridas no seio da seleção com o apoio do seu assistente, o experiente Romão dos Santos e qualificaram os “Djurtus”, pela primeira vez na história para uma fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN), realizado de 21 de Janeiro a 12 de fevereiro de 2017, no Gabão.

Por: Sene Camará/Assana Sambú 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *