Banco Central: ATIVIDADE ECONÓMICA NA GUINÉ-BISSAU CAI NO TERCEIRO TRIMESTRE 2019

A diretora nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental, Helena Nosolini Embaló, admitiu esta terça-feira, 10 de dezembro de 2019, que houve um recuo do crescimento económico no último trimestre deste ano [julho, agosto e setembro] na Guiné-Bissau. Porém, sublinhou que esse recuo tem a ver com a situação política e algumas incertezas por parte de alguns operadores económicos, que estão a espera do período pós-eleitoral para fazerem as suas atividades de forma geral e integral.       

Helena Nosolini Embaló fez esta observação no final da reunião trimestral entre agência principal do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) e os bancos comerciais instalados em Bissau, na qual o BCEAO e os bancos comerciais analisam os indicadores para saber se houve ou não evolução positiva da atividade bancária no país.

Helena Nosolini Embaló reconhece, contudo, que em relação ao trimestre anterior, houve uma ligeira diminuição do crédito bancário concedido, porque foi o período em que a maior parte do crédito concedido foi canalizado para a campanha da comercialização da castanha de cajú na Guiné-Bissau,  por isso o volume  de crédito foi maior.  

“Os depósitos dos bancos mantiveram-se relativamente estáveis, houve até uma melhoria dos fundos dos próprios bancos”, afirmou, lamentando, contudo, que o aspeto menos agradável  foi a degradação da carteira de crédito.  No entanto, apesar de encarar essa degradação como ligeira, avisa que não deixa de ser preocupante. Por isso, convida os bancos comerciais a redobrarem esforços no sentido de sanear o problema “dos créditos não produtivos”.

“Outro ponto que mereceu discussão foi o impacto da reforma do BASILEIA II e BASILEIA III na atividade bancária. Como os senhores sabem, essa reforma tornou-se efetiva em 01 de janeiro de 2018 e visa tornar o setor bancário mais resiliente para que ele possa suportar melhor as suas perdas e vai trazer um aumento tanto dos próprios fundos dos bancos como das normas de solvabilidade  dos rácios que os bancos têm que respeitar ”, tranquilizou.

Neste sentido, Helena Nosolini enfatiza que o Banco Central não só está interessado que o sistema bancário seja estável e sólido para que possa resistir à qualquer situação de fragilidade e crise como também está preocupado com o financiamento da economia, sobretudo do setor agrícola e outros que possam também contribuir “ fortemente”  para o desenvolvimento do país. E lembra que semanalmente o Banco Central põe à disposição do sistema bancário cerca de quarenta mil milhões (40.000.000.000) de francos CFA.

Por sua vez, Rómulo Pires, diretor-geral de Banco da África Ocidental (BAO), lembrou que em relação ao financiamento dos bancos ao setor agrícola e outros, foi discutido com BCEAO e com o governo, através do ministro da Economia e Finanças, sobre a necessidade de se criar fundos de garantia para diminuir os riscos dos bancos na participação em financiamento dessasatividades.

“No caso concreto da agricultura, devo dizer que é uma atividade cujos resultados dependem de outros fatores, neste caso, fatores climatéricos que podem ter impactos negativos no seu rendimento e os bancos também necessitarão de outras garantias associadas a esses financiamentos”,  esclareceu. Porém,  o também vice-presidente da Associação Profissional dos bancos e estabelecimentos  financeiros da Guiné-Bissau deixou claro que o financiamento dos bancos comerciais não tem setores específicos, mas o setor de caju acaba por ser aquele que mais recursos absorve por ser a principal atividade económica do país.

Por: Filomeno Sambú

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