Sector de Quebo: MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA REDUZ ANUALMENTE 10% DA PARTICIPAÇÃO DAS MENINAS NAS ESCOLAS

O Inspetor de educação do setor de Quebo, Alfa Mama Samba Baldé, revelou que a Mutilação Genital  Feminina (MGF) e outras práticas nefastas à saúde da mulher e criança  é responsável pela não escolarização de jovens raparigas e reduz, segundo dados estatísticos da educação em Quebo, em 10% por cento da participação das meninas nas escolas.

Os dados foram revelados esta terça-feira, 7 de janeiro de 2020, em Mampata Forreá, no âmbito  da cerimónia de declaração pública de seis comunidades do setor (Gã-Dembel,  Balana, Mampata Forre I e II,  Bairro Taibata e Bairro II) sobre o abandono da Mutilação Genital Feminina, Casamento Precoce e Forçado, bem como a não escolarização das meninas.

A ONG “AMAR” é uma das entidades que trabalhou na sensibilização dessas comunidades sobre as consequências das práticas tradicionais nocivas à saúde da mulher e criança durante dois anos, em algumas dessas comunidades e três outras. 

O evento desta terça-feira decorreu na localidade Mampata Forrea, sete quilómentros depois do setor de Quebo e foi patrocinado pelo Comité Nacional Para o Abandono das Práticas Tradicionais à Saúde da Mulher e Criança, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para População (FNUAP) e Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF).  

Na sua intervenção, Alfa Mama Samba Baldé criticou essa atitude e apelou ao engajamento do governo e de todos os pais e encarregados da educação e a assumirem com a determinação o desafio de banir a prática naquela localidade.

No seu discurso, a pós o ato de declaração pública do abandono da prática,  Bubacar Baldé, presidente interino do Comité, alertou a população que os efeitos das práticas tradicionais nefastas não se limitam apenas  às vidas das vitimas, também refletem-se nas economias das suas famílias. 

Por isso, aconselhou que a escola seja assumida como pilar basilar para ultrapassar qualquer desafio. Porém,  sublinhou que é necessário que as comunidades cumpram todas as orientações do Estado sobre essa matéria, tendo garantido vir transmitir ao governo todas as recomendações  deixadas pelas seis comunidades.

Braima Só, um dos coordenadores da ONG “ AMAR”, pediu que os compromissos assumidos sejam honrados e postos em prática e com também deixou uma mensagem em como todos devem ser vigilantes para travar eventuais  tentativas  de restabelecer a prática nas comunidades, que a declaração o abandono ao fanado da mulher pretende erradicar. 

No entanto, tanto as autoridades policiais, religiosas  e como as tradicionais reconheceram que o fanado da mulher e criança é um flagelo, pelo que assumiram compromisso de trabalhar de  forma conjunta para que esse mal desapareça das suas comunidades.

Finalmente, um grupo de crianças da seção de Mampata Forreá entregou, no final do evento, ao Comité mensagens, solicitando ao governo e à UNICEF a construção de um jardim escola infantil e de um centro de saúde naquela localidade.

Por: Filomeno Sambú

Foto: F:S

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