Opinião: AUSCULTAÇÃO: CONTINUIDADE OU FIM DA CRISE?

A nossa vida os nossos atos não passam de um Cartão de Crédito/Cartão Multibanco, com este instrumento de pagamento podemos comprar tudo o que queremos no limite da disponibilidade financeira na nossa conta  bancária. Este condicionalismo de ação [não obstante dispor do cartão multi-banco, não poderemos pagar mais as contas num instante temporal, se esgotarmos o dinheiro/fundo nas nossas contas por direito]. Ao exemplificar isso cheguei a um ponto de partida em relação a exercício dos nossos direitos cívicos. É o mesmo dizer que, os políticos pedem de nós votos nos momentos das campanhas eleitorais, e que depois de conseguirem ser eleitos, já não temos como retirar os nossos votos enquanto não chegar o pleito eleitoral.

É chegada a hora de respondermos ao que dissemos no passado. Afirmamos com franqueza e convicção que aqueles que detêm o poder [agora] merecem a um voto e um mandato. Passamos pouco tempo após a eleição e já não suportamos aqueles que escolhemos para nos governar/representar durante os 4 e 5 anos. O nosso pacto findou muito cedo, talvez, de um lado, o fizemos com muita pressa devido às ambições pessoais de figuras/classes que pediram nossos créditos – políticos, e/ou, por outro lado, pelo desgaste angustiante que [povo] já não suportamos.

O tempo é de facto muito curto para chegarmos à conclusão que chegamos hoje, das querelas em que eles [políticos] estão mergulhados. Mas como são “pano di 10 bandas” não tardaria para aprovarmos dos nossos venenos de que tanto gostamos de tudo o quanto é ruim. Com certeza, gostamos mesmo! Tudo isso ocorre porque a nossa visão de mudança não muda o nosso jeito de escolher. A maneira como nós estamos acostumados em escolher quem deve governar e a forma como eles governam estão ofuscadas pelas lentes polarizadas dos interesses pessoais sem precedentes dos políticos de meia tigela. “Haja vergonha”!

A eles retribuímos as culpas pelos atrasos vistos no processo do desenvolvimento do país e sem percebermos que a nossa culpa tem mais tamanha grandeza em relação à culpa deles – políticos. Enquanto não entendermos a proporção e o peso do nosso voto, estaremos sofrendo das decisões delas saídas. O exercício cívico pede de nós uma decisão responsável e sem preconceito em escolhermos quem deve estar à frente na condução do destino do país.

Depois da assinatura do memorando do entendimento em Guiné-Conacri, o que mudou? O documento foi adulterado ou as nossas formas de interpretar as versões em Inglês e Francês que vos trazem brigas de novo?

“Rally” a procura da solução para o fim de uma crise que é advento de mais uma, nos faz saber que as lutas pelo poder continuarão nessa legislatura cercada de falta de diálogo entre os atores nacionais, tudo isso acontece talvez porque o documento assinado foi elaborado pelos terceiro – os mediadores, possivelmente isso tenha sido motivo pela qual ele carece da compreensão. Não. Não acredito! É falta de boa fé. “Mas ter a boa fé, é preciso ter a fé”.

Se tivessem boa fé após a assinatura do documento em Conacri, estariam respeitando o documento outrora assinado com a vossa própria mão sem precisar fazer interpretações distintas e brincar com sentimentos do povo e desconsiderar as autoridades máximas da sub-região, nesse caso a CEDEAO. A interpretação do documento em Bissau não é nada mais que uma conversa fiada. Ponto final!

Alguém afirmou em Bissau antes da ida à Conacri que a viagem estava sendo uma mera perda de tempo, soluções deveriam ser encontradas dentro de casa – no próprio país. Essa viagem de luxo acabou deitada pelas águas baixas em pouco tempo da assinatura do acordo. Um acordo que nem entrou em vigor, já começamos a sentir o cheiro desagradável.

“Recall” de Sua Excelência Presidente de República para mais uma nova onda de “Replay” de auscultação.

Olussẹgun Mathew Okikiọla Arẹmu Ọbasanjọ num passado recente fora nomeado para reconciliar as partes desavindas advertiu que a solução para os nossos problemas deve partir de um diálogo de casa.

Só uma questão:

Será que Sua Excelência Presidente de República Dr. José Mário Vaz conseguirá obter consenso necessário para a estabilização da atual situação política que outrora responsabilizávamos àquelas figuras tais como, General João Bernardo Vieira Nino (Kabi Na Fantcham-na), Dr. Malam Bacai Sanhá, Dr. Koumba Yalá, General António Indjai e Sr. Carlos Gomes Júnior?

Para terminar, gostaria de uma maneira muito simples salientar que, se os políticos preocupassem minimamente com a questão ligada a solidariedade para com povo, não estariam na tanta luta pelo poder em que se encontram atolados. No dia em que decidirem caminhar juntos e com os seus próprios pés, saberem elaborar seus próprios projetos para o desenvolvimento do país, aí estariam a contribuir enquanto políticos visionários, porque até aqui não nos restam dúvidas que apenas os seus interesses os preocupam. A nossa autoestima não deve estar baixa, mas sabemos muito bem de que as auscultações iniciadas não terão uma novidade agradável como sempre foram, são e serão.

 

Que DEUS abençoe a Guiné-Bissau!

Viva Unidade Nacional!

 

 

Por: Papa Sufre Fernando Quadé 

Graduando em Administração.

Jahu, São Paulo/Brasil, 08 de Novembro de 2016.

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