Centenas de manifestantes que saíram hoje às ruas de Bissau para repudiar a atual crise política que assola o país já há mais de um ano, ameaçam boicotar as aulas nas escolas privadas e encerrar as clínicas privadas a partir da próxima semana, caso a situação da crise prevaleça.
“A partir da próxima quarta-feira vamos boicotar as aulas nas escolas privadas e nas clínicas privadas” disse Lesmes Monteiro, porta-voz da organização da marcha. Para de seguida assegurar que “se os filhos dos pobres não estão a frequentar as aulas, os filhos dos governantes também não vão estudar e se estão doentes vamos todos nos tratar no hospital nacional Simão Mendes”.
A manifestação prevista para acontecer na Rotunda do Império, frente ao Palácio da República não foi possível devido a forte dispositivo policial e militar que cortou todas as vias que dão acesso aquela zona.
Num comunicado divulgado ontem à noite, o governo, através da secretaria de Estado da Ordem Pública, diz não garantir ordem e segurança aos manifestantes, justificando a vinda à Bissau de uma delegação da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) chefiada pela Presidente da Libéria, Ellen Johnson na qualidade de presidente em exercício desta comunidade sub-regional, para mediar a crise política guineense.
Sob organização do “Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados” (MCCI), os manifestantes concentraram-se a frente do clube da UDIB, na avenida Amílcar Cabral, desde as seis horas da manhã, numa vigília com dísticos onde se podiam ler as frases como “Basta, exigimos a erradicação da crise”, “exigimos a dissolução da Assembleia Nacional e convocação das novas eleições”, “o povo não é Lixo” etc.
Na tentativa de dispersar os manifestantes, a polícia usou gás lacrimogêneo que por um instante dispersou a multidão que estava a manifestar pacificamente. Contudo, alguns minutos depois, estes voltaram mais agitados, provocando lançamento de algumas pedras, mas não se registou ferido.
Em declaração ao Jornal O Democrata, Lesmes Monteiro, o porta-voz de MCCI defendeu a dissolução de ANP e convocação das eleições legislativas antecipadas, uma vez que os políticos não se entendem quanto à implementação do “acordo de Conakri”.
Segundo Lesmes Monteiro, os marchantes não estão a defender nenhum político em especial mas sim defender maiores interesses da nação.
Monteiro ainda responsabiliza as autoridades policiais pelas consequências do incidente, e justifica em como teriam recebido autorização da Câmara Municipal de Bissau e informado a Polícia da Ordem Pública sobre a realização da manifestação.
Os manifestantes ameaçam permanecer na rua até quando verem as suas reivindicações atendidas.
Por: Alcene Sidibé/ Epifânia Mendonça
Fotos: Marcelo Ncanha Na Ritche



















A imagem do gás é minha. Ao menos identifiquem a fonte da foto. Não é a primeira vez que lanço este pedido: USEM a fonte da fotografia e ponto final