COP 22: EMISSÕES GLOBAIS DE GAZES CARBONO NÃO CRESCERÃO NOS PRÓXIMOS ANOS

Os pesquisadores da Universidade de East Anglia e do Global Carbon Project anunciaram ontem, 14 de Novembro 2016, no Centro da Conferência das Partes das Nações Unidas, (COP 22), em Marraquexe, que as Emissões Globais de Carbono da queima de combustíveis fósseis não cresceram num ritmo tão acelerado em 2015 e deve, até ao fim deste de 2016, crescer ligeiramente, completando, assim, três anos sucessivos sem conhecer um crescimento preocupante para o planeta terra.

Este ano, 2016, de acordo com os dados estatísticos dos Pesquisadores da Universidade East Anglia e do Global Carbon Project, as Emissões Globais de Carbono aumentaram apenas 0,2 por cento, apresentando, assim, uma clara ruptura em 2,3 por cento registado em 2013 e de 0,7 em 2014. A nova projeção de dados estatísticos apresentados pelos Pesquisadores indica que o crescimento das Emissões de Globais de Carbono ficou abaixo de um por cento, não obstante o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tenha atingido os três por cento.

Os Pesquisadores apontam relacionam a razão principal desta queda sucessiva registada na evolução das Emissões Globais de Carbono com a queda no uso de Carvão por parte da República Popular da China. Todavia, não obstante, a queda sucessiva das Emissões Globais de Carbono tenha progredido de, acordo com as promessas dos governos dos países de as diminuírem até 2030, mas na verdade ainda está-se aquém da expectativa necessária para limitarmos as Mudanças Climáticas bem abaixo dos dois graus Celsius.

Para a Diretora do Centro Tyndall que conduziu a análise dos dados de pesquisa, Corinne Le Quéré “este terceiro ano de quase nenhum crescimento nas emissões é sem precedentes em um momento de forte crescimento económico. Embora contribua para combater as alterações climáticas, não é suficiente. As emissões globais agora precisam diminuir rapidamente, não apenas parar de crescer,”  acrescentando de seguida “se os negociadores do clima em Marraquexe puderem impulsionar novos cortes nas emissões, poderemos ter um começo sério para lidar com a mudança climática”.

A análise do Global Carbon mostra também que, mesmo não havendo um crescimento das emissões, o crescimento da concentração atmosférica de CO2 foi um recorde em 2015 e poderá voltar a ser recorde em 2016 devido a fracos sumidouros de carbono. Assim a Professora Le Quéré defendeu, sustentando que “parte das emissões de CO2 são absorvidas pelo oceano e pelas árvores. Com as temperaturas crescendo em 2015 e 2016, menos CO2 que foi absorvido pelas árvores devido às condições quentes e secas relacionadas ao vento El Niño. Os níveis atmosféricos de CO2 excederam 400 Partes por Milhão (PPM) e continuarão a subir fazendo com que o planeta aqueça até que as emissões sejam reduzidas para perto de zero “.

A República Popular da China é a maior emissora de CO2 do mundo com 29 por cento das emissões. Teve uma redução de apenas de 0,7 por cento em 2015, em comparação com o crescimento de mais de cinco (5) por cento na década anterior. Prevê-se uma nova redução de 0,5 por cento para este ano de 2016, embora com grandes incertezas. Os Estados Unidos de América é o segundo maior emissor de CO2, com 15 por cento das emissões globais, também reduziram o uso de carvão e reduziram suas emissões em 2,6 por cento no ano passado. As emissões dos Estados Unidos de América deverão diminuir 1,7 por cento em 2016.

Os 28 Estados-Membros da União Europeia (U E) são o terceiro maior emissor, causando 10 por cento das emissões globais. As emissões de CO2 da UE aumentaram 1,4 por cento em 2015. A Índia, por seu lado, contribuiu com um aumento de 6,3 por cento de todas as emissões globais de CO2, com suas emissões aumentando 5,2 por cento, em 2015 continuando ainda num período de forte crescimento.

Ainda de acordo com a estimativa do Global Carbon Project das emissões globais de CO2 e seu destino na atmosfera, terra e oceano é um grande esforço da comunidade de pesquisa para reunir medições, estatísticas sobre as atividades humanas, com análise dos resultados do modelo.  Para a Professora Le Quéré há necessidade de relatar, como o Global Carbon Budget, as decisões e ações sobre como responder às mudanças climáticas.   E investigador do Center for International Climate and Environmental Research da Noruega, e co-autor do estudo,Glen Peters garantiu que “o crescimento das emissões nos próximos anos dependerá do quanto as políticas energéticas e climáticas podem impedir novas tendências e, o mais importante, é elevar a ambição de promessas de cortes nas emissão para que sejam mais consistentes com os objetivos de temperatura do Acordo de Paris. ”

Para os investigadores os grandes desafios científicos são a natureza crítica do ciclo do carbono para a sustentabilidade da Terra. O objetivo científico do projeto é desenvolver um quadro completo do ciclo global do carbono, incluindo suas dimensões biofísicas e humanas, juntamente com as interações e feedbacks entre eles. É agora um projeto de pesquisa global dentro da iniciativa de pesquisa da Terra do Futuro sobre sustentabilidade global.

 

Por: António Nhaga, enviado especial de O Democrata à Marraquexe/Marrocos

 

 

 

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