CPLP AFASTA PARA JÁ REPRESENTAÇÃO PERMANENTE NA GUINÉ-BISSAU

O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse, em declarações à Lusa, que, neste momento, não considera prioritário a organização ter uma representação permanente na Guiné-Bissau, projeto que estava previsto para 2020.

“Para já, existe vontade política dos Estados-membros da CPLP de, no futuro, poder haver uma representação permanente da CPLP em Bissau. Mas isso vai depender de condições financeiras que, obviamente, não estão reunidas”, afirmou Francisco Ribeiro Telles. Além disso, “tendo em conta o que se passou este ano na Guiné-Bissau, o que a CPLP disse e comunicou em momentos decisivos e a prestação do embaixador de Angola, juntamente com o de Portugal e do Brasil, neste momento, talvez não considerasse prioritária a instalação de uma missão permanente da CPLP em Bissau”, disse o diplomata.

Durante a crise política na Guiné-Bissau, que antecedeu a realização da primeira volta das eleições presidenciais “a preocupação foi que a comunidade internacional, de certa forma, falasse a uma só voz e houvesse uma concertação permanente entre as organizações internacionais que estão na gestão do país. E isso foi conseguido (…) e foi um elemento muito importante e (…) dissuasor para eventuais aventuras”, defendeu.

O responsável da CPLP negou que a posição da comunidade internacional naquela tenha condicionado os resultados da primeira volta das presidenciais no país, considerando que se criaram “condições para que as eleições ocorressem num ambiente de normalidade e estabilidade política”. A CPLP, através do grupo que integra em Bissau [o designado P5], e nomeadamente da liderança do embaixador de Angola, “tem feito um papel muito positivo em relação aquilo que é a doutrina da CPLP” sobre a Guiné-Bissau.

O P5 é composto pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO, União Europeia, as Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, representada pelo embaixador de Angola.

Aliás, para o diplomata Ribeiro Telles, “desde há muito tempo que a CPLP não tinha uma presença ativa na situação da Guiné-Bissau. Mas hoje é reconhecido por todos, inclusive pelo próprio governo da Guiné-Bissau, que o papel da CPLP foi determinante, ou foi muito importante, para a estabilização da situação política” no país, na crise mais recente que atravessou.

Por isso, “estamos satisfeitos com o trabalho que realizámos até agora”, afirmou, acrescentando que a representação permanente em Bissau “é uma questão que só se virá a pôr quando a CPLP tiver condições financeiras para a fazer”.

Porque abrir uma representação “é sempre um envelope financeiro apreciável e que, neste momento, não estamos em condições de o realizar”, concluiu. Por agora, a CPLP vai estar na segunda volta das presidenciais guineenses com a mesma missão de observação eleitoral com que esteve na primeira volta.

Segundo Francisco Ribeiro Telles a missão de observação eleitoral da CPLP para a segunda volta das eleições na Guiné-Bissau, que se realizam a 29 de dezembro, vai ter o mesmo formato e a mesma liderança que a da primeira volta das eleições e estará no país a partir de hoje.

Assim, tal como na primeira volta das presidenciais, que correu a 24 de novembro último, a missão da CPLP será liderada pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano Oldemiro Balói e é composta pelos mesmos 23 elementos.

A CPLP tem como estados-membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

In lusa

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