Após 62 anos do massacre: UNTG LAMENTA QUE OS GUINEENSES CONTINUAM A SER EXPLORADOS E MALTRATADOS PELOS GOVERNANTES

O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG-CS), Júlio António Mendonça, lamentou que os cidadãos guineenses continuem a ser explorados e maltratados pelos governantes, 62 anos depois do massacre de Pindjiquiti. Acrescentou que “o povo guineense nunca pensou que seria novamente explorado, humilhado e maltratado pelos próprios filhos da mesma terra, como atualmente acontece”.

A data visa recordar os trabalhadores dos Portos de Pindjiguiti  massacrados pela polícia colonial portuguesa, quando protestavam para exigir aumento de salários e a melhoria de condições de trabalho, resultando na morte de 50 pessoas. 

A Central Sindical promoveu hoje, 3  de agosto de 2021, uma marcha pacífica alusiva à data, que teve como ponto de partida a sede da UNTG e passou pela Av. Amílcar Cabral e terminou na Praça dos Mártires de Pindjiguiti.

Durante o percurso, os trabalhadores gritavam sistematicamente: “salário mínimo 100 mil francos CFA; viva a revolução dos trabalhadores; marcha contra o aumento de taxas e impostos; abaixo a ditadura, retaliação e desconto ilegal…”  

Os líderes de diferentes organizações sindicais e o secretário-geral da UNTG depositaram coroas de flores no monumento dos mártires de Pindjiguiti e depois  seguiram para o cais de Pindjiguiti  para deitar flores em homenagem aos marinheiros que morreram no mar na tentativa de escapar das balas da polícia colonial. 

A comemoração de 3 de agosto, considerado dia de trabalhadores guineenses, dividiu a classe sindical guineense, a UNTG organizou a sua manifestação a parte e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Central Sindical (CGSI-CS) juntou-se ao governo e à administração dos Portos de Bissau para celebrar a data.

“Se não houver mudança radical na forma de gestão e repartição de recursos patrimoniais e financeiros do Estado, a nossa central sindical continuará a usar os meios de pressão disponíveis para atingir os objetivos preconizados nos estatutos”, alertou o sindicalista no seu discurso, esta manhã, perante centenas de trabalhadores que participaram na marcha.

Para o secretário-geral da UNTG, a atuação do governo comprova claramente que os valores e as conquistas da luta de libertação nacional foram beliscados pela classe política guineense. 

Júlio Mendonça disse que o dia dos trabalhadores deve servir como uma data de reflexão para todos os guineenses, principalmente para os governantes, porque “não basta criar expectativas ao povo, o importante é mudar o paradigma da governação” que, na opinião do sindicalista, “implica rigor na gestão da coisa pública, organização da administração pública, cumprimento escrupuloso do princípio da legalidade e combate severo à corrupção que compromete o processo do desenvolvimento e a criação do bem-estar do nosso povo”.

“Entre nós ainda encontram-se testemunhas deste trágico acontecimento, mas pergunto quais são os benefícios que estes patriotas obtiveram da parte do Estado da Guiné-Bissau? Será que estes patriotas beneficiaram de um direito que pudesse  refletir nos dias de hoje o seu sofrimento, tendo em conta a idade da reforma atingida! Na verdade são verdadeiros combatentes da liberdade da pátria e merecem respeito”.

Mendonça pediu aos cidadãos guineenses que cada um tire ilações e faça análise objetiva de o quanto já beneficiou em nome do Estado da Guiné-Bissau, bem como o quanto já contribuiu para o bem-estar do país.

A UNTG já entregou ao Ministério da Função Pública um novo pré-aviso de greve, que deverá iniciar na quarta-feira, 04 de agosto, e decorrer á até 15 do mês em curso.  

Por: Assana Sambú

Foto: Marcelo Na Ritche

Author: O DEMOCRATA

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