O presidente do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA), Yoio João Correia, denunciou que os profissionais de saúde que aderiram à greve no passado estão a sofrer retaliação pelo governo.
“Independentemente do incumprimento dos acordos, continua a verificar-se retaliações e exonerações dos profissionais de saúde que aderiram às greves no passado, quer na educação, quer na saúde e outras áreas”, denunciou.
“Mas o governo continua a pedir tréguas aos sindicatos. Essa atitude não irá ajudar a manter um clima de paz”, avisou.
Yoio Jão Correia fez essa denúncia na terça-feira, 22 de março de 2022, afirmando ser impossível sobreviver a esta situação, porque “a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, mas que tem governantes com maiores salários”.
“É impossível sobreviver a esta situação”, disse, adiantando que o salário mínimo no país é de 50 mil francos CFA e o subsídio de representação para Chefe de Estado é de 50 milhões de francos CFA.
“Para um funcionário que recebe 50 mil francos chegar a esse valor que o Presidente ganha em cada mês como subsídio deverá trabalhar 85 anos e quatro meses. É impossível. Será que estamos num país justo com essa desigualdade social enorme?”, questionou.
Yoio João Correia acusou o governo de Nuno Gomes Nabian de ter privilegiado técnicos estrangeiros em detrimento dos técnicos nacionais, recusando pagar salários aos novos ingressos do setor de saúde.
“É preciso estarmos atentos para melhor defendermos a legalidade, porque em qualquer “mandjuandade” onde não haja observância da lei e das regras acaba e os nossos governantes cada vez mais estão a levar-nos nessa direção. Violam a lei para melhor reinar, isto não pode continuar na Guiné-Bissau”, disse.
O presidente do SINETSA denunciou que as atuais autoridades tencionam expulsar da função pública técnicos de saúde admitidos por nomeação técnica com caráter permanente e contratos.
“Temos duas vias para a entrada na função pública, nomeação técnica com caráter permanente e contratos e estes técnicos foram admitidos por essa via. Pode ter havido erros na sua contratação, mas é uma decisão política, portanto deve ser corrigida e não tirar essas pessoas da função pública como tenciona fazer o governo”, denunciou.
Yoio João Correia revelou que os técnicos de saúde abdicaram da greve há cerca de três meses, mas nenhuma diligência séria foi tomada pelo executivo para cumprir os compromissos que assumiu com os trabalhadores desse setor.
O Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins continua a exigir a implementação da carreira dos profissionais de saúde, a grelha salarial especial para área de saúde e o pagamento de novos ingressos há 15 meses sem receber nenhum salário, efetivação dos técnicos que ingressaram em 2014/2015, entre outros pontos.
Por: AGuinaldo Ampa
Foto: A.A



















