O aumento dos preços de produtos alimentares está a criar a cada dia que passa constrangimentos aos guineenses, em particular à comunidade que celebra a festa do nascimento do “Menino Jesus”, qual a maioria sente dificuldades para comprar produtos alimentares para a tradicional “Ceia” de Natal, roupas e brinquedos para as crianças.
Uma equipa de reportagem do Jornal O Democrata fez uma passeata pelos diferentes supermercados e principais mercados da capital Bissau, com o intuito de inteirar-se das movimentações dos cidadãos e dos preços de produtos alimentares praticado no mercado.
Nos supermercados e principais mercados visitados, a equipa registou uma fraca afluência de clientes. O ambiente estava praticamente “morto” nesses locais e as pessoas entravam a conta gotas, aproveitando alguns produtos, sobretudo o Bacalhau, vendido a doze mil e quinhentos francos CFA por quilograma.
Um quilograma da batata doce, a cebola estão a ser comercializados a 750 francos CFA, um tabuleiro de ovos a 4375 francos CFA, o grão de bico a 2500 francos CFA por quilograma. A subida de preços no mercado também atingiu outros produtos, nomeadamente o azeite oliveira, o óleo alimentar, o feijão, a manteiga, etc, bem como os legumes que na sua maioria são importados do Senegal.
Interpelados pelo repórter de O Democrata, alguns cidadãos lamentaram a situação miserável em que muitas famílias guineenses se encontram, admitindo que tudo isso veio a agravar-se com a crise mundial provocada pela guerra na Ucrânia. Criticaram o imposto da democracia instituído pelo governo sem pensar na vida da população, contudo, dizem acreditar que melhores dias virão.
Em declarações ao semanário, os responsáveis dos centros comerciais “Darling” e “Santy Comercial” e dos dois mercados de Bissau (Bandim e Caracol) afirmaram que a afluência dos clientes é pior que nos anos anteriores. Concluíram que uma das causas tem a ver com a pandemia do novo coronavírus e a guerra na Ucrânia, que muito se refletiu nas economias de vários países.
Afirmaram que devido a essa situação e a outros condicionalismos estão obrigadas a vender alguns produtos sem margem de lucros, para evitar as futuras perdas e riscos incalculáveis associados à validade do seu consumo.
Apelaram ao Estado a desdobrar esforços e a aumentar os salários dos funcionários públicos para minimizar o sofrimento do povo, facilitando também a importação de bens essenciais, porque “o Estado como uma pessoa de bem deveria ter pautado para o bem-estar social dos cidadãos em vez de interesses alheios”.
“GOVERNO NÃO TEM OLHOS E OUVIDOS PARA VER E OUVIR O SOFRIMENTO DO POVO” – ACOBES
A Associação dos Consumidores de Bens e Serviços (ACOBES) responsabiliza o governo por tudo o que está a acontecer no país, por falta da vontade política e por ter instituído o famoso imposto da democracia, sem velar pela questão nacional, colocando os cidadãos numa situação precária e sem poder de acesso a bens de primeira necessidade.
Bambo Sanhá, secretário-geral da ACOBES criticou o governo e afirmou que a população está a viver numa situação particular em termos de acesso a bens essenciais.
Devido à subida galopante e sucessiva dos preços dos alimentos nos mercados e os responsáveis máximos do país estão passivos, e impotentes face à situação.
“Nos países vizinhos, os governos subvencionaram os produtos de primeira necessidade para permitir que os cidadãos tenham acesso a bens essenciais”, afirmou.

“Os servidores públicos ganham mal e o salário mínimo é cinquenta mil francos CFA. Ou seja, tudo isso é condicionar as pessoas à morte lenta, porque muitos cidadãos estão a passar a noite sem ter algo para comer, nem sequer o governo tem olhos para ver e ouvidos para escutar o grito do povo”, criticou.
ACOBES acusa o Estado guineense de ser o único no mundo a ter aumentado impostos em plena pandemia da Covid-19.
“Onde está o dinheiro coletado através do imposto áudio visual que está a criar polémica nos órgãos de comunicação social públicos”, questionou Sanhá, para quem a Assembleia Nacional Popular deveria ter extinguido os impostos introduzidos pelo governo, porque “a finalidade da sua criação já não está a ser verificada”.
Alertou que se medidas não forem tomadas a tempo todos os cidadãos correm riscos de viverem uma penúria sem precedente em 2023 e convidou o governo a ter coragem de aumentar os salários dos servidores públicos.
Para a ACOBES não passa de uma farsa o pronunciamento do executivo sobre a importação de bens essenciais para abastecer o mercado nacional.
A nossa equipa contactou a direção-geral do Comércio para falar sobre o aumento de preço dos produtos alimentares criticada pela ACOBES, sobretudo no concerne à falta de regulamentação do mercado, mas prometeu pronunciar-se sobre o assunto mais tarde através de uma posição oficial.
Por: Francisco Gomes
Foto: Marcelo Na Ritche



















