
Introdução
O Governo chinês instituiu o conceito de “Uma Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade” com intuito de promover grandes iniciativas políticas, económicas, sociais e culturais, de aproximação, de respeito ao próximo, onde se aprenda a aceitar e respeitar a opinião das outras pessoas. Construir um mundo solidário e fraterno de pessoas humanizadas que realizam boas obras em prol de outras pessoas em forma de bens, de conforto, de ajuda humanitária e espiritual, entre outras, passando de uma política orientada e focada em toda a humanidade.
O conceito de »Uma Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade» ou Comunidade de Destino Comum, é um conceito relacionado ao de multilateralismo, que defende uma configuração das relações políticas entre os países que seja mais aberta e igualitária, em discordância a um sistema, por exemplo, como o unipolar ou de bipolar. Segundo o Secretário-geral da ONU, Eng. António Guterres: “O nosso propósito ao praticar o multilateralismo é construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade”.
Também, em novembro de 2012, quando Xi Jinping assumiu o cargo do Secretário-Geral do Partido Comunista da China (PCCh), promoveu um encontro com estrangeiros pela primeira vez e, no qual ele disse que, a comunidade internacional se tornava cada vez mais uma comunidade de futuro compartilhado, com cada um participando de sua forma. Em face da complicada situação da economia mundial e dos problemas globais, nenhum país poderia ficar isolado e preocupado somente consigo. O presidente Xi propôs o conceito pela primeira vez em uma arena internacional no Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscovo em março de 2013 e o levantou de novo num discurso feito no Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro de 2017, o que “lhe valeu elevados créditos na China e no mundo”. Assim, os líderes e diplomatas chineses têm promovido esta estratégia e convencendo a comunidade internacional de que a China mantém a sua política de desenvolvimento pacífico e não tem intenção de alterar a ordem internacional.
Abrindo novas perspetivas para intercâmbios internacionais
A China fez uma proposta de cinco pontos para a construção de uma comunidade global de futuro compartilhado nas áreas basilares para parcerias, por exemplo, ambiente de segurança, desenvolvimento, intercâmbios culturais entre civilizações e ecossistema. Isso abriu novas perspetivas para intercâmbios internacionais.
A China ainda propõe construir um mundo aberto, inclusivo, limpo e bem-posto que desfrute de paz duradoura, segurança comum e prosperidade comum. A China “propôs de cinco pontos” aos “cinco objetivos”, o conceito de uma comunidade global de futuro compartilhado conseguiu uma perspetiva histórica mais ampla e um significado mais profundo, e estabeleceu um objetivo mais claro e traçou um projeto mais claro para o futuro da humanidade.
A construção de uma comunidade global de futuro compartilhado é a estratégia proposta pela China para reformar e melhorar o sistema de governação internacional. Isto não significa que o sistema internacional deve ser desmantelado ou recomeçado. Pelo contrário, significa promover uma maior democracia nas relações internacionais e tornar a governação global mais justa e equitativa. Esta importante visão reflete a mais ampla aspiração comum dos povos de todos os países na busca da paz, do desenvolvimento e da estabilidade, e o mais amplo consenso entre países com diferentes antecedentes culturais e em diferentes fases de desenvolvimento. Transcende mentalidades ultrapassadas, como o jogo de soma zero, a política de poder e os confrontos da Guerra Fria. Tornou-se o objetivo geral da diplomacia e pontos principais da política externa da China na nova era e uma grande bandeira que lidera a tendência dos tempos e a direção do progresso humano.
A Cultura Chinesa e ao Mundo
A palavra »harmonia» é muito sublime para os chineses, o conceito é centrado da cultura chinesa, que valoriza a primazia da harmonia e da harmonia dentro da diversidade, persegue o ideal de harmonia e solidariedade para o progresso comum e abraça a diversidade cultural e a harmonia global.
A nação chinesa acredita que todas as nações juntas formam uma comunidade, defende a fraternidade entre todos os povos e a paz para todos os países, encalça o princípio das relações inter-estados para que, os fortes não intimidam os fracos e os ricos não insultam os pobres, e urge um mundo de equidade e justiça para o bem comum.
A nação chinesa defende a cada instante a benevolência universal, sustentando que os virtuosos nunca são deixados sozinhos, endossando a boa vizinhança com boa fé e boa vontade, e perseguindo a amizade e os interesses, colocando a amizade em primeiro lugar.
A nação chinesa observa a regra de que “para se estabelecer, é preciso primeiro ajudar os outros a estabelecerem-se; para ter sucesso é preciso primeiro ajudar os outros a ter sucesso”, acreditando que ajudar os outros é ajudar a si mesmo. Também defende o princípio de que “não faça aos outros o que não quer que seja feito a si mesmo” e nunca impõe a sua vontade a outras nações.
A nação chinesa age com base na crença de que os humanos fazem parte da natureza e segue o velho ditado: “Pescar com linha, mas não com rede; ao caçar aves, não mire em um pássaro empoleirado.” Reverencia as leis do universo, ama a natureza e busca a harmonia entre a humanidade e a natureza.
Visão global do Partido Comunista da China
Defender sempre uma visão global faz parte da valiosa experiência acumulada pelo Partido Comunista da China (PCCh) ao longo da sua história centenária. Ao longo dos últimos cem anos e mais, o PCCh sempre procurou a felicidade para o povo chinês e o rejuvenescimento para a nação chinesa, ao mesmo tempo que procurava o progresso para toda a humanidade e o bem comum do mundo. Conseguiu conduzir o povo chinês para um caminho distintamente para a modernização e desenvolver uma nova forma de avanço humano. Estes sucessos estabeleceram uma base sólida para a construção de uma comunidade global de futuro compartilhado, traçando o rumo e abrindo amplas perspetivas para este grande empreendimento.
O PCCh está empenhado em procurar o progresso para a China, beneficiando ao mesmo tempo o mundo em geral, trazendo uma boa vida ao povo chinês e também ajudando outros povos a prosperar e contribuindo mais para a humanidade. O relatório apresentado ao 20º Congresso Nacional do PCCh em 2022 traçou um grande plano para rejuvenescer a nação chinesa em todas as frentes, sendo pioneiro num caminho exclusivamente chinês para a modernização, e destacou que o esforço para construir uma comunidade global de futuro compartilhado é um dos requisitos intrínsecos da modernização chinesa, afirmando o vínculo estreito entre o futuro da China e o futuro de toda a humanidade.
O PCCh lidera o povo chinês na abertura e expansão do caminho da China para a modernização com base tanto nas condições distintas da China como nas abordagens comuns de outros países. A modernização chinesa é a modernização da prosperidade comum para uma enorme população, o avanço material e ético-cultural coordenado, a harmonia entre a humanidade e a natureza e o desenvolvimento pacífico. Todas estas características proporcionaram uma experiência útil para outros países em desenvolvimento e uma opção mais robusta e sustentável para construir conjuntamente uma comunidade global de futuro compartilhado.
Promover as belas tradições diplomáticas da Nova China
A China fez progressos meritórios nos últimos VII décadas, estabeleceu excelentes tradições e forjou um carácter tenaz e forças únicas no desenvolvimento das relações externas. A iniciativa de construir uma comunidade global de futuro compartilhado baseia-se nas filosofias diplomáticas, no pensamento estratégico e nas tradições chinesas e abre novos horizontes para a diplomacia de grandes países com características chinesas.
Após a fundação da nova China ou da República Popular da China em 1949, a China comprometeu-se com uma política externa independente de paz e apresentou os Cinco (5) Princípios de Coexistência Pacífica, a teoria dos Três Mundos e outros princípios, políticas e ideias. Isto permitiu à China encontrar o seu lugar, ganhar respeito e expandir o seu alcance na comunidade internacional. Na nova era, defendendo a paz, o desenvolvimento e a cooperação vantajosa para todos, a China avançou a sua diplomacia principal em todas as frentes e formou uma estratégia diplomática multifacetada, multinível e multidimensional. A China iniciou uma série de iniciativas visionárias, incluindo:
Uma comunidade global de futuro compartilhado, um novo tipo de relações internacionais, os valores comuns da humanidade;
A Iniciativa da Uma Faixa e Uma Rota;
A Iniciativa de Desenvolvimento Global;
A Iniciativa de Segurança Global e,
A Iniciativa da Civilização Global,
A China promoveu um conjunto de abordagens à governação global, à amizade e aos interesses, à segurança, ao desenvolvimento, à cooperação e ao eco-ambiente. Todos estes carregam características, estilo e ethos distintamente chineses.
Caminho de desenvolvimento pacífico para possuir uma Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade
A história diz-nos que »para um país se desenvolver e prosperar, deve compreender e seguir a tendência do desenvolvimento global; caso contrário, será abandonado pela história». A tendência agora é a busca pela paz, pelo desenvolvimento, pela cooperação e por resultados vantajosos para todos. O velho caminho do colonialismo e do hegemonismo conduz a um beco sem saída e aqueles que o seguirem pagarão um preço elevado, ao passo que o caminho do desenvolvimento pacífico é o caminho certo para o mundo seguir.
A busca pela paz, amizade e harmonia está profundamente enraizada no domínio cultural da nação chinesa e corre no sangue do povo chinês. Durante muito tempo no passado, a China foi um dos países mais poderosos do mundo, mas não tem qualquer registo de colonização ou agressão contra outros países. A adesão da China ao caminho do desenvolvimento pacífico é uma extensão da tradição cultural milenar da nação chinesa amante da paz.
A China adere sempre a uma política externa independente de paz e sempre enfatizou que o objetivo da política externa da China é manter a paz mundial e promover o desenvolvimento comum. A China opõe-se a todas as formas de hegemonismo e de política de poder e não interfere nos assuntos internos de outros países. Nunca procurará a hegemonia nem se envolverá em expansão. Estes princípios estão expressos nas políticas da China, incorporados nos seus designs sistémicos e sempre respeitados nas suas práticas.
O mundo precisa de paz, tal como um ser humano precisa de ar e os seres vivos precisam de luz solar. O caminho do desenvolvimento pacífico é benéfico para a China e para o mundo, e não conseguimos pensar em qualquer razão para não continuarmos neste caminho. A China segue o caminho do desenvolvimento pacífico e espera que outros países sigam este caminho também. Só trabalhando em conjunto para alcançar a paz, salvaguardar a paz e partilhar a paz é que os países poderão alcançar os seus objetivos de desenvolvimento e dar maiores contributos para o mundo. Só quando todos seguirem o caminho do desenvolvimento pacífico os países poderão coexistir pacificamente e poderá haver esperança para a construção de uma comunidade global de futuro compartilhado.
A China e a Africa devem aproveitar ativamente suas vantagens de intercâmbio e cooperação em todos os níveis para contribuir com sabedoria e força para o desenvolvimento das relações bilaterais e a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, para que os fortes não menosprezam os fracos e os ricos não humilham os pobres.
A Guiné-Bissau e a China estão ligados por profundos vínculos humanos, históricos e culturais, para isso, ainda no âmbito do fortalecimento das nossas relações bilaterais e multilaterais, devemos criar os mecanismos de maior coordenação através da comunicação eficaz e eficiente e harmonização da nossa cooperação e intercâmbios militar à cooperação policial, também nos domínios da saúde, educação, pesca, agricultura, infraestruturas, industrialização e pequenas transformações locais, enfatizando a formação de quadros e talentos. Preservar a nossa amizade fraternal e solidariedade entre dois povos. Para esse propósito, temos que continuar a cooperar com a China não só no quadro bilateral, mas também no quadro das ONU, UA, CEDEAO, Cooperação Sul-sul, FOCAC, Fórum Macau, BRICS, G77+China.
Conclusão
O conceito de »Construção de uma Comunidade com um Futuro Compartilhado para a Humanidade», é um conceito cêntrico do Sapiência do presidente Xi Jinping sobre a Diplomacia e contribuiu com a sabedoria oriental para abordar os desafios globais. É uma linguagem concentrada da busca do valor comum de toda a humanidade e tem proporcionado benefícios tangíveis para as pessoas de todos os países. Este intelecto conceito tem sido incessantemente enriquecido e desenvolvido e foi insculpido nas resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas em seis (6) anos consecutivos, além de estar incorporado nas resoluções e/ou declarações dos mecanismos multilaterais como o BRICS e a Organização de Cooperação de Shanghai. O governo chinês lançou ao público o »Livro Branco» intitulado “Construir em Conjunto a Comunidade com Futuro Compartilhado para a Humanidade: Iniciativas e Ações da China”, no qual expõe de forma abrangente o conceito ideológico e os resultados práticos na implementação deste sentido.
Este intelecto conceito retrata uma visão profunda sobre o desenvolvimento e a progressão da conjuntura mundial. E, destaca como o futuro e destino de todos os países, nações e pessoas que estão intimamente ligados. É preciso promover a ereção de um mundo de paz duradoura, da empatia, segurança global, solidariedade social, prosperidade comum, abertura através da inclusão, alimpa e boniteza, permitindo que todos os países se tornem tanto participantes quanto contribuintes e usufruidor da paz e desenvolvimento mundial.
Por: Ph.D. Iaia Maria Turé,
Investigador e Consultor