O desaparecimento físico de Amilcar Cabral a 20 de janeiro de 1973, em Conakri, foi a primeira morte. A segunda morte do homem foi o “consenso” instaurado para assassinar o seu pensamento. Sem dúvida, essa foi a verdadeira morte do pai das independências da Guiné e Cabo Verde.
Reconhecer e agir. Eis as cinco razões para desenterrar o pensamento de Cabral:
(1)- O primeiro passo no caminho de desenterrar o pensamento de Amilcar começa com o reconhecimento de que esse foi, está enterrado e precisa de se desenterrar. Reconhecer sobretudo que o estado de descalabro em que se encontra a Guiné-Bissau é indissociável da ocultação premeditada da visão de Cabral. A ignorância da geração pós-independência sobre a vida e obra do protagonista principal da revolução, foi promovida e institucionalizada.
(2)- O pensamento de Cabral deve ser organizado, compilado em manuais e incorporado no currículo escolar reformatado. Da pré escolar à universidade, o pensamento de Cabral precisa ser ensinado, a sua obra divulgada.
(3)- Desenterrar o pensamento é um ato de patriotismo para criar condições de evitar fraudes, branqueamentos e roubo da própria história da Guiné-Bissau como tem sido nos últimos anos. Ensinar a verdade da história é a garantia maior em assegurar que o povo esteja apedrejado para defender as suas conquistas. Ensinar a história sem medo, sem deturpação. É preciso que essa história seja escrita por nós.
(4)-Desenterrar pensamento de Cabral é retribuir à escola a sua real vocação de educar e formar os cidadãos de hoje e amanhã. É preciso valorizar os conhecimentos e investir na sua produção a todos os níveis. É preciso apostar sobretudo na pesquisa.
(5)- Desenterrar o pensamento é desenterrar o próprio Cabral e colocâ-lo no panteão a céu aberto onde o povo teria acesso sem ter que quebrar um muro. Trazer Cabral de volta para sociedade onde será tocado, “beijado” na cara e onde será questionado e terá o privilégio de responder às interrogaçōes dos jovens, das crianças de África!
Bissau, 7 de setembro de 2024
Por: Armando Lona



















