O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que a reabilitação da estrada que liga Safim a Mpack é uma articulação crucial para reforçar a integração regional e intensificar as trocas comerciais, além de facilitar o intercâmbio de pessoas e aproximar ainda mais os povos guineense e senegalês. Acrescentou que se trata de um importante eixo rodoviário que, historicamente, liga a região norte da Guiné-Bissau à região sul do Senegal.
O Chefe de Estado guineense fez estas afirmações no seu discurso durante o lançamento da primeira pedra da reabilitação da estrada Safim, na região de Biombo, norte da Guiné-Bissau, até Mpack, na região de Casamance, no sul do Senegal. O projeto prevê a reabilitação e alargamento de 115 quilómetros (Km) da estrada (Safim – Mpack), com um custo orçado em mais de 200 milhões de euros, dos quais cerca de 143 milhões de euros serão investidos pela União Europeia, sendo 105 milhões canalizados através do Banco Europeu de Investimento, combinados com uma subvenção do Banco Mundial de 70 milhões de dólares.
PR EMBALÓ: “ESTAS OBRAS REPRESENTAM O FRUTO DE UMA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE SUCESSO”

O projeto está dividido em dois lotes. O primeiro lote, com uma extensão de 45,95 Km, é financiado pelo Banco Mundial e integra as localidades de Safim, Bula, São Vicente e Antotinha. As obras compreendem a construção das estradas e a reabilitação de duas grandes pontes: a Ponte João Landim (Ponte Amílcar Cabral) e a Ponte São Vicente (Ponte União Africana e União Europeia). Serão construídas duas portagens, em João Landim e São Vicente, assim como a iluminação pública.
De acordo com as informações obtidas junto do Ministério das Obras Públicas, o prazo para as obras do lote 1 é de 26 meses, incluindo o período chuvoso. O lote 2, segundo as mesmas informações, tem uma extensão de 65,5 Km e é financiado pelo Banco Europeu de Investimento e pela União Europeia.
As obras de construção da estrada do lote dois iniciam-se nas povoações de Antoninha e terminam em Mpack, no sul do Senegal. O projeto inclui a construção de cinco pequenas pontes entre Ingoré e São Domingos, iluminação pública, sinalização e vedação de recintos escolares e de mercados. As obras do lote 2 contemplam também a reabilitação de 160 km de pistas rurais para facilitar o acesso às zonas agrícolas, bem como a construção de uma estação de pesagem na localidade de Jegue (fronteira) e de parques para camiões pesados em Jegue e Bula.
Embaló assegurou que este projeto representa o fruto de uma diplomacia económica de sucesso, acrescentado que “esta obra de infraestrutura é uma conjugação de parcerias relevantes, um bom exemplo de construção de parcerias de confiança na Guiné-Bissau”.
“Na verdade, o Banco Mundial, a União Europeia e o Banco Europeu de Investimento juntaram-se, com a Guiné-Bissau, num compromisso efetivo para o desenvolvimento. Banco Mundial, União Europeia e o Banco Europeu de Investimento: muito obrigado pela vossa confiança. Muito obrigado pelo vosso apoio”, disse.
O chefe de Estado disse esperar da Empresa AREZKI, vencedora do concurso para esta empreitada, que faça uma boa conclusão desta obra, respeitando os prazos estabelecidos e com menores custos em termos do seu impacto ambiental e social.
“Estamos perante um sinal de novos tempos que a Guiné-Bissau está a atravessar. Depois de décadas de completa falência diplomática da Guiné-Bissau, vivemos hoje um tempo de clara afirmação externa do Estado guineense. Internamente, estamos a concretizar promessas, neste tempo marcado por obras públicas relevantes”, notou.

Umaro Sissoco Embaló afirmou que a Guiné-Bissau parece ser um grande estaleiro, com obras em curso de execução em várias geografias, em Bissau, em Gabú, em Bafatá, em Biombo, agora na extensa região norte do país, “enfim, trata-se de um dinamismo que tem de continuar”.
“O desenvolvimento não espera. A Guiné-Bissau não pode esperar”, insistiu.
Por seu turno, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, José Carlos Esteves, explicou na sua comunicação que o governo guineense garantiu a realização de um estudo de impacto ambiental e social, de acordo com os padrões internacionais e com a legislação nacional em vigor.
“Entre as medidas de mitigação ambiental previstas,destacam-se a elaboração de três planos de ação de reinstalação tendo em vista a compensação das pessoas que serão afetadas no quadro do projeto. A proteção das zonas húmidas e de zonas sensíveis que serão atingidas pelo alinhamento do traçado da nova estrada reabilitada, a instalação de canais de drenagem como controlo e seguimento, bem como a ação de reflorestação compensatório”, contou.
O governante afirma que o projeto tem apoio técnico de parceiros internacionais, sublinhando que se insere num quadro mais amplo de cooperação sub-regional com os países irmãos com quem a Guiné-Bissau partilha uma visão de paz, desenvolvimento e integração.
“A estrada de Safim – Mpack é uma conquista coletiva e ela não vai envolver só este troço, porque ainda com o Banco Mundial contamos a atingir a cidade de São Domingos e Varela. Ela é o resultado do diálogo entre o governo, comunidades, técnicos e parceiros e com o espírito de unidade e respeito pela transparência”, reforçou.
Para a diretora executiva para África do Serviço Europeu para a Ação Externa, Rita Laranjinha, o projeto integra-se na nova estratégia de investimento da União Europeia e dos seus Estados-Membros para os países parceiros: o Global Gateway, que visa promover ligações inteligentes e reforçar a conectividade dos países, a nível digital, da energia e dos transportes e reforçar os sistemas de saúde, de educação e de investigação em todo o mundo.
Assegurou que este projeto é um perfeito exemplo de parceria entre vários financiadores e o Governo da Guiné-Bissau, de forma a conseguir levar a cabo um projeto de grandes dimensões e complexidade. Acrescentou, neste particular que o projeto inscreve-se na lógica de integração regional pilotada pela União Africana, fazendo parte do corredor regional de transporte Praia-Dakar-Abidjan.
“Na mesma lógica, do outro lado da fronteira senegalesa, a União Europeia contribui também para o financiamento da estrada M’Pack – Ziguinchor – Senoba (fronteira com a Gâmbia) e, no sul da Guiné-Bissau, na construção da estrada Boké – Quebo, destinada a reforçar a ligação com a Guiné-Conakry. Esta dimensão regional é de particular importância neste ano de 2025, no qual comemoramos um quarto de século de parceria entre a União Europeia e a União Africana”, contou.
Em representação do Banco Mundial, Philippe Neves explicou na sua comunicação que o projeto visa reabilitar 45 km de estrada entre Safim e Antotinha, com o objetivo central de garantir uma rede de transportes mais eficiente, segura e resiliente às alterações climáticas nas zonas estratégicas do norte do país.
“Os benefícios deste projeto serão vastos: a modernização das infraestruturas irá reduzir os custos de transporte, melhorar a segurança rodoviária, dinamizar o comércio local e regional, facilitar a mobilidade das populações e consequentemente, atrair o investimento privado e fomentar a criação de empregos”, contou, para de seguida, frisar que as próprias obras contribuirão diretamente para o crescimento económico e para a redução da pobreza, ao gerar oportunidades de emprego para a população local.
Por: Assana Sambú



















