Figura da semana: JOACINE MOREIRA APRESENTA O LIVRO “MATCHUNDADI: GÉNERO, PERFORMANCE E VIOLÊNCIA POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU”

A historiadora e política, Joacine Katar Moreira, apresentou em Bissau o seu livro intitulado “Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau” de 216 páginas e retrata a dominação dos conceitos tradicionais de masculinidade na vida política e social da Guiné-Bissau.

Segundo a autora, “a cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer de matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa, mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.”

Sobre o lançamento do livro em Bissau, escreveu na sua página social que decidiu apresentar o livro na UCB – Universidade Colinas de Boé, como uma forma de homenagear o seu falecido orientador Fafali Koudawo, antigo reitor da UCB que também foi grande impulsionador das suas visões acadêmicas. “Fafali faleceria sem ver a tese e o livro que se seguiram. Era um construtor nato! Admirava e aprendia, de forma humilde e comprometida, com as gerações mais novas. Esta é uma grande qualidade e talvez aquela que eu mais admirava e espero ter a capacidade de a ir reproduzindo”, escreveu nas suas redes sociais.

BIOGRAFIA

Joacine Elysees Katar Tavares Moreira nasceu em 27 de julho de 1982, em Bissau. Mudou-se para Portugal aos 8 anos onde fez os seus estudos. É licenciada em História Moderna e Contemporânea, mestre em Estudos do Desenvolvimento e doutorada em Estudos Africanos pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. As suas áreas de estudo e de intervenção são os Estudos do Desenvolvimento, Estudos de Género, violência, política e movimentos sociais.

E é feminista negra interseccional e ativista anti-racista, mentora e fundadora do INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal, criado em 2018 para lutar contra a invisibilização e o silenciamento da mulher negra na sociedade portuguesa, tem participado ativamente no debate público sobre o Colonialismo e a Escravatura em Portugal.

Foi membro do Grupo de Contacto do LIVRE e cabeça-de-lista por este partido no círculo de Lisboa nas eleições legislativas portuguesas de 2019, tendo sido eleita deputada. Foi a primeira deputada eleita pelo LIVRE na história do partido e uma das três mulheres negras eleitas para a Assembleia da República em 2019, juntamente com Romualda Fernandes (pelo Partido Socialista) e Beatriz Dias (pelo Bloco de Esquerda), na XIV Legislatura daquela câmara. 

Estreou-se como atriz no filme Mudança (2020), realizado pelo cineasta guineense Welket Bungué.

Por: Epifânia Mendonça

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