VALETAS DE SINTRA TRANSFORMADAS NO VAZADOURO DE LIXO E DE IMUNDÍCIE

O Jornal “O Democrata” visitou este fim-de-semana as valetas da cidade de Bissau, que foram transformadas em vazadouros de lixo pelos moradores, alegando falta de espaço e de tanques para a colocação dos lixos domésticos.

No decurso desta visita o reporter de “O Democrata” constatou a vergonhosa e repugnante situaçäo das valetas neste momento cheias de lixo intoxicado, de produtos químicos húmidos, tudo por causa da nova mania de construir as fossas rotas das casas de banho junto às valetas.

A quantidade de lixo nas valetas não permite a passagem das águas das casas de banhos, acabando por estas ficarem estagnadas e tornarem-se em maternidades para os mosquitos o que tem como consequência doenças e mais doenças não apenas para os humanos, mas também para outros animais domésticos como porcos e cães que nelas entram a procura de alimentos para o seu sustento.

Na verdade, o que encontramos no terreno é muito perigoso para as casas próximas das valetas. Elas podem ser inundadas devido ao entupimento das valetas, tudo devido à incúria dos citadinos de cidade de Bissau.

O nosso repórter constatou que os moradores não têm um espaço onde possam amontoar o seu lixo para depois ser recolhido pelos serviços da camarario. Na falta de um espaço, optam por deitá-lo dentro das valetas.

O cheiro nauseabundo que sai destas valetas é muito perigoso para saúde humana, principalmente para as crianças que brincam naqueles “parques” improvisados ou à procura de moedas de 25 e 100 francos que por vezes são juntadas aos lixos.

No decorrer da visita, o repórter encontrou também, nos diferentes bairros, algumas valetas que foram limpas pelos moradores, associações e grupos de jovens, mas cujo lixo ficou amontoado nas estradas a espera das equipas de saneamento da CMB. Por vezes o lixo fica neste espaço durante muito tempo, devido à indisponibilidade dos agentes da CMB ou dos meios camarários para fazer a recolha, ou porque a estrada é exígua e os meios de recolha camarários não conseguem passar.

A nossa reportagem visitou uma valeta em Sintra/ Néma, que faz ligação do bairro de Reno à Sintra, perto do salão Cine Rock e da granja de Pessubé, que foi transformada num vazadouro de lixo e de produtos fora de prazo, por parte dos moradores que alegam não haver espaço para deitar os seus lixos.

O repórter do Jornal “O Democrata” abordou o Secretário da Associação de Jovens de Sintra/Néma (AJSN), Carlos Pereira, que disse desde abertura da valeta, a mesma constituí uma preocupação enorme para os moradores, tendo em conta a sua proximidade das casas e à falta de vedação, o que poderia ajudar em termos de segurança.

Carlos Pereira explicou ainda que nos anos anteriores à criação da Associação Jovens de Sintra /Néma, os moradores agrupavam-se no inicio da chuva para limpar a valeta. A partir da criação desta organização, esta assumiu os trabalhos.

Aquele responsável juvenil acrescentou que o ano 2013, no período da doença da cólera que ceifou muitas vidas às pessoas,  foi o ano em que AJSN conseguiu que um projecto seu recebesse um financiamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF, e fez um grande trabalho de limpeza das valetas.

Carlos Pereira contou que o projecto incluia uma cláusula em que a CMB e a UNICEF se comprometeram em fazer passar semanalmente uma viatura da CMB para remover o lixo, evitando assim que os moradores amontoassem e vazassem o lixo para dentro das valetas. Mas esta entidade não cumpriu a sua obrigação de fazer valer o acordo rubricado.

Aquele responsável juvenil assegurou ainda que um dos moradores do bairro de nome Paulo foi quem substituiu os agentes de saneamento de CMB, disponibilizava a sua viatura para remover o lixo, mas depois da sua mudança do bairro ficaram sem apoio para realizar o trabalho.

“O último trabalho de limpeza que realizamos até data presente foi em 2014, mas sempre recebemos solicitações dos moradores para ajudarmos a limpar a valeta, mas ficamos sem poder responder a esta exigência, porque não temos como fazê-lo” notou.

O Secretário da Associação Jovens de Sintra/Néma (AJSN) advertiu que os prejuízos que os moradores estão a sofrer, no que diz respeito ao paludismo e às outras doenças transmissíveis, são do conhecimento da edilidade, porque a sua organização já enviou várias cartas a informar sobre o assunto. Até já se sentaram a mesma mesa para discutir a forma como o lixo seria retirado, em colaboração com os moradores do bairro. Carlos Pereira exortou a equipa de saneamento da CMB que ajude a Associação só com a viatura para a retirada do lixo.

Os moradores lançaram um apelo à CMB para que lhes ajude a criar uma lei que proiba o vazamento de lixo nas valetas, para melhor ajudarem na protecção das suas vidas.

“As pessoas que fazem este trabalho não são moradores. Esses indivíduos trazem o lixo por volta das 00 horas, quando os moradores estão a dormir, mas também durante o dia. Quando são abordadas, respondem que a valeta é do governo por isso é o local apropriado para vazar lixo”.

Um velho residente do bairro há mais de quarenta anos disse à nossa reportagem que durante todo tempo que viveu no bairro nunca viu agentes da CMB a fazer limpeza daquela valeta intoxicante e prejudicial para saúde humana.

O nosso repórter testemunhou um acidente no local. Uma criança estava a atravessar a valeta numa ponte de madeira improvisada para facilitar os moradores da outra “margem” e acabou por cair e fracturou a mão esquerda. O seu corpo ficou todo sujo daquela água imunda que ninguem sabia há quanto tempo que estava parada naquela local.

Terminamos a nossa reportagem com a seguinte questão: Até quando é que as nossas autoridades ou a quem de direito vão assumir o combate ao problema do lixo na Guiné-Bissau e com destaque na cidade de Bissau­­?

 

Por: Aguinaldo Ampa

 

 

 

 

 

 

2 thoughts on “VALETAS DE SINTRA TRANSFORMADAS NO VAZADOURO DE LIXO E DE IMUNDÍCIE

  1. Realmente essa questao de lixo é preocupante, pois a nivel de toda a cidade de Bissau pode-se constatar que ao visitarmos os bairros periféricos em nenhum encontraremos tanques para o deposito de lixo e isso tem causado problemas graves de saúde para os citadinos de Bissau.
    Quando nos diirgimos aos hospitais, encontramos varias pessoas doentes devido ao paludismo, e se paramos para reflectir um pouco chegaremos a conclusão de que essas doenças se prendem em grande parte com a situação de desorganização e einxistencia de um plano estratégico para a organização, escoamento/evaquação de lixos que os citadinos produzem.
    Para tal a meu ver CMB em parceria com as Associações de base deviam pensar em construir urgentemente e distribuir em cada bairro de Bissau, assim como no interior do país, alguns tanques de lixo os quais serão programada um plano para a sua retirada em cada três ou cinco dias e a sua devolução ao local depois de evaquada, só desta forma poderemos reduzir os riscos de contaminação e a té de mortres devido às doenças como o paludismo e a diareia.
    Igualmente quero chamar a atenção sobre o periodo em que já nos encontramos e como todos os Guineenses sabem é um periodo em que a colera sempre nos tem visitado, para tal devemos trabalhar de mãos dadas para evitar que essa epidemia volte a atacar o nosso país, sem esquecer do outro que é mais grave, “a ebola” (se recordarmos que todos teem como vias de transmissao a falta de higiene).

  2. Gostaria de aproveitar este espaço do Jornal “O Democrata” .
    para anunciar uma situaçao a que assisti ao vivo no bairro de lala quema, numa das noites, eram praticamente alguns minitos para 00 horas, assisti a uma cena onde um grupo de três ou quatro jovens, e estes estavam a arrebentar a valeta construído na avenida que liga Antula a QG (pela Empresa AREZKI), para meterem o conteudo de uma fossa septica que estava cheia, fiquei hororizado com a situaçao e como nao podia interferir para não receber porada.
    Para tal, gostaria de apelar aqui as nossas forças de seguranças, assim como a CMB que façam o favor de deixar os seus numeros disponiveis nas rádios e orgãos de comunicaçao social, para que a população possa denunciar casos desses que enquanto cidadão devemos trabalhar todos juntos no sentido de poder resolver este mal que a todos nós prejudica.

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