Opinião: NA GUINÉ BISSAU PODE-SE CONSTRUIR UM ESTADO

Sempre que no decurso de um processo com questões de quase impossível resposta, é fundamental agir em função do pensamento cartesiano (duvidar e perguntar). A nossa sociedade e suas promessas do tão bem esperado e recebido século XX, conheceu tão diversificado e dispares processos que hoje a realidade não faz nada a não ser nos afrontar com questões.

Questões do tipo, por que motivo a ONU não consegue pôr fim à guerra na Síria, se ela é a organização mais poderosa do mundo? Por que motivo um candidato e suas claras ideias como Trump consegue chegar à presidência dos Estados Unidos após os seus ferozes discursos contra os negros, gays, mulheres e africanos? Por que motivo uma nação como a França, apoiou os rebeldes na Síria e “assassinaram” Kadaffi daquela forma?

Por que motivo no Brasil se derrubou uma presidenta sem que se lhe conhecesse culpa devida? Por que motivo milhões e milhões de crianças dormem nas ruas dos países no mundo, nomeadamente Estados Unidos? Por que motivo ainda os negros têm que brigar pelos seus direitos?

Por que motivo que, de cada cinco pessoas que sofrem violência no mundo três teriam que ser mulher [vide o texto de Mia Couto no Google sobre medo]? Por que motivo as indústrias como a de armamento nunca vão à falência mesmo durante crise de 2008? Por que motivo ou, até quando teremos que lidar com a realidade do Allepo e silêncio da ONU? Por que motivo tudo está como está?

O ilustre leitor de O Democrata poderá perceber que este texto poderia ser apenas de perguntas sobre o nosso tempo e a nossa realidade objetiva. Mas as pequenas questões são para incomodar um pouco as nossas mentes e para podermos perceber que estamos cômodos ao demasiado(?).

Voltando ao título, não é que eu tenha fugido do prelúdio de texto. Podemos também perguntar agora, será a Guiné-Bissau um Estado ou, foi um projeto de Estado que se transformou numa selva da politicagem e aquilo que eu chamo de “Estado natural moderno”? Peço desculpa ao caro leitor por estar-lhe a recordar aquilo que já sabia, como por exemplo, a Guiné ser um país que nunca teve uma legislatura concluída, sem saneamento básico, sem sistema hospitalar a altura. Com a educação praticamente inexistente e taxa de analfabetismo ao teto. Onde o poder ainda pertence aos “donos da independência”, onde a classe juvenil é obstinada à marginalidade, pois o Estado nem consegue financiar o Orçamento Geral de Estado e não tem como pensar Desenvolvimento.

Podemos analisar o Estado a partir do Rousseau (Contrato Social), podemos analisar a partir do Locke, Karl Marx ou, qualquer teórico que tenha pensado a arquitetura do Estado nos moldes que aderimos e depois analisarmos se temos um Estado ou nem por isso. Estas questões e realidades sempre nos desafiam a pensar alternativa para organização da nossa sociedade. Tenho a certeza de que, existe outra forma de organização social e civil possível, mas estou longe de me atrever em dizê-la.

Eu entendo que precisamos repensar a nossa condição no mundo e ver onde estamos e se pretendemos ir a algum lugar.

Por isso entendo que é o momento de todos os segmentos sociais (camponeses, agricultores, doutores, engenheiros, bideiras, investigadores, tecnocratas, lideres religiosos e jovens universitários repensarem a Guiné) e não só em pratos limpos: Um novo CONTRATO SOCIAL (que terá que olhar, estudar, analisar de maneira crítica a nossa realidade antes de tudo).

Tudo que à Guiné precisa neste momento é duma política organizacional. Promover uma nova forma de pensar o Estado a partir das nossas próprias realidades vigentes. Mas principalmente, promover a educação de base e superior como meio que vai consubstanciar o progresso e bem-estar social.

Precisamos resinificar o sentido de Estado e da Democracia caso pretendermos manter esse modelo, pois o antro cultural guineense demonstra que precisamos adequar determinadas coisas e dispensar certas coisas advindas da democracia, como exemplo:- muitos partidos para uma população pequena, os partidos precisam reunir determinadas condições, não podemos ter partidos que vivem apenas de/e na coligação durante todo tempo, pois para estes partidos reinam sempre a máxima e lógica de quanto pior melhor.

A Guiné não é o pior território (me custa designá-la de Estado), de mundo apenas não cumpriu devidamente com os requisitos dum Estado. Embora admitamos ser um país isolado do progresso, devido ao despreparo daqueles que sempre o administraram.

Empobreceram o sentido de Estado, quebraram esperança de todos, estupidificaram erário público guineense e acabamos numa espécie de sociedade laxista (de moral frouxo). O pacto social vai ser construído com base na integração social e extensão do Estado para todos.

Precisamos construir com base nos grupos sociais um novo projeto de Estado, precisamos discutir e conversar sobre nova fórmula e possibilidades administrativa. Temos que ser corajosos para inovar, ousar e tentar fazer tudo de novo.

Um Estado que terá como pedras basilares: justiça e justiça social, integração étnica e social, garantia das liberdades, proteção dos vulneráveis, promoção de paz e bem-estar social, educação para todos, promover e criar mecanismos para efetivação da igualdade do gênero; um Estado que vai criar condições para geração de riqueza e sua equitativa redistribuição; um Estado onde será ensinado desde primeira escola, respeito pelas leis e regras políticas estabelecidas.

Construir um Estado onde as pessoas compreenderão que existem linguagens sociais, culturais, políticas e diplomatas etc. Com isto quero dizer, por exemplo- que temos que passamos de uma espécie estado de mais ou menos para um estado de fato. Estrutura a nossa sociedade para que todos possam compreender, que somos diferentes e isto não deve ser entendida como superioridade.

Investir de fato na educação em todas as regiões, tabancas, aldeias resgatar as meninas duma cultura falida (não vou entrar aqui em detalhe) e injustificável para colocá-las na escola e futuramente servir a nação tal qual aos homens. Por fim edificar uma sociedade civil sem inclinações partidárias tendenciosas.

Espero não ser um tanto utópico, o erro seria pensar que é tarde recomeçar, reorganizar a partir das bases. Se alguém achar que é tarde, peço-lhe que olhe para o Timor e tome como exemplo a nação Servia, que nasceu a partir duma derrota com a desintegração da antiga Jugoslávia.

É tempo de agir e agir como nunca aconteceu na nossa história, por isso e, para isso os jovens académicos e de centros rurais precisam construir suas próprias agendas para sua emergência nesta nova era. Sociedade civil precisa assumir o comando e não ser comandado.

Posso não ter uma resposta única para uma mudança rápida mas, a minha única certeza é que precisamos fazer algo. Por exemplo, um novo CONTRATO SOCIAL e edificação de ESTADO de verdade.

Oremos!!!

 

Por: Tamilton Gomes Teixeira

Estudante da UNILAB/CEARA/Brasil

2 thoughts on “Opinião: NA GUINÉ BISSAU PODE-SE CONSTRUIR UM ESTADO

  1. parabéns jovem boa reflexão que merece grande atenção a todos os guineenses seja quem for, acho pertinente essa chamada sobretudo o que está associado a questão de REPENSAR O ESTADO, a minha inquietação é o seguinte será que os nossos jovens estão preparados a enfrentar o novo CONTRATO SOCIAL? será que deixarão as tendencias partidárias, nepotismo, roubo, desvio de bens público, desonestidade para reconstruir a sociedade guineense em causa? será que os substitutos deste poder conseguirão eliminar essas atitudes inaceitáveis em favor dos atos baseado na legalidade? Duvido, Sendo assim, vamos repensar o ESTADO e transferir o poder aos verdadeiros homens públicos capazes de garantir o normal funcionamento das leis gerais do ESTADO, neste sentido venho congratulando abertamente com você para REPENSAR a nossa sociedade de uma maneira racional sem indicação encomendada mas que vai conforme a natureza da comunidade guineense, desse modo, para finalizar a minha fala parabenizo a sua ideia acredito que a sua fala foi bem colocada ao ponto mais alto que irá convocar o desejo de todos os guineenses em particular a classe juvenil.

  2. Sem curvas rapaz tu mereces um aplauso bem forte.É de jovens com as suas ideias ou visão que a Guiné-Bissau está precisando,os últimos dois décadas o nosso país tem estado a conhecer sério problemas por parte dos nossos fracos e incapazes governantes,ninguém é capaz de conseguir mudar o cenário político da Guiné-Bissau a pessoa fala faz promessas nas campanhas quando sentou no trono ali já esquece das suas promessas até parece que é um tipo de sistema que quando a pessoa entra no jogo na sai mais,a corrupção toma conta da pessoa torna impossível trabalhar para o desenvolvimento do país.Só espero,que nós que estamos a estudar ou a formar seja no estrangeiro e como na Guiné-Bissau não viemos ser corrompidos por essas mesma pessoa que até hoje só estão a mergulhar o nosso país para o fundo do mar.Para finalizar gostaria de fazer uma chamada de atenção a todos os jovens Guineenses nós é que somos a força motriz para o desenvolvimento da Guiné Bissau, é melhor que cada um comece desde de já a pensar qual será a sua contribuição para o futuro da nossa Guiné…Muito obrigado

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