A organização não-governamental italiana Mani Tese/ACRA realizou no último sábado, 20 de maio 2017, a primeira Edição do ‘Festival Cultural de Música’ na cidade de Gabú, no quadro da sua ação de sensibilização e consciencialização dos jovens daquela região leste do país, sobre as consequências negativas da Emigração ilegal ou Clandestina. Grupo ‘Black Family’ foi o vencedor do festival, que decorreu sob o lema: ‘Fidju di Tchon, Bu Força i na Bu Tchon – em português – Filho da Terra, tua força é na tua Terra’.
Na disputa estavam dez (10) concorrentes entre músicos individuais e grupos, todos da nova geração da região de Gabú. Um dos concorrentes não compareceu ao festival, trata-se do MSB.
O vencedor do festival terá como prémio financiamento do custo da gravação do tema musical, com o qual venceu o evento, suportado pela “Mani Tese”, que ajudará também na divulgação e promoção do mesmo tema de música tanto ao nível das rádios comunitárias, nacionais como numa perspetiva internacional, através da Organização Mundial de Imigração (OMI).
Para a concretização do evento, a Mani Tese contou com a colaboração da outra organização italiana, a ACRA. Apoio financeiro é da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento, igualmente financiadora do projeto que atua no domínio de sensibilização e consciencialização dos jovens sobre as consequências negativas da emigração clandestina no chamado ‘corredor’ de Gabú (Guiné-Bissau) e Kolda (Senegal).
Vieram 35 (trinta e cinco) jovens de Kolda pertencentes ao projeto similar na República vizinha do Senegal, na companhia da coordenadora nacional de Mani Tese-ACRA em solo senegalês, Sílvia Ferragoso.
Especialista em Desenvolvimento Rural e Comunitário no projeto da Mani Tese-ACRA em Gabú, denominado de ‘Ações de Contrato na Dinâmica Migratória no Corredor Guiné-Bissau-Senegal, regiões de Kolda e Gabú’, Matteo Anaclerio, explica que a sua organização tem a consciência do sacrifício que os africanos passam pelo caminho da Líbia em busca do continente europeu, acrescentando que muitos são submetidos à escravatura em solo líbio.
“Há muitos jovens que optaram por este caminho, mas até então os familiares não sabem dos seus paradeiros. É triste, colocar muito dinheiro num caminho de incerteza. Existem mulheres que choram até hoje, porque seus esposos foram à emigração clandestina e não voltaram”, conta Anaclerio. Para de seguida sustentar que cada dia os ‘irmãos’ africanos morrem na água afogados e no deserto por falta de água.
Matteo considera que homem africano, asiático, americano e europeu são todos homens, por isso apela aos jovens da Guiné-Bissau a apostarem em mudar suas vidas dentro do próprio país, que considera “mais tranquilo e com um solo fértil para cultivar e render economicamente”, sustenta.
Os responsáveis de Mani Tese-ACRA acreditaram que através da música podem atingir mais número de pessoas, segundo um inquérito realizado antes da organização do festival.
“As mensagens contidas nas músicas podem ser ouvidas nas rádios e nos dispositivos Mp3 e Mp4, alcançando assim mais indivíduos que não foram atingidos com as sensibilizações que a organização leva a cabo em Gabú. Em Bissau, os jovens contam com um programa radiofónico na Radiodifusão Nacional (RDN), denominado ‘Bu País i Mindjor’ – ‘Teu País é Melhor’”, notou.
‘BLACK FAMILY‘ APLAUDE INICIATIVA DE ‘MANI TESE’
O porta-voz do grupo vencedor do festival, Cali Baldé, visivelmente, satisfeito disse que se houvesse mais eventos do género encorajaria muitos jovens a permanecerem no país. Como sonho, os jovens músicos do grupo “Black Family” perspetivam gravar um álbum, assim que aparecer uma oportunidade para tal.
“Mesmo se não ganhássemos o festival agradeceríamos os organizadores deste evento. Nota-se que muitos jovens perdem vidas nos mares e nos desertos, porque não tiveram oportunidades como esta. Se a tivessem provavelmente que não morreriam em situações desumanas”, sustenta Cali Baldé que coordena um grupo de quatro elementos designadamente, Mamadú Embaló, Umaro Djau e Juvenilson Soares.
A noite foi ainda colorida pelo músico afro-mandinga de renome internacional Nino Galissa que é também filho de Gabú, antes de entoar o seu tema musical ‘Kelô Manhi’ na língua mandinga e em português – ‘A guerra não é Bom’, Galissa partilhou um pouco da sua experiência como emigrante com o público presente no festival, sobretudo a nova geração que é a camada mais atingida pelo flagelo da emigração clandestina.
Para o coordenador regional de Mani Tese em Gabú, Saico Umaro Embaló (Saiquinho), o objetivo foi atingido, visto que os músicos conseguiram passar as suas mensagens para os presentes no festival, por isso enaltece o trabalho dos jovens músicos da Região de Gabú que tomaram parte no evento, enquanto uma das partes que a organização quer atingir com a sensibilização, que visa reduzir a emigração clandestina tanto em Gabú, bem como em todo o país.
Saliente-se que choveu no decorrer do festival, mas depois de mais de uma hora de interrupção, tudo voltou ao normal e apenas o número do público é que se reduziu. Contudo, antes de chover o espaço em que decorreu o festival estava lotado.
O jovem músico que gravou um tema musical conhecido a nível nacional relacionado à emigração ilegal, ‘Piloto di Miolo’ entoou o referido tema – ‘Imigrason Klandistino’ -em português – Emigração Clandestina – e fez vibrar o público de Gabú.
No final do evento, todos os participantes receberam um certificado de participação, cada, da parte dos organizadores do festival cultural musical de Gabú’2017, subordinado ao lema: ‘Fidju di Tchon, Bu Força i na Bu Tchon’.
Mani Tese financia a iniciativa de jovens e mulheres da região de Gabú na criação de aviários, na horticultura, panificação, nas máquinas de descasques de arroz, na construção de furos de água nos setores de Pitche, Pirada e Gabú.
As autoridades setoriais tomaram parte no evento, administrador de Gabú, delegado regional da juventude, cultura e desporto e representantes da juventude de Kolda, região sul do Senegal.
Por: Sene Camará
Fotos: SC


















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