QUATRO PARTIDOS SIGNATÁRIOS DO ‘ACORDO DE CONAKRY’ NEGAM ROTEIRO DE PRESIDENTE JOMAV

Os Quatro partidos signatários do “Acordo de Conakry” rejeitaram hoje, 21 de dezembro 2017, o roteiro do Presidente da República para a saída da crise política e parlamentar que assola a Guiné-Bissau há mais de dois anos, mas continuam a exigir o cumprimento do acordo que passa pela nomeação de Augusto Olivais, ao cargo do Primeiro-Ministro. A declinação da proposta de quatro dos cinco partidos (PAIGC, UM, PCD e PND) foi tornada pública por responsáveis destas formações políticas, depois de um encontro de auscultação com o Chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, para analisar o referido documento.

A reunião decorreu num dos salões do Palácio da República e contou com a presença do líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, Certório Biote, um dos vice-presidentes do PRS, presidente do PCD, Vicente Fernandes, Aguinelo Regala, presidente da União para a Mudança, Mamadú Iaia Djaló, presidente do PND, Coordenador do grupo dos 15, Braima Camará, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular, Inácio Correia e representantes da comunidade internacional (P5), nomeadamente a CEDEAO, a União Europeia, a União Africana, as Nações Unidas e a CPLP.

A reunião durou mais de duas horas e meia, mas registou-se o abandono muito cedo do representante da Comissão da CEDEAO no país, por razões desconhecidas. Blaise Diplo, nem sequer prestou declarações à imprensa. Saiu da sala de reunião a correr para a sua viatura.

O presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, disse aos jornalistas que o roteio não possui nenhum enquadramento daquilo que é o “Acordo de Conakry” e fez lembrar ao José Mário Vaz, o que foi acordado em Conakry.

“O PAIGC não reconhece o roteio apresentado pelo Chefe de Estado e é contraditório do acordo de Conakry, porque o próprio acordo de Conakry já estabeleceu um roteiro”, realçou o líder dos libertadores.

Para o líder da União para Mudança, Agnelo Regala, a proposta de Presidente Jomav não respeita o que está traçado no acordo de Conakry.

O presidente do Partido da Convergência Democrático (PCD), Vicente Fernandes, disse que o Coletivo ficou surpreso com a proposta apresentada pelo Presidente que é contraditória com o Acordo de Conakry bem como com as resoluções de Abuja, que defendem a nomeação de Augusto Olivais como Primeiro-Ministro e a reabertura da ANP e por último a reintegração dos 15 deputados expulsos do PAIGC.

O líder do Partido da Nova Democracia (PND), Iaia Djaló, mostrou-se disponível para qualquer proposta que garanta a paz, desde que sejam respeitadoras as leis e a Constituição da República assim como os acordos internacionais assinados, mas não o roteiro apresentado por JOMAV.

O representante do PRS, Certório Biote, disse que seu partido está disponível para contribuir a encontrar saída para a atual crise política. Biote defende que o roteiro apresentado pelo Presidente da República está no espírito do acordo de Conakry e é a única solução para a saída da crise cujo responsável é o PAIGC e acusou Nuno Gomes Nabiam de ser “boca alugada”.

O líder da Bancada Parlamentar dos renovadores  garantiu que o seu partido acompanhará o Chefe de Estado no espaço que criou para esclarecer o roteiro proposto por ele.

“Não podemos fazer o Presidente de refém, estamos de acordo e vamos colaborar porque o PRS é um partido colaborador e quer o entendimento entre os guineenses”, assegura.

O Coordenador Grupo dos 15 deputados expulsos do PAIGC, Braima Camará, disse que o roteiro proposto por JOMAV é um instrumento mais amplo para a solução da crise política criada pelo Presidente do PAIGC que quer ter controlo do partido, expulsando assim todos os opositores no partido. Nesse sentido, Braima Camará exortou à direção do PAIGC para colaborar, deixando os interesses pessoais de lado e pensar no povo, na paz e na estabilidade para que o país possa encontrar o rumo do desenvolvimento.

O Primeiro-Ministro, Umaro Sissoco Embaló, disse, por sua vez, que está no cargo como resultado de um consenso e confiança dos deputados da ANP e do Presidente da República, prometendo de seguida que no dia em que não tiver a confiança dos deputados de PCD, PND PRS e do grupo dos 15 deputados terá algo a dizer, porque ele não é agarrado ao poder.

“Estou alinhado com pessoas, portanto não posso ser o ‘Judas’ para pessoas que confiaram em mim. Por isso, não posso simplesmente as abandonar, tenho que ter consideração a essas pessoas”.

Em representação do Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Inácio Correia, primeiro Vice-presidente da ANP, afirmou que não haverá abertura do Parlamento até que sejam compridas as leis da Constituição. Lembrou que o primeiro ponto do Acordo de Conakry se refere à exoneração do atual Primeiro-Ministro.

 

Por: Epifania Mendonça

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