O deputado Victor Mandinga, ministério de Comércio no governo demissionário e  uma das personalidades sancionadas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, no âmbito do entrave ao cumprimento do Acordo de Conacri, insurgiu-se contra a decisão do bloco comunitário, que sancionou 19 figuras da Guiné-Bissau (cidadãos, políticos e magistrados guineenses), qualificando-a de “hipocrisia política e medonha conspiração contra a nossa pátria imortal”.

Em reação às sanções esta quinta-feira, 08 de Fevereiro de 2018, Victor Mandinga afirma que, com a lista dos sancionados divulgada, a CEDEAO mostrou que não é justa, credível e nem transparente na tomada das suas decisões, porque, segundo disse, ao analisar a lista das sanções, “a imparcialidade da CEDEAO é posta em causa”.

“As sanções só vêm para agravar a crise e criar a desconfiança entre os guineenses. São encomendadas e qualquer cidadão adulto lê a lista e diz só esses é que são responsáveis disto, quer dizer, a outra parte não há ninguém. Francamente, onde está equidade e a imparcialidade”, questiona.

Mandinga não diz, contudo, se aceita ou não as sanções, mas esclarece que o assunto está ser devidamente tratado com seus advogados da CEDEAO, da CPLP e os advogados nacionais que o assistem nesse processo.

Nega, no entanto, que em nenhum momento os 19 cidadãos guineenses, membros da lista da CEDEAO, atentaram contra o Estado de Direito, bloquearam o exercício da democracia ou subverteram  a ordem constitucional.

Sublinha que a decisão da organização sub-regional contra os guineenses, na lista da CEDEAO, viola princípios e as leis que a própria CEDEAO defende nesta matéria de aplicações de sanções, porque o modelo político que tem “é perverso”.

“Não estou a pedir que saiamos da organização. Vamos reanalisar as coisas e se não conseguirmos, temos que saber onde estamos. A Mauritânia, por exemplo, abandonou a organização por algum tempo, Marrocos está a pedir a sua entrada, mas uma entrada negociada e nós os guineenses desde que começamos a trabalhar, trabalhamos muito e bem”, sublinha, reafirmando que com isso não está a pedir a saída da Guiné-Bissau da CEDEAO, mas deixa claro que a convivência tem que ser na base do respeito recíproco, evitando certas situações que acontecem na organização.

“Você é ministro da Guiné-Bissau, vai a uma reunião da CEDEAO, não lhe é permitido falar porque não pagou quotas, não é justo”, nota.

Acrescentou que os 19 sancionados nunca tomaram medidas ou posições contrárias à governação democrática e ao respeito do Estado de Direito, ou que constituam uma ameaça séria à segurança regional ou de violação flagrante e grave dos direitos humanos, ou de desencadear uma catástrofe humanitária.

Victor Mandinga acusa, por isso, o PAIGC “e os aliados internos e externos” de celebrarem acordos secretos com “os Donos da CEDEAO” para venderem as riquezas do país provenientes do sector das pescas, recursos naturais e económicos caso ganhem eleições. Um assunto que o político promete desmascarar oportunamente nas próximas eleições legislativas.

“O PAIGC do Domingos Simões Pereira e os seus aliados internos e externos estão a cozinhar um plano macabro contra a Guiné-Bissau”, revela, acrescentando, que numa primeira fase , o partido libertador quer silenciar todos aqueles que a eles se opõem e depois preparar uma “invasão criminosa” contra  o Presidente José Mário Vaz  eleito  democraticamente. Contudo, diz não duvidar que o seu nome teria que ser incluído na lista pelo PAIGC, porque, desde cedo, se opôs ao Acordo de Conacri de Outubro de 2016 e o de Abuja de 1998.

 

 

Por: Filomeno Sambú

Fotos: BD