ARTESÕES DA CEDEAO “INVADEM” ESPAÇO VERDE PARA COMERCIALIZAR PRODUTOS TRADICIONAIS

Artesões de diferentes países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizaram a “Feira de Artesanato” no espaço verde do Bairro d’Ajuda, em Bissau, para comercializar produtos tradicionais africanos desde o passado 15 de dezembro de 2018, continuam a ocupar o mesmo espaço. O prazo acordado para praticarem as suasatividades deveria terminar a 20 de janeiro, contudo, a rede sub-regional pediu às autoridades guineenses que lhes concedesse mais tempo, até a primeira quinzena de fevereiro, a fim de venderem mais produtos.

A iniciativa da promoção da “Feira de Artesanato” em Bissau é da Rede de Artesanatos Pintura e Comerciantes do Espaço da CEDEAO, em colaboração com a Câmara Municipal de Bissau. A rede contou, nesta iniciativa, com o apoio da direção da Câmara de Comércio, que serviu de ponte de ligação entre a rede, as autoridades nacionais bem como com a associação guineense de artesões.

Esta organização sub-regional é constituída  por artesões de diferentes países do espaço da CEDEAO, nomeadamente: Burkina Faso, Mali, Gâmbia, Senegal, entre outros. A rede engloba diferentes especialidades de artesões, desde a arte dramática, escultores de estatuetas em madeiras, tecidos africanos, pintores, comerciantes de diferentes produtos “Made in África Ocidental” incluindo ainda os medicamentos tradicionais.

SISSOKO: “CEDEAO DEVE RECONHECER NOSSO TRABALHO DE PROMOVER A CULTURA DA SUB-REGIÃO”

O presidente da rede, o maliano Issa Sissoko, explicou durante uma entrevista exclusiva ao semanário O Democrata que o objetivo da rede é promover o desenvolvimento das atividades dos artesões da sub-região, que, segundo a sua explanação, “trabalham arduamente para a promoção do desenvolvimento sócio-cultural da sub-região (CEDEAO)”, através de confecções e vendas de produtos “Made in África Ocidental”.

Assegurou ainda que uma das missões da organização que dirige visa facilitar a integração sub-regional, que no seu entender, “é o fator principal do desenvolvimento do continente africano”. Sublinhou neste particular que o desenvolvimento em causa deve ser associado às ações levadas a cabo pelos artesões que labutam todos os dias na promoção de produtos tipicamente africanos.

Questionado se recebe apoios da Comissão da CEDEAO ou das autoridades dos respectivos países, informou que a rede trabalha em colaboração com as autoridades dos países que recebem a feira de artesanato, porque conforme disse, é preciso ter apoios das diferentes estruturas das autoridades, ou seja, dos governos de países para que se possam entrar sem constrangimentos num determinado país e comercializar os seus produtos.

“Entramos em contato com as autoridades que nos concedem um local para improvisarmos a ‘Feira Artesanal’, onde possamos vender os nossos produtos. Como sabem, fizemos sempre questão de contatar a Câmara da cidade e as organizações do sector privado que nos facilitam contatos com os nossos colegas artesões”, espelhou.

Sobre a eventual ajuda da parte da Comissão de CEDEAO, assegurou que até agora e oficialmente não estabeleceram nenhum contato com as estruturas da Comissão da CEDEAO. Contudo, explicou que depois de uma reunião, a organização chegou à conclusão que deve dirigir uma carta à Comissão da CEDEAO, a fim de informá-la da existência da rede de artesões que trabalha para o desenvolvimento sócio-cultural do espaço da CEDEAO.

“Achamos que é chegada a altura de nos apresentarmos oficialmente à CEDEAO. A CEDEAO deve reconhecer o nosso trabalho de promover a cultura dos países de espaço da sub-região. A rede está engajada ainda nas promoções de várias atividades artísticas e culturais, por isso urge divulgar os seus trabalhos para que as ações dos nossos criadores sejam conhecidas nos países da sub-região”, observou.

Quanto ao espaço concedido, disse que a feira  se situa no lugar estratégico  e bem conhecido tanto por guineenses como por estrangeiros que vivem no país, o que permite às pessoas que procuram os seus produtos localizarem facilmente o espaço. Todavia, lamenta a pouca afluência de clientes nos últimos dias.

Anunciou, no entanto, que a rede pretende realizar a segunda edição da feira no período da festa do carnaval, para permitir às populações guineenses e aos estrangeiros em particular terem acesso aos produtos africanos de grande qualidade. 

Sustentou que a festa do carnaval é um grande evento cultural na Guiné-Bissau, onde se constata a presença massiva de estrangeiros, por isso a rede está a negociar com as autoridades camarárias no sentido de lhe conceder um espaço no centro para realizar justamente a sua feira naquele período.

Por: Assana Sambú

Foto: A.S   

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