Editorial: GUINÉ-BISSAU E A HIPOCRISIA DEMOCRÁTICA

[SEMANA 42_2019] O uso de máscaras na representação de uma peça no teatro político nacional instaurou na esfera política democrática as grandes qualidades do poder de ocultar os defeitos dos discursos políticos e de dissimular a realidade social através de uma aparência de sentimentos de nacionalistas democráticos. Sentimentos que na verdade, epistemicamente, nenhum político nacional tem. Vivemos, hoje, num sistema democrático de hipocrisia em que uns exigem que outros se comportem dentro de certos parametros legais de conduta moral que eles próprios extrapolam diariamente.

Na verdade, vivemos, na Guiné-Bissau, numa esfera política de fingir sentimentos, crenças e virtudes de nacionalismo democrático que na realidade nenhum político nacional possui no seu currículo democrático. Todos somos hipócritas e vivemos diariamente na hipocrisia democrática. Os discursos políticos da alegada moralização da esfera pública não deixa de ser uma verdadeira manobra de diversão política que violenta e até certo ponto mata a nossa democracia multipartidária.

Curiosamente a sociedade guineense pactuou e pactua com essa hipocrisia democrática e os políticos apresentam-nos diariamente a opulência e a ostentação financeira na aquisição de Movimentos políticos de jovens nos Bairros de Bissau e das regiões do país.

Infelizmente como a Educação não é hoje vista na Guiné-Bissau, como um instrumento da libertação dos jovens, a visão e o sonho do nacionalismo da juventude guineense serão sempre iguais aos da hipocrisia política da democracia implementada pelos políticos nacionais. Assim, os Movimentos Políticos dos jovens guineenses não têm uma visão política que tenham herdado dos seus pais, uma política de excelência de interesses coletivos. Não podem, assim, exigir da atual geração de políticos hipócritas uma justiça intergeracional, porque olham apenas para o dinheiro da hipocrisia discursiva.

É deveras constrangedora a isenção de responsabilidade de uma justiça intergeracional na nossa hipócrita democracia nacional. Infelizmente, porque os Movimentos Políticos dos jovens convivem com a hipocrisia, comem com a hipocrisia, andam de mãos dadas com a hipocrisia, bebem com a hipocrisia e dançam Gumbé com ela. Por isso, transformaram-se em mais hipócritas do que os próprios políticos que instauraram a hipocrisia democrática na sociedade guineense.

Os Movimentos Políticos dos jovens dos Bairros de Bissau e de todas as regiões do país não conseguiram sair, assim, das suas zonas de conforto de receber dinheiro da hipocrisia democrática dos políticos nacionais, para fazer dos desafios sociais o combustível para combater a hipocrisia democrática que está cada vez mais  enraizada na nossa esfera pública. A hipocrisia democrática leva, hoje na Guiné-Bissau, os jovens de Movimentos Políticos a não conseguir destinguir um político de um simples intelectual. Na nossa sociedade política, um político é quem dedica a sua vida a elaborar conceitos da hipocrisia democrática para a engranagem discursiva para o consumo no espaço político nacional. Por isso, preocupa-se mais com as seguintes eleições. Um intelectual preocupa-se mais com a justiça intergeracional subordinada aos interesses coletivos da geração vindoura.

Em suma, um intelectual pensa sempre em como promover na sociedade uma justiça intergeracional de excelência. Um político, por seu turno, na Guiné-Bissau, pensa apenas em produzir hipocrisia política para poder ser reeleito. É deveras interessante saber que na nossa esfera política há políticos especializados em hipocrisia democrática, que sabem a melhor forma e hora de disseminar a hipocrisia, o seu tamanho ideal e a imagem e a postura discursiva que deve assumir na enunciação hipócrita na nossa esfera política democrática.

A nosso ver, o “Fake News” ajuda hoje e de que maneira os políticos nacionais a fabricar e disseminiar a hipocrisia política e democrática na Guiné-Bissau que visa promover uma ideologia partidária e prejudicar adversários políticos concorrentes às legislativas.

Por: António Nhaga

Director-Geral
angloria.nhaga@gmail.com

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