RÉGULO DE BAFATÁ AFIRMA QUE DISPUTAS POLÍTICAS DIVIDEM OS GUINEENSES E APELA À TOLERÂNCIA

O régulo central da região de Bafatá, Aladje Seco Sidibé, afirmou que a ferrenha disputa política que se regista nos últimos tempos acabou por dividir os guineenses, sobretudo no interior. Afirma ainda que habitantes da mesma aldeia ou bairro já não comparecem nas cerimónias tradicionais de uns e de outros, tendo apelado à tolerância e à compreensão entre osguineenses.

O régulo central da região natalícia do fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, Amílcar Cabral, fez esta advertência durante uma entrevista exclusiva ao Jornal O Democrata para falar sobre a crise pós-eleitoral que se regista no país e da divisão que os políticos semearam entre os cidadãos.

Aladje Seco Sidibé reconheceu que na sua região também se sente o fenómeno da divisão entre as populações, por causa da disputa política. Contudo, diz estar esperançado que serão capazes de ultrapassá-la.  

“O que constatamos mais frequentemente é a fricção entre colegas, mas sempre intervimos para apaziguar os ânimos. Dissemos sempre aos habitantes desta região que nós temos que servir de exemplo de homens de paz, porque se trata do local onde nasceu o fundador da nacionalidade guineense, Amílcar Cabral. Mas o que verificamos neste momento é a cultura de “matchundadi” e cada um vai à rádio e fala o que quer, sem ter em conta que é ouvido por milhares de pessoas”, advertiu.

O líder tradicional defendeu que é preciso um trabalho de fundo de sensibilização dos guineenses a nível nacional e relembrar aos guineenses que apenas na unidade é que se pode construir este país. Alerta, por isso, o governo central que deve investir muito na educação para permitir que o povo tenha a capacidade de tomar a sua própria decisão, mas não deixar uma única pessoa decidir por centenas de milhares de pessoas, porque “enquanto o país se encontra nesta situação é difícil erguer a democracia ou um verdadeiro Estado de direito”.

“Temos que lutar afincadamente para semear a cultura da paz e pensar em como podemos desenvolver a Guiné-Bissau, à semelhança de outros países! Não podemos continuar com a cultura de “matchundadi” e proferir palavras obscenas nas rádios, porque isso não está a ajudar na consolidação da paz e tranquilidade no nosso país”, aconselhou.

O régulo aproveitou a entrevista para aconselhar os jornalistas guineenses, em particular os das rádios a abdicarem da linguagem que possa perigar a sociedade e pensar primeiramente na Guiné-Bissau.

“Um jornalista tem também a missão de contribuir na promoção da paz, sobretudo num país como o nosso. A grande verdade é que essa situação vai passar e para um profissional, faz todo o sentido encarar essa profissão como o trabalho da sua vida. Quando isso acabar, os que prestarem mau serviço, com que cara vão encarar essa sociedade que ajudaram dividir?!” Questionou. Por isso, aconselhou os jornalistas e os guineenses em geral a contribuírem na promoção da paz e da unidade nacional entre os guineenses.


Por: Assana Sambú

Foto: A.A.

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