Observatório: “COMBATER O CONSUMO DA DROGA É A TAREFA DE TODOS, PORQUE TORNOU-SE NUM PROBLEMA SOCIAL”

O Secretário Executivo do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência, Abílio Aleluia Có Júnior, advertiu que o combate ao consumo de drogas na Guiné-Bissau não pode ser deixado apenas para as autoridades, mas também deve ser encarado como tarefa de todos os guineenses, porque “tornou-se um problema social e uma ameaça à saúde pública”. 

O ativista fez essa advertência em entrevista exclusiva ao semanário O Democrata à margem da celebração do dia internacional contra o abuso e tráfico em drogas ilícitas. Abílio Aleluia Có Júnior afirmou que houve um aumento significativo, tanto do tráfico como do consumo de drogas nos últimos tempos na Guiné-Bissau.

O responsável do Observatório disse que se senteenvergonhado ao ouvir a Guiné-Bissau ser apelidada de “narco-Estado”, porque dirige uma organização que trabalha no domínio da prevenção do consumo de drogas, sobretudo na consciencialização e sensibilização de jovens no sentido de limparem a má imagem do país a nível internacional. 

GOVERNO DEVE CRIAR NOVA ESTRATÉGIA PARA COMBATREO CONSUMO E TRÁFICO DE DROGA

Abílio Có Junior defendeu, na mesma entrevista, que o governo deveria criar nova estratégia de combate ao consumo e tráfico de drogas e que a Guiné-Bissau, enquanto país que faz parte do concerto das nações, deve lutar para desencorajar o fenómeno no país. A data foi celebrada numa altura em que o mundo e a Guiné-Bissau enfrentam a pandemia provocada pelo novo Coronavírus e a Covid-19.

O Secretário Executivo do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência sublinhou que o Observatório está a trabalhar neste domínio, porque combater a droga é tarefa de todos, tendo em conta que é um problema social que representa uma ameaça à saúde pública.

“Quando falamos que a droga é um problema social, apontamos quais são as consequências e os efeitos que provoca nas pessoas que a usam, nomeadamente: acidentes de trânsito, violência psicológica, armada e física, criminalidadeem geral e a prostituição, tudo isso são consequências sociais derivadas do consumo de droga”, avisou, lembrando que quem usa drogas é vulnerável a qualquer tipo de risco que muitas vezes levam o indivíduo a ter sexo sem preservativo, aumentando as probabilidades de contrair  doenças como VIH-Sida, esquentamento e gonorreia ou outras que acabam por ceifar a sua vida.

O ativista revelou que o consumo de drogas teve um aumentado significativo, porque os jovens enveredam pelo caminho do consumo de drogas. O responsável do Observatório de Droga e da Toxicodependência alertou que para reverter essa situação, o Estado guineense deve criar uma nova política e estratégia de prevenção para recuperar osjovens metidos na droga e tirá-los desse caminho.

Segundo o Secretário Executivo do Observatório, quanto mais aumenta o tráfico mais aumenta o seu consumo.

“Sabemos que, em 2019, houve duas apreensões de cocaína, feitas pela Polícia Judiciária. Foi quase uma toneladaEm setembro do mesmo ano, num intervalo de cinco/seis meses, foram apreendidas quase duas toneladas de droga, batendo todos os records. Essa quantidade revela não só que a Guiné-Bissau é apenas um país de trânsito de droga, mas também que é um país de consumo e de cultivo de Canábis – Lyamba”, notou.

Sustentando que uma quantidade dessa droga que sai daAmérica Latina fica na Guiné-Bissau para o consumo interno e, consequentemente, faz com que o nível de consumo dedroga aumente.

“Hoje em dia na Guiné-Bissau cultiva-se a planta de Canábis– Lyamba em todas as regiões do país”, assinalou. 

Abílio Aleluia Có Júnior informou que a Lyamba é o tipo dedroga mais consumida, porque é barata, um “Finor” custa 100 francos CFA, “Back” custa 300 ou 500 francos CFA e um “Vulo” custa 1500 francos CFA, depois vem o crack que é umderivado da cocaína e uma pedra custa 2000 ou 2500 CFA, dependendo da negociação.

Na observação de Abílio Aleluia Có Júnior, esse preçário faz com que o consumo desses estupefacientes aumente.Contudo, frisou que a Cocaína não é consumida no seio da camada juvenil, tendo em conta o seu preço no mercado que varia de 10.000 mil a 15.000 mil francos CFA, dependendo da lei de oferta e procura.

Outra questão que Abílio Aleluia Có Júnior diz ser preocupante atualmente no é a existência de um grupo de jovens que está a enveredar pelo caminho de consumo dedrogas sintéticas, nomeadamente: a MD e drogas injetáveis,que são as intravenosas nas veias. Explicou que esse comportamento começou em 2016 e alertou que é prejudicial à saúde humana, porque pode fazer com que o vírus da imunodeficiência humana que é o da VIH-Sida aumente nessa camada vulnerável de consumidores da droga, como tambémo da Hepatite C, sífilis, para a saúde da população guineense e para o próprio usuário das drogas.


Por: Aguinaldo Ampa

Foto: A.A    

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