A ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Maria da Conceição Évora, afirmou esta sexta-feira, 2 de julho de 2021, que o governo está preocupado com o tráfico de seres humanos na Guiné-Bissau, sobretudo no que diz respeito a adolescentes e crianças. Sustentou que, por isso, o governo decidiu em Conselho de Ministros suspender tudo quanto está relacionado com adoções, porque “eram feitas mas careciam de alguma certa legalidade e o país não tinha controle das crianças adotadas “.
Conceição Évora falava no ato da entrega de chapas de zinco e pregos às famílias vítimas do mau tempo no bairro militar, em Bissau, durante o qual reagiu ao relatório do departamento norte americano que indica que o país caiu do segundo para o terceiro lugar no ranking da classificação de proteção e tráfico de seres humanos.
“O governo decidiu estancar a adoção de crianças para ver como será possível contornar a situação de tráfico de jovens, sobretudo raparigas”, precisou.
A governante defendeu que é preciso ter em conta as fragilidades do país nas fronteiras, porque são zonas onde esses fenômenos têm sido difíceis de controlar.
Conceição Évora afirmou que o executivo instituiu um comitê de combate ao tráfico dos seres humanos o qual integra vários parceiros, nomeadamente: o Instituto da Mulher e Criança, a Polícia Judiciária, a Guarda Nacional e o Ministério da Justiça.
Évora advertiu que os traficantes de seres humanos são inteligentes, conseguem arquitetar caminhos para fugir com as crianças, mas o governo está muito preocupado e atento a essa situação, porque não pode continuar.
Segundo o relatório sobre o tráfico de pessoas de 2021 do departamento de Estado Norte Americano, o Governo da Guiné-Bissau caiu no índice mundial sobre o tráfico humano do nível dois para o nível três (o pior) por continuar a não cumprir “totalmente os padrões mínimos para a eliminação do tráfico” nem “envidar esforços significativos para o fazer, mesmo considerando o impacto da pandemia da Covid-19.
O Relatório 2021 publicado na quinta-feira, 1 de julho de 2021, em Washington diz que, apesar da falta de esforços importantes, o Governo “tomou algumas medidas para lidar com o tráfico, incluindo o início de mais investigações e a identificação de crianças vítimas de mendicância forçada”. Em sentido contrário, as autoridades guineenses não processaram criminalmente nem condenaram qualquer traficante pelo segundo ano consecutivo.
Sem recursos “e vontade política para combater de forma abrangente o tráfico de pessoas”, o Governo guineense, segundo o relatório, continua a não ter procedimentos formais para identificar as vítimas e encaminhá-las para atendimento, ao mesmo tempo que “projetos de identificação das vítimas e um mecanismo de referência nacional iniciados anteriormente permanecem inacabados”.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
