PESCADORES GUINEENSES DENUNCIAM PERDA DO PESCADO DEVIDO AO FECHO DE MERCADOS

Os pescadores guineenses criticam duramente as autoridades da Guiné-Bissau pelas medidas de encerramento dos mercados, tendo denunciado que na semana passada uma grande quantidade do pescado estragou-se no Porto de Bandim, porque alguns pescadores ou bideiras não tiveram acesso ao porto, por terem sido impedidos de entrar pelas forças de segurança.

“Cerca de trinta canoas carregadas do pescado não descarregaram nem puderam abastecer os mercados internos. O pescado estragou-se, porque não conseguimos vendê-lo nem sequer conservá-lo. Aliás, algumas espécies não suportam ficar muito tempo no gelo e acabam por estragar-se” lamentou, acrescentando que grande parte do pescado estragou-se devido à falta do funcionamento dos mercados nos finais de semanas.

Lamine Mas, responsável do património da Associação Nacional dos Armadores da Pesca Artesanal (ANAPA) na Guiné-Bissau, falava esta terça-feira, 31 de agosto de 2021, em conferência de imprensa, tendo feito duras críticas às medidas adotadas pelo governo no decreto que determina o estado de calamidade à saúde pública, particularmente o fecho dos mercados nos finais de semana.

“A maioria das pessoas, em particular os funcionários, preferem frequentar ao mercado aos sábados ou domingos para aprovisionarem-se em pescado. Fomos apanhados de surpresa por essas medidas. Se tivéssemos sido informados da decisão com antecedência, talvez poderíamos acionar mecanismos para minimizar o impacto negativo”, salientou.

Perante estes fatos, apelou ao governo que doravante passe a informá-los com a antecedência sobre quaisquer medidas sobre o mercado, de forma a poderem prevenir-se e evitar os danos que estão a sofrer.

Sugeriu ao governo que permita os mercados funcionarem aos sábados e que os domingos seja dedicados à limpeza e a higienização.

Por seu turno, Paulina Manga, membro da ANAPA, apesar de reconhecer a existência da pandemia do novo coronavírus (covid-19) que tem estado a ceifar vidas, defendeu que o governo permita o funcionamento dos mercados todos os dias integralmente, de segunda-feira ao sábado.

“Fechar o porto de Bandim e os mercados não resolve o problema da doença, porque o que acabaria por matar mais as pessoas é a fome, quer os próprios doentes internados com a covid, quer os que estão ou não infetados, por falta da comida. Muitas famílias guineenses dependem de pessoas que vendem nos mercados ou praticam pequenas atividades informais geradoras de rendimento para poder comprar alguns quilogramas de arroz! Como é que essas pessoas vão sobreviver, se a medida de fechar os mercados aos sábados e domingos continuar a vigorar?”, questionou.

A Guiné-Bissau decretou o estado de calamidade à saúde pública por um período de 15 dias, devido a uma evolução “muito mais intensa e acelerada” da pandemia de Covid-19, que já provocou 5.766 casos acumulados e 117 óbitos, desde o início da pandemia em março de 2020.

 Por: Assana Sambú

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