O presidente cessante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, disse que apesar de todo o tipo de agressões que sofreram, continuam a apelar à calma e à ordem aos militantes. Contudo alertou que quando o caos se instalar neste país, vai ver quem beneficiará disso.
“Continuo a apelar à calma e à ordem aos militantes! Mas vai chegar o momento em que o meu apelo pode não valer e aqueles que nos estão a agredir hoje poderão arrepender-se daquilo que semearam. Quando o caos se instalar neste país, eu vou ver quem beneficia desse caos”, assegurou o político.
Simões Pereira falava aos jornalistas este sábado, 19 de março de 2022, depois de efetuar uma visita aos militantes e dirigentes feridos pelas forças da ordem ontem à noite, na sede daquela formação política, que estavam reunidos para preparar o X° Congresso que deveria iniciar hoje.
Os policiais, de acordo com informações disponíveis, estão na sede do PAIGC para fazer cumprir a lei, na sequência de uma solicitação do juiz que produziu um despacho no qual mandou suspender a realização do Congresso do partido.
Um militante do PAIGC está na justiça alegando ter sido impedido de tomar parte no X° Congresso. O PAIGC considera o caso uma estratégia dos adversários políticos para impedir a realização do Congresso marcado e adiado por duas vezes.
Simões Pereira denunciou que elementos da segurança da Presidência da República teriam raptado o secretário regional da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC) em Gabú, Adulai “Simão” Seide, e que terá sido agredido brutalmente.
“Para além de violentar a sede do partido e agredir os seus dirigentes, que estavam numa reunião absolutamente normal. Ainda há sequestros perpetrados por homens do Palácio, que levaram o primeiro secretário da JACC para o Alto Bandim. Agrediram-no brutalmente, depois abandonaram-no, com mensagens para nos transmitir que isso era simplesmente uma demonstração daquilo que vão fazer com todos os dirigentes do partido”, disse.
Afirmou que não têm vocação militar, nem foram treinados para fazer guerra contra a polícia, sobretudo contra homens armados.
“O que fazemos é a política e aquilo que esperávamos é que os nossos adversários políticos nos respondessem do mesmo modo, não utilizando forças da ordem para perturbar um partido político”, enfatizou.

Questionado sobre o número de feridos e eventuais mortes na sequência do uso da força pela polícia contra militantes, Simões Pereira respondeu que não pode confirmar casos de morte.
“Não vi, nem constatei ainda, uma vítima mortal”.
Por: Assana Sambú
















