FRENTE SOCIAL ACUSA GOVERNO DE FUGIR DA SUA RESPONSABILIDADE E REMETER PROBLEMAS AO FMI

O porta-voz da Frente Social, uma iniciativa que congrega sindicatos do setor da saúde e da educação, Yoio João Correia, acusou o governo guineense de fugir da sua responsabilidade e remeter todos os problemas do país ao Fundo Mundial Internacional (FMI). O sindicalista defendeu que o governo deve assumir a sua responsabilidade e encarar, com seriedade, os seus problemas e acionar diligências para a sua resolução.

“Acredito que a missão do FMI não é criar prejuízos ao funcionamento das instituições básicas de um país como saúde e educação”, adiantou o sindicalista que falava em entrevista ao jornal O Democrata para falar sobre a contraproposta do governo às exigências apresentadas pelos sindicatos dos dois setores sociais.

Yoio João Correia admitiu que não se pode negar que a Guiné-Bissau é um país cuja a economia é frágil e dependente de ajudas externas, porque a “maioria do seu consumo vem do exterior e o Fundo Monetário Internacional é um parceiro que presta apoio financeiro, mas que isso não deveria pôr em causa a soberania do país”.

Embora tenha considerado positiva a greve de cinco dias, de 06 a 10 deste mês, decretada pelos sindicatos de saúde e da educação, Yoio Correia esclareceu que o objetivo não era paralisar apenas os dois setores, mas também fazer com que o governo cumprisse os compromissos assumidos com os servidores públicos.

“Conseguimos ter atenção do governo, estamos num processo de negociação e espero que, com a dinâmica das duas equipas negociais possamos chegar a um consenso” disse, alertando que a Frente Social não descarta a possibilidade de acionar novas reivindicações, caso as negociações fracassem e as partes não cheguem a um acordo.

Sem revelar a contraproposta do governo, disse que está a ser analisada pelos sindicatos para encontrar pontos de convergências e junto da equipa governamental encontrar soluções que salvaguardem os interesses das partes.

Mostrou-se satisfeito com o percurso das negociações, que talvez possam resultar na assinatura de um memorando, cuja fiscalização será feita pelas duas equipas, contudo afirmou que a contraproposta do governo não satisfaz as exigências dos sindicatos.

Relativamente à fraca adesão dos professores à greve, Yoio Correia disse que deve-se a duas razões: primeira, porque o setor da educação tem três sindicatos, apenas dois deles aderiram à  greve e os associados do outro sindicato não. A segunda, porque há um número considerável de escolas a funcionar em regime de autogestão.

O sindicalista apontou a questão da politização do sistema como uma das razões que levou a não aderências de alguns professores à greve.

O porta-voz da Frente Social frisou que as crises que o mundo enfrenta, especialmente a Guiné-Bissau, não tiram ao Estado a responsabilidade de cumprir as suas obrigações, principalmente nos setores sociais, embora a Cavid-19 e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia tenham afetado as economias.  

Segundo Yoio João Correia, apenas com grandes investimentos e estabilidade destes dois setores é que se pode fazer face às crises que o mundo vem enfrentando, defendendo que o Estado guineense precisa investir seriamente na educação e na saúde, se realmente quer fazer face a crise da pandemia e económica.

“A luta é nossa e os problemas são também nossos. Cada um deve assumir essa luta e não deixar que as questões político-partidárias interfiram na vida pública do país. Que o governo faça dos sindicatos os seus parceiros sociais e que os trate como tal”, disse.

Por: Epifania Mendonça

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