O analista político, Augusto Na Sambé, criticou a presença de algumas figuras no governo, figuras cuja a atuação no passado foi e ainda é objeto de crítica. Para Augusto Na Sambé, não haverá novidades, o executivo liderado por Geraldo Martins, será uma espécie de um carro que gira num sítio, sem solução aos problemas que tem pela frente.
Em entrevista ao jornal O Democrata para analisar os perfis dos novos membros do governo liderado por Geraldo João Martins e se o novo figurino governamental estará à altura dos desafios que se colocam ao país, Augusto Na Sambé criticou a indicação de algumas figuras para ocupar algumas funções no Ministério da Educação, na Secretaria de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica, no Ministério do Comércio e das Finanças.
Augusto Na Sambé disse ter muitas reservas se o governo de Geraldo Martins estará à altura de corresponder às espetativas do povo, porque “em termos de personalidade, não dá nenhuma garantia. A própria sociedade guineense repudiará este governo, salvo resultados que poderá apresentar ao longo da governação”.
NOVO ELENCO GOVERNAMENTAL SURPREENDE OS GUINEENSES PELA NEGATIVA
O analista político disse que as figuras do governo liderado por Geraldo João Martins surpreenderam os guineenses pela negativa, porque o que terá motivado a perda de eleitores do regime que vigorava no país a favor da Coligação Plataforma Aliança Inclusiva – PAI Terra Ranka era a incapacidade de gerir o país e a corrupção institucionalizada nas instituições públicas.
Augusto Nabsambé disse que as novas figuras que entraram no governo também estão a criar muitas dúvidas quanto ao seu desempenho no futuro.
“Não tenho críticas ao Ministro da Educação. É a primeira vez que assume funções ministeriais, mas deu algumas provas na CENFA, atual Escola Nacional da Administração. É um técnico que acredito que poderá dar algum resultado. No Ministério da Saúde, é uma figura que já deu também provas. Quando era ministro da saúde pública, fez reformas importantes”, notou.
O analista apontou as figuras da Secretária de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica, da Função Pública e do Ministério do Comércio como “grandes dores de cabeça”, porque “o desempenho que a atual secretária de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica teve na Autoridade Reguladora do Setor dos Combustíveis e Derivados – ARSECO foi desastroso”.
“O seu desempenho foi uma asneira. Colocá-la num setor chave como investigação científica, área técnica que requer competências, figuras intelectuais, acho que o país está a cometer um erro grave. Não tenho nada contra a senhora secretária, mas para ser sincero, era necessária uma figura de peso na investigação científica, que tenha uma dimensão intelectual inquestionável”, criticou, frisando que a figura indicada para a função pública também “não dá garantias de quem pode fazer algo para mudar o rumo das coisas e diagnosticar profundamente os problemas que o país tem”.
Augusto Na Sambé disse ter muitas reservas se o governo de Geraldo Martins estará à altura de corresponder às expectativas do povo, porque “em termos de personalidade, não dá nenhuma garantia. A própria sociedade guineense repudiará este governo, salvo resultados que poderá apresentar ao longo da governação”.
“A partida, a capacidade de produção que essas pessoas nos têm habituado não é nova, não vejo novidades nessas figuras. No passado, tinham problemas simples e não foram capazes de dar provas. Agora, quem nos dá garantias, com problemas que o país tem, de que farão algo novo?”, assinalou.
Questionado se o novo Ministro do Comércio estará em condições de promover algumas mudanças no setor, numa altura em que a Guiné-Bissau enfrenta vários problemas, nomeadamente da fome, da má campanha de comercialização da castanha de cajú e da subida de preços dos produtos e bens essenciais, o analista político coloca uma série de dúvidas na capacidade desta figura em mitigar todos esses problemas e assegurar que a população tenha acesso a bens essenciais a preços razoáveis.
Disse que se o novo ministro do Comércio pudesse revolucionar o setor em 24 horas, seria ótimo, destacando que o setor das finanças precisa também de uma figura que tenha capacidade de mobilização de fundos e programas de financiamento, de dialogar com grandes organizações financeiras internacionais, que saiba fazer diplomacia, atrair investidores para que o setor privado possa crescer.
“Será que este ministro das Finanças está à altura desse desafio? Não digo que não seja um bom técnico, mas olhando pelos desafios que o país terá de enfrentar, será que estará à altura desse desafio? Temos ainda um ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural que tem problemas no contexto internacional. Qual será o desempenho deste ministro?”, disse, frisando que a sociedade tem razão quando encarou o atual governo com críticas, porque “se analisarmos os perfis dessas figuras, chegaremos à conclusão que a sociedade não está a repudiar este governo de ânimo leve, mas sim, está a fazê-lo com alguma justa causa”.
Questionado sobre a dimensão do governo de Geraldo Martins, disse que era de esperar por se tratar de um governo de compromisso político que, provavelmente, não completará 4 anos de mandato.
Segundo Augusto Na Sambé, esse compromisso político e de aliados políticos foi feito para contornar os planos do “senhor do palácio que está a agir fora do quadro legal”.
“Tenho certeza que se for eleito um novo Presidente da República, em 2025, com a mesma linha de visão com este governo, poderá derrubá-lo ou propor, caso não queira destituir o primeiro-ministro, que faça mudanças, neste caso, a remodelação governamental. Na verdade, não é um governo de quatro anos, porque a sua natureza é política, não de meritocracia”, afirmou.
Embora o novo primeiro-ministro tenha afirmado que o seu governo é de quatro anos, Augusto Na Sambé encarra a declaração de Geraldo João Martins como um discurso político, porque “quem produz decretos é o Presidente da República e é possível que, em função de poderes que a Constituição da República lhe reserva, crie “uma grave crise artificial” para derrubar o governo.
“Não vejo consistência na declaração de Geraldo Martins em afirmar que o seu governo é de quatro anos. Sim, enquanto primeiro-ministro, pode manter-se no poder, mas toda a equipa? Duvido que não haja mudanças ou remodelações neste governo”, indicou.
Por: Filomeno Sambú
















