Opinião: AFINAL, O QUE É CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO?

Por vezes, é importante sabermos diferenciar o crescimento económico e o desenvolvimento económico, uma vez que é possível a economia de um determinado país registar crescimento de exportação de bens e serviços sem, necessariamente, alcançar um estágio do desenvolvimento económico. Pois, crescimento e desenvolvimento económico são duas variáveis macroeconómicas distintas.

Podemos, entretanto, definir o crescimento económico como sendo o aumento da capacidade produtiva da economia (produção de bens e serviços). De outro lado, o crescimento económico é definido pelo índice de crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB), per capita. O crescimento de uma economia é indicado pelo aumento da força do trabalho, pela receita nacional poupada e investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico.

Ao passo que o desenvolvimento económico, podemos conceituá-lo como o crescimento económico real (aumento do PNB per capita), acompanhado pela melhoria da qualidade de vida da população e, com efeito, as alterações profundas na estrutura económica do país.

Como se constata, o conceito do desenvolvimento económico é mais qualitativo, na medida em que, inclui as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes sectores da economia, de forma a melhorar os indicadores do bem-estar económico e social (pobreza, desemprego, violência, condições de saúde, alimentação, transporte, educação, higiene e moradia). Em síntese, pode-se afirmar que o desenvolvimento económico é algo que combina crescimento económico com a distribuição equitativa e justa da riqueza do país às populações.

O Desenvolvimento de cada país depende, substancialmente, das suas características próprias, tais como: situação geográfica, extensão territorial, passado histórico, cultura, população, biodiversidade e riquezas naturais.
O PNUD utiliza os seguintes indicadores para classificar os países, em conformidade com o grau do desenvolvimento: índice de mortalidade infantil; esperança média de vida; nível de industrialização, grau de dependência externa, potencial científico e tecnológico, grau de alfabetização, instrução e condições sanitárias.

De modo geral, as mudanças que caracterizam o desenvolvimento económico, consistem no aumento da actividade industrial comparativamente à actividade agrícola, migração de mão-de-obra do campo para a cidade, redução das importações de produtos industrializados e das exportações de produtos primários, e menor dependência do auxílio externo. Para caracterizarmos, portanto, o processo do desenvolvimento é fundamental observarmos, ao longo do tempo, a existência de seguintes factores:

o Crescimento do bem-estar económico medida por indicadores, como, por exemplo: Produto Nacional Total e Produto per capita;

o Diminuição nos níveis de pobreza, desemprego e desigualdades; e

o Elevação das condições de saúde, nutrição, educação, moradia, etc.

Como citamos, anteriormente, é possível um país crescer sem se desenvolver economicamente, por isso gostaria de citar o caso da Guiné-Bissau que, nos últimos anos, a partir de 2009 a 2012, apresentou um aumento significativo do fluxo comercial derivado do sector de cajú e impulsionado, sobretudo, pelo mercado indiano que absorve cerca de 90% do total da sua exportação, o que permitiu aumento razoável no nível de exportação de seus produtos primários, (notadamente, o comércio e a prestação de serviços), cujos recursos provenientes deste crescimento “não causaram modificações estruturais” que pudessem induzir incremento complementar noutros sectores da economia local e, não implicaram em modificações institucionais, que melhorassem a qualidade de vida da nossa população.

Sem dúvida, a economia da Guiné-Bissau tem apresentado um considerável índice do crescimento económico, próximo da média da UEMOA (5%), até Abril de 2012, período em que ocorreu o Golpe de Estado que culminou com a queda do governo eleito em 2008.

Contudo, essa melhoria não impediu que a Guiné-Bissau apresentasse um índice de desemprego “galopante”, principalmente o desemprego jovem, já sendo visível o grande número de famílias que vive abaixo da linha internacional de pobreza, apesar de ser expressivo o aumento de estabelecimentos comerciais e de pequenas e médias empresas.

Debruçar, por conseguinte, sobre o fenómeno do desenvolvimento económico ao nível da Guiné-Bissau é, ainda, um grande “equívoco ou desconhecimento” da nossa realidade, cujos índices de desemprego, violência, corrupção, prostituição e desigualdades sociais crescem em progressão geométrica.

Mas, o aspecto fundamental é que o desenvolvimento económico não pode ser analisado, tão-somente, por meio de indicadores como crescimento do produto real ou crescimento do produto real per capita.

No entanto, o desenvolvimento económico deve ser complementado por indicadores que representem, mesmo de uma forma incompleta, a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, bem como, a elevação das condições de saúde, nutrição, higiene, moradia, entre outras variáveis sociais.

A vida segue…

Maio de 2015.

Santos Fernandes

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