O comentador desportivo e jurista, Gorky Medina, afirmou que a Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB) é o maior responsável pela não qualificação da seleção nacional (Djurtus) para o Campeonato Africano das Nações (CAN’2025), “porque foi feito mal a transição entre a anterior equipa técnica de Baciro Candé e a atual equipa técnica liderada por Luís Boa Morte.
“O maior responsável para que a Guiné-Bissau não esteja presente no CAN é a Federação de Futebol, porque a escolha foi da FFGB, decidindo mudar o selecionador nacional, mostrando claramente que a “transição” foi mal feita. Estivemos todo o tempo no mês de março e não sabíamos se o Baciro Candé continuaria ou não, mas a instituição federativa sabia que Candé não iria continuar no cargo. Fez transição mal com um treinador que fez quase uma década sempre tendo este tipo de resultado”, explicou Medina.
“Houve pressão para tirar Baciro Candé do cargo, mas o organismo não se preparou. Acabamos por ter estes resultados que não permitiram a nossa qualificação. O atual selecionador nacional chegou e encontrou um grupo de trabalho novo, que precisava de conhecer melhor, mas em vez de conhecer o grupo de trabalho entrou logo na fase da eliminatória e foi fatal para nós, embora em alguns jogos tivéssemos visto sinais de bom futebol praticado pelos Djurtus, não tivemos resultados positivos”, disse.
Medina falava esta terça-feira, 26 de novembro, numa entrevista concedida à secção desportiva do Jornal O Democrata, com opropósito de fazer um balanço sobre a campanha da Guiné-Bissau na fase de qualificação para o CAN’2025 a realizar-se em Marrocos. Os jogos da eliminatória terminaram na semana passada. Os “Djurtus”, como é conhecida a Seleção Nacional, falhou o apuramento após a derrota em casa diante de Moçambique em partida da sexta jornada do grupo I.
Apesar de lamentar a ausência da Seleção Nacional na próxima prova e reconhecer que a Guiné-Bissau voltará a marcar a presença no CAN futuramente sem o Baciro Candé, Medina lamentou o silêncio do Comité Executivo da FFGB após o país falhar o apuramento para a maior competição de futebol africano organizado pela Confederação Africana de Futebol (CAF).
Conhecido entre amigos por “Mandundu”, o comentador desportivo lembrou que após último fracasso da Guiné-Bissau na fase final do CAN realizado na Costa do Marfim, em janeiro e fevereiro de 2024 a estrutura federativa que gere o futebol nacional nunca se pronunciou para informar os guineenses sobre o sucedido.
Relativamente ao desempenho do atual selecionador nacional, o luso-são tomense, Boa Morte, Medina enalteceu que o técnico é um técnico para a Guiné-Bissau, mas lembrou que Morte está a cumprir o primeiro período como treinador principal, após fixar o ciclo como treinador adjunto no Fulham da primeira liga inglesa de futebol, por isso, tem enormes decisões pela frente.
“O desafio é enorme. Ele era treinador adjunto e não tinha a última palavra, mas agora ele tem última palavra, à frente de uma seleção. Hoje a Guiné-Bissau tem um selecionador novo que pretende dar confiança e as pessoas estão a contestar o seu desempenho e a FFGB não apareceu para defender o seu técnico que nota claramente “deslealdade” por parte do órgão”, argumentou Medina.
Medina, que foi jogador de futebol e campeão nacional pela União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), lembrou que o problema da Seleção Nacional não está nos treinadores, mas está na falta da organização da instituição liderada por Carlos Mendes Teixeira “Caíto”.
“Se não houver uma organização adequada não pode ter uma seleção nacional de alto nível. Pode ter excelentes jogadores, mas nunca terão alto rendimento na seleção, porque não tem uma seleção de alto nível”, sublinhou Medina.
A Guiné-Bissau, que tinha o objetivo de qualificar-se pela quinta vez consecutiva para o CAN, falhou o apuramento para a próxima competição que começa no mês de dezembro próximo. Os Djurtus estavam inseridos no grupo I de fase do apuramento, mas não conseguiram obter pontos para garantir a sua presença nesta prova.
Em seis jogos realizados, a Guiné-Bissau ganhou apenas uma partida diante de Eswatini em Bissau na primeira jornada. Seguiu para o Maputo para a segunda jornada e perdeu pela seleção de Moçambique. Após a derrota diante dos moçambicanos, a equipa nacional voltou novamente a perder no Mali na terceira jornada em Bamako. Após duas derrotas consecutivas, a Guiné-Bissau empatou em casa 0 a 0 frente a seleção do Mali.
Numa jornada em que estava separada por quatro pontos da seleção de Moçambique e beneficiou da derrota da seleção moçambicana frente ao Mali, a Guiné-Bissau voltou a perder pontos frente à seleção de Eswatini na quinta jornada e complicou o seu apuramento. Já na derradeira partida diante de Moçambique em casa perdeu por dois a 1 no passado dia 19 de novembro.
Quase nove anos depois de a Guiné-Bissau ter alcançado a sua primeira qualificação para o CAN’2017 no Gabão em junho de 2016 após o triunfo sobre a Zâmbia, por 3 a 2, no Estádio Nacional 24 de setembro em Bissau, a Seleção Nacional fica de fora da próxima competição. Após marcar a presença no primeiro CAN, a Guiné-Bissau participou, de forma consecutiva, nas últimas três edições da prova, mas nunca conseguiu apurar-se para a fase seguinte da fase final da prova.
Contratado em Março último para substituir Baciro Candé, Luís Boa Morte tinha como o principal objetivo qualificar a Guiné-Bissau, mas acabou por não conseguir esta proeza. O foco agora é o Mundial.
Já fora do próximo CAN, a Guiné-Bissau vai agora voltar a competir no mês de março de 2025 para o acesso ao Campeonato do Mundo 2026. Dos três jogos já disputados, a Guiné-Bissau venceu um e empatou dois jogos. Os Djurtus empataram no último jogo diante do Egipto em Bissau.
Após o empate com os egípcios, a Guiné-Bissau soma seis pontos, atrás do Egito, que lidera o Grupo A com 10.
Ao pronunciar-se sobre a campanha dos Djurtus, no apuramento para o Mundial, Medina diz que tudo está em aberto, mas lembrou que a Guiné-Bissau terá um jogo difícil no Egipto. O Mundial 2026 decorrerá de 11 de junho a 19 de julho de 2026.
Por: Alison Cabral
