O governo da Guiné-Bissau decidiu encerrar as emissões da RTP África, RDP África e Agência Lusa com efeitos a partir desta sexta-feira. Segundo avançou agência Lusa, os representantes destes órgãos têm até terça-feira, 19 de agosto de 2025, para deixar o país.
Em reação à decisão do governo de iniciativa presidencial liderada pelo coordenador de uma das alas do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), Braima Camará, o governo português repudia “veementemente a decisão” do Governo da República da Guiné-Bissau de ordenar a saída da Lusa, RTP África e RDP África do país e o respectivo encerramento de emissões.
Lê-se no comunicado que, no quadro das relações bilaterais, tal decisão afigura-se “altamente censurável e injustificável”.
“O Governo português, ciente da importância do trabalho destes órgãos de comunicação social para as populações de ambos os países e para a comunidade lusófona em geral, tudo fará para reverter tal decisão. O Governo acompanha a situação com as administrações da Lusa, RTP e RDP” prometeu, sublinhando que, dada a gravidade desta medida, convocou para amanhã, 16 de agosto, o Embaixador da República da Guiné-Bissau em Lisboa para explicações e esclarecimentos junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“As relações de Portugal com a Guiné-Bissau são e serão reflexo da profunda amizade entre os dois povos, constituindo uma prioridade da política externa portuguesa. A actuação do Governo é e será estritamente pautada pelo respeito pela soberania de ambos os Estados e pelo desígnio de melhorar a alta qualidade das relações recíprocas” concluiu.
Entretanto, as Direcções de Informação dos órgãos de comunicação públicos portugueses, Lusa, RDP e RTP afirmam que a decisão do governo da Guiné-Bissau de encerrar as suas Delegações no país e ordenar a expulsão dos profissionais portugueses dessas delegações, até a próxima terça-feira, só se pode enquadrar no continuado propósito do governo da Guiné-Bissau de silenciar os jornalistas que cumprem a função de informar.
Na nota de repúdio assinado por Luísa Meireles, Diretora de Informação da Agência LUSA, Mário Galego, Diretor de Informação da Rádio (RTP), e Vítor Gonçalves, Diretor de Informação Televisão (RTP), as três direções de informação consideram a decisão do governo acção “discriminatória e selectiva”, que se configura num ataque deliberado à liberdade de expressão.
“Consideramos que a expulsão dos nossos jornalistas é um atentado aos princípios fundamentais que norteiam a atividade jornalística. São igualmente, por isso, atitudes que violam a democracia e o estado de direito. Reiteramos a nossa solidariedade para com os nossos profissionais de serviço em Bissau, assim como a todos os jornalistas que tentam cumprir um elementar pilar da sociedade que é o direito à informação” afirmaram, exigindo que os jornalistas da LUSA, da Rádio e da Televisão da RTP possam continuar a exercer o direito de informar na Guiné-Bissau.
Por: Tiago Seide
















