MISSÃO DE OBSERVADORES ELEITORAIS DA UA RELATA MUDANÇA ABRUPTA NO CLIMA POLÍTICO

O antigo presidente de Moçambique e chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Africana (UA), Filipe Nyusi, relatou uma alteração repentina no cenário político da Guiné-Bissau após um dia de votação que classificou como “pacífica, transparente e ordeira”.

Em publicação na sua página oficial no Facebook, Nyusi afirmou que tudo parecia “claro e normal” até à suspensão inesperada do processo eleitoral, já na fase final da contagem.

“A votação foi pacífica e transparente, mas, inesperadamente, o clima político alterou-se, culminando com a intervenção militar e o encerramento das fronteiras”, declarou. Segundo ele, todas as missões internacionais presentes — nomeadamente CEDEAO, CPLP, G7+ e outras — chegaram à mesma conclusão: o dia eleitoral decorreu de forma “pacífica, livre e ordeira”, com segurança discreta e cidadãos demonstrando “maturidade democrática”.

De acordo com o chefe da missão da UA, o ambiente deteriorou-se rapidamente após a divulgação dos primeiros resultados. Enquanto a delegação reunia-se com um dos candidatos, surgiram relatos de tiroteios na capital, perto da sede da CNE e da zona presidencial.

Nyusi informou que a missão tentou deslocar-se aos locais, mas foi impedida por forças de segurança que já tinham assumido o controlo da área. Acrescentou que o processo eleitoral foi suspenso sem explicação clara, instalando-se um clima de incerteza marcado por presença militar reforçada, recolher obrigatório e fecho das fronteiras.

Apesar disso, voos internacionais voltaram a ser autorizados, o que o dirigente interpreta como um “sinal de contenção”.

Nyusi destacou que, ao contrário de algumas delegações que deixaram o país, a missão da União Africana decidiu permanecer em Bissau até haver total clarificação dos factos.

Por fim, reiterou que a UA não tem competência para intervir diretamente no processo político, pois o papel da missão é observar, não mediar nem proclamar resultados. Garantiu ainda que o relatório final já foi remetido à União Africana, que deverá agora avaliar os próximos passos.

Por: Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *