LIGA APONTA 2025 COMO UM ANO “CATASTRÓFICO” NO CAPÍTULO DOS DIREITOS HUMANOS NA GUINÉ-BISSAU

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH), Bubacar Turé, considerou 2025, um ano particularmente “catastrófico” em termos dos direitos humanos na Guiné-Bissau, por  “graves retrocessos” nos direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais.

A Liga denunciou o aumento de casos de violação dos direitos humanos, em 2025, na  Guiné-Bissau, e exigiu a libertação incondicional de todos os políticos detidos na tentativa de golpe de estado de 26 de novembro, bem como civis e militares “ detidos ilegalmente” na sequência de casos anteriores.

A liga fez referência às figuras que apoiaram o candidato Fernando Dias da Costa nas presidenciais, nomeadamente Domingos Simões Pereira, Octávio Lopes, Roberto Mbesba, Marciano Indi e todos os civis e militares presos nos casos anteriores, incluindo Brigadeiro-General Daba Na Walna, Major Domingos Nhanque, Toni Zamora Barbosa, Tcherno Bari e de tantos outros não identificados pela organização.   

A exigência da Liga foi tornada pública esta quarta-feira, 10 de dezembro, por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos, no qual apelou  ao retorno à ordem constitucional e divulgação dos resultados eleitorais e à  abertura de uma investigação judicial sobre o ataque às instalação da CNE-Comissão Nacional de Eleições.  

O responsável  da Organização não  Governamental disse que em 2025  o país registou “ graves retrocessos” nos direitos civis, políticos, económicos,  sociais e culturais, uma situação marcada por “detenções  arbitrárias, repressão das liberdades fundamentais,  limitações da atividade política da oposição,  raptos e espancamentos, tendo criticado a forma como o Ministério do Interior tem-se transformado num local de torturas, de espancamentos e de “violação flagrante” da Constituição e das convenções internacionais ratificadas pelo Estado guineense. 

Segundo Bubacar Turé, a prática de torturas no Ministério do Interior “atingiram  níveis alarmantes” e esses “desafios graves” como desigualdade estruturais, discriminação, ou a restrição às liberdades fundamentais e violação dos direitos humanos estão a criar muitos problemas à sociedade.

“A situação  agrava-se com a suspensão  da liberdade sindical num momento particularmente difícil para os trabalhadores, que enfrentam inflação externa e degradação contínua das condições laborais, enquanto o Dia Internacional dos direitos humanos representa um compromisso permanente com a proteção da dignidade humana”, criticou.

A LGDH defendeu, neste particular, o retorno à ordem  Constitucional com a divulgação dos resultados eleitorais das eleições  gerais de  23 de novembro, colocar o fim à prática de intimidação  e restrições ilegais às liberdades fundamentais,  tais como o levantamento da suspensão da liberdade sindical e ameaças de encerramento dos órgãos de comunicação social.

A exigiu a revogação da Carta Política de Transição que ordenou a dissolução do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público,  a abertura  de  uma investigação judicial  urgente sobre ataque aos equipamentos da Comissão Nacional de Eleições (CNE), baseando  no estabelecimento de um diálogo  nacional inclusivo, no respeito absoluto pela Constituição e pelas leis vigentes

A Liga defendeu a adoção de políticas  de inclusão, nomeadamente o reforço de  mecanismos de proteção das pessoas com deficiência, aprovação de código de proteção de infância,  da política nacional de igualdade e equidade de género, com vista à redução de desigualdades estruturais entre homens e mulheres na Guiné-Bissau. 

“É possível a divulgação  dos resultados eleitorais  de 23 de novembro, apenas uma vontade  e do Comando Militar para criar condições para  que os resultados sejam divulgados”, indicou.

Para Bubacar Turé, a defesa dos direitos humanos exige uma vigilância ativa, educação cívica, coragem ética e participação social, o que implica denunciar injustiças, combater todas as formas de descriminação e construir políticas públicas que promovam igualdade, inclusão e respeito pela diversidade.

Por: Jacimira Segunda Sia

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