Em colaboração com a SIF: GOVERNO CAPACITA AGENTES ECONÓMICOS EM MATÉRIA DE ‘LOCAÇÃO FINANCEIRA’

O Governo da Guiné-Bissau, através do ministério da Economia e das Finanças e em colaboração com a Sociedade Financeira Internacional (SOFI), leva a cabo uma sessão de formação e capacitação dos agentes económicos das pequenas e médias empresas em matéria de locação financeira (leasing). Uma missão da Sociedade Financeira Internacional que igualmente é um membro importante do Grupo Banco Mundial, encontra-se no país com o intuito de apoiar as autoridades guineenses na elaboração da legislação sobre a locação financeira (leasing – sigla em inglês).

A Televisão Nacional da Guiné-Bissau (TGB) realizou, na última sexta-feira, um debate televisivo que contou com a presença de jornalistas dos outros órgãos da Comunicação Social. O debate visava conhecer os objectivos da missão da Sociedade Financeira Internacional à Guiné-Bissau.

O painel do debate foi composto pelas seguintes personalidades: o director-geral da Economia, Mussá Sambi, em representação do Governo; o Coordenador do Projecto de Reabilitação do Sector Privado e Apoio ao Desenvolvimento Agro-industrial, Josué Gomes de Almeida, em representação do sector privado e o próprio chefe da missão da Sociedade Financeira Internacional, Georges Cohen.

O director-geral da Economia, Mussá Sambi falou durante o debate televisivo dos objectivos que o executivo guineense pretende alcançar com a vinda da missão da Sociedade Financeira Internacional ao país.
Assegurou que os diagnósticos constantes feitos pelo executivo ao plano operacional estratégico, recomenda a criação de um sector privado sólido e a diversificação da economia. Sobre o assunto, acrescentou que o governo consentiu enormes esforços em simplificar os procedimentos e com o intuito da criação de um ambiente propício para o desenvolvimento de actividade económica.
Sambi reconheceu que o executivo deve criar condições necessárias para que haja opções para o financiamento à economia o que através do qual tem feito grandes esforços nesse sentido, mas assegurou que a problemática do financiamento a economia tem constituído um estrangulamento forte ao desenvolvimento do sector privado.

“As razões justificativas das dificuldades de financiamento à economia podem ser as seguintes: há aqueles que têm a ver com a fraca organização do sector privado e a apresentação das garantias pelos operadores económicos, sobretudo as pequenas, as médias e micros empresas bem como as altas taxas de júros”, precisou.
Para melhorar o acesso ao financiamento a economia, o executivo conta com a contribuição de todas as partes interessadas, designadamente o sector privado e os parceiros técnicos de desenvolvimento.

Josué de Almeida acrescentou que o executivo deseja ver desenvolvido no país a referida modalidade do crédito (leasing – locação financeira), pelo que promove em colaboração com a Sociedade Financeira Internacional várias sessões de formação e capacitação em Bissau e que estão marcadas para os dias 24, 25 e 27 do mês em curso.

Sustentou que as sessões de formações preparadas pelo executivo contarão com a participação não só do sector privado, mas também com a presença dos representantes das instituições financeiras, dos juízes, dos advogados e demais interessados e que vão se estender às regiões e, sobretudo a Região de Cacheu nesta primeira fase.

JOSUÉ DE ALMEIDA: “GUINÉ-BISSAU PRECISA DE FINANCIAMENTO PARA SEDESENVOLVER”
Em representação do sector privado, Josué Gomes de Almeida reconheceu que há uma vontade do governo em ver implementado o seu plano estratégico 20/25. Contou que a implementação do referido plano tem como finalidade permitir que o país tire maior proveito dos seus recursos. Frisou ainda que o projecto tem duas grandes componentes e sendo uma de apoio ao desenvolvimento agro-industrial, e outra do apoio ao empreendorismo e melhoria do clima de investimento.
Este economista afirmou ainda que a Guiné-Bissau precisa de financiamento para se desenvolver, mas que precisa mais de um clima de investimento que seja propício ao desenvolvimento do sector privado.

Interrogado sobre o tipo do clima de investimento que o país preciso, respondeu que o projecto está a trabalhar na criação do referido clima e que no concernente ao acesso ao financiamento, para além desta acção de formação, o projecto está a ver a possibilidade de introdução de outro instrumento na Guiné-Bissau que são usados actualmente.
“A introdução deste instrumento vai permitir que o sector de cajú reforce a capacidade de saldo dos produtores. Se o produtor tiver a possibilidade de ter um produto de boa qualidade, e ainda ter um recibo, ele pode negociar com um banco ou com um comprador e então terá a possibilidade de ter antecipadamente algum dinheiro que poderá ser reinvestido na compra de castanha ou enveredar noutros aspectos”, explicou o economista.
Asseverou neste particular que é este o trabalho que o sector privado está a fazer, para além de outros feitos junto às alfândegas e à direcção geral de contribuições e impostos. Mas também quer que o sector privado guineense tenha o acesso ao crédito, sobretudo aqueles que o permita entrar no sector da industrialização. Contudo, reconheceu, o país não tem um banco vocacionado para o efeito e com a capacidade para dar créditos de longo prazo que permitam o investimento na industrialização.
Frisou que foi esta a situação que levou o executivo a solicitar a intervenção da SOFI, de forma a ajudar a Guiné-Bissau a obter um instrumento que possa contribuir para isso. No entanto, informou que a presença da missão no país visa sensibilizar o executivo e outros intervenientes que poderão estar interessados neste sector para poderem ajudar o Governo na criação das condições necessárias que permitam o país a ter, de uma forma mais rápida, o modelo da locação financeira.

Solicitado a pronunciar-se sobre as críticas que se fazem sobre a desorganização do sector privado, respondeu que no quadro do projecto irão lançar um concurso de ideias do negócio, dado que pretendem seleccionar 50 melhores ideias de negócio, porque sabem que as pessoas podem ter boas ideias, mas pode faltar o financiamento.
“Vamos seleccionar 25 melhores ideias de mulheres e outras 25 de homens para financiar, para que possamcomeçar a por em prática implementar os projectos. Vamos ensinar as pessoas a gerirem as suas empresas e também ensiná-las a lidarem com os bancos, de forma a poderem desenvolver-se”, disse.

O coordenador do projecto do sector privado reconhece a fraqueza da organização que representa, mas sustentou que têm outro projecto conjunto com o governo e parceiros que visa apoiar o grupo que representa.
“Vamos criar centros de gestão creditados. Esses centros de gestão vão apoiar as empresas que se formalizarem. Ao formalizar-se a empresa terá condições de ver os seus impostos reduzidos e beneficiará de apoio do governo para que se desenvolva”, contou.
GEORGE COHEN: ‘LEGIN’ É UM INSTRUMENTO DE FINANCIAMENTO PARA TODO O TIPO DE EMPRESAS”

O chefe da missão da Sociedade Financeira Internacional, George Cohen, explicou na sua intervenção o que é “leasing”. Segundo o próprio, ele é um produto que não é bem conhecido na Guiné-Bissau. Acrescentou que o produto é conhecido pelos operadores bancários bem como pelos agentes das instituições relacionadas com a regulamentação, ou seja, não é um mistério.

Informou que o “leasing “ é basicamente um instrumento de financiamento para todo o tipo de empresas pequenas, grandes e para todo o tipo das actividades. Sustentou que “uma empresa bem formalizada pode apresentar-se perante uma instituição financeira para obter financiamento”.

“Pode ser uma empresa nova ou uma empresa em desenvolvimento e com o potencial de fazer mais do dobrodaquilo que está a fazer, mas que precisa de investimento e de equipamentos para produzir. Nesta circunstância,a empresa terá a possibilidade de contactar um financiador, porque sabe que vai poder procurar o financiamento a fim de importar os equipamentos. Uma vez que a empresa tem um orçamento de investimento e das características do equipamento, entra em contacto com uma empresa de locação financeira para apresentar a sua proposta”, disse o chefe da missão da Sociedade Financeira Internacional.

“O (leasing) é uma empresa alugadora e o locatário é o empresário que trata do seu dossiê. Se a empresa forrazoavelmente sólida, geralmente o processo torna-se algo facilitado para que o locatário faça a sua operação. A empresa de ‘legin’ paga ao fornecedor do bem e o equipamento é entregue ao locatário e este tem a posse total do bem, sem qualquer possibilidade de alguém vir a mexer com o mesmo. Uma vez terminado o contrato de ‘legin’ e o pagamento das rendas de locação financeira, a empresa fica com o bem, ou melhor, a empresa pagou o bem e a titularidade jurídica do mesmo”, contou.

 

Por: Assana Sambú/Aguinaldo Ampa
Cortesia da Televisão Nacional – TGB

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