O jovem músico guineense, Ericson Camilo da Silva (Eric Daro), disse na entrevista exclusiva ao semanário “O Democrata” que apostou no estilo kizomba para conquistar o mercado internacional. O jovem cantor que deixou os relvados em 2009, devido a problemas de documentação na Europa para entrar no mundo da música, confessou o sentimento que tem para com o estilo Gumbé, mas defendeu que actualmente o estilo kizomba domina o mercado e por isso entende que deve apostar nesse estilo.
O DEMOCRATA(OD): Ericson Camilo da Silva (Eric Daro) é mais um novo talento musical guineense. Pode nos contar como foi o seu percurso até parar no mundo da música?
Eric Daro (ED): Eu era jogador de futebol até 2009. Foi exactamente em 2009 que gravei a 1ª música com apoio do grupo WMAV e neste mesmo ano, vim para Portugal. Mas antes de tudo isso, fiz playback como a maioria dos jovens da minha geração.
OD: Sabe-se que está a trabalhar no seu primeiro álbum que pretende intitular de “Vou Conseguir”.podia nos falar do projecto?
ED: Na verdade é um projeto. Está composto por um conjunto de EP’S, cada um com cinco faixas musicais. Nesta primeira fase vou lançar apenas dois EP’S (um de KIzomba e outro de Afro) e talvez para o próximo ano lanço mais dois.
OD: Porquê desse nome – “Vou Conseguir”?
ED: Este nome ou frase surgiu em 2010. Cheguei a Portugal no dia 24 Dezembro de 2009 e apercebi-me rapidamente que as coisas não eram nada fáceis e que não eram como imaginava. Como é normal, fiquei muito desanimado. Mesmo tentei jogar a bola e infelizmente não consegui devido a falta de documentação e oportunidade, pelo que decidi acabar o 12º ano e ir para faculdade.
Tive muitos obstáculos e a língua portugesa foi o principal… Para me motivar a mim mesmo, escrevi esta frase (vou conseguir) no papel e colei no meu armário que estava em frente da minha cama. Então, quando me levantava, a primeira coisa que via era esta frase “VOU CONSEGUIR”. Pode paracer algo banal, mas ajudou-me muito, porque sempre que lia a frase parecia que assumia um comprimisso para comigo mesmo. Hoje sou cantor, produtor e ator do teatro Ibisco.
OD: Daro já divulgou dois temas promocionais, “Ela Deu Mais” e “KO”. Como foram acolhidos estes dois temas pelo público, sendo que Eric é um estreante nesse mundo de arte, ou melhor da música?
ED: Para uma primeira tentativa penso que foi muito bem aceite. Como sabem o kizomba feito na Guiné ou pelos Guineenses não está muito bem posicionado em comparação com o de Angola, ou de Cabo Verde etc… Mas quando lancei estas duas faixas, foi surpresa total para o meu povo e muitos ainda pensam que não sou Guineense. Resumindo os temas estão a ser muito bem aceites, resultado disso o “Ela Deu Mais” foi comprado por um produtor para fazer parte de Mix de Kizomba Vol.III (Vidisco).
OD: Quando é que podemos contar com o seu disco de estreia no mercado e quantas faixas musicais farão parte do álbum?
ED: Se tudo correr bem ainda este ano vou lançar o projeto, um ou dois CD´S musicais. Como referi acima cada CD terá 5 faixas musicais. Quero ainda informar que neste mês, vou lançar o primeiro video do EP de kizomba.
OD: Como vê a nossa música em relação ao resto dos países africanos da língua portuguesa?
ED: Penso que a nossa música perdeu muito espaço nos ultimos 10 ou 20 anos em comparação com outros países africanos, muito por culpa nossa. Porque não consumimos o que é nosso e também por culpa dos músicos da velha guarda, que infelizmente não conseguiram acompanhar as mudanças das tendências.
OD: Na sua visão o que é que os nossos músicos e artistas devem melhorar para podermos competir em pé de igualdade com os cantores de Angola, Cabo Verde, São Tomé e Principe, Moçambique e Guiné-Equatorial?
ED: Penso que a ideia não é competir mas sim acompanhar ou completar e acrescentar mais riquezas sonoras a música africana. Mas respondendo a tua pergunta, acho que devemos inovar, impingir os nossos ritmos, ajudarmo-nos e trabalharmos em conjunto (como fez a Angola) porque só assim é que conseguiremos levar a música da Guiné mais longe do que já está.
OD: Como vê o envolvimento do Estado ou Governo na área da cultura e o que acha que deve ser feito para relançar a nossa riqueza cultural interna e internacionalmente?
ED: Estando fora não posso pronunciar-me muito sobre este assunto. Mas acho que nós é que temos que fazer por nós mesmos em primeiro lugar. O “Estado” (o povo, as rádios, os jornais etc) pode apoiar, consumindo a nossa arte, ajudando a promove-la. Já há mais de 5 ou 6 anos que o povo não pode contar com um Governo estável, por isso, não adianta contar ainda com apoio do mesmo. O meu conselho para quem tenta enaltecer a nossa cultura é fazer o que puder pela sua arte.
OD: Qual é o relacionamento de Daro com os músicos guineenses da velha e da nova geração?
ED: Tenho uma boa relação com todos os que conheço, inclusive já trabalhei com alguns no meu home studio, como por exemplo, Djipson, Mc Mário, Mc Igreja, Whigui Dog, WJ, Maio Copé, Mestre Galissa, Nigga Vaias, Lyan e entre outros.
OD: Foi fácil sair dos relvados para os palcos da música?
ED: Não foi nada fácil, as vezes quando estou a ver a bola (jogo) com a minha mãe, ela vira-se para mim e diz: em vez de jogar a bola optaste por cantar… e sabes que a música não dá dinheiro e etc… Ouvir aquilo sempre alimento o desafio de dar mais de mim para conseguir viver da arte (música e teatro) e posso dizer que estou num bom caminho.
OD: Lançou duas kizombas e um tema de Gumbé “Nha Terra”. Qual é seu estilo preferido?
ED: Eu procuro passar mensagens nas minhas músicas, por isso, neste momento, as minhas mensagens definem o estilo de música que vou fazendo. Mas gosto de R&B, HipHop, Reggae e Afro.
OD: Daro é apenas cantor ou faz outras realizações músicais, como produzir?
ED: Como referi acima, sou cantor, produtor, ator do teatro Ibisco e escrevo as minhas músicas. Às vezes escrevo para outras pessoas.
OD: Como homem de futebol, como vê o desporto-rei guineense desde a nossa selecção, os clubes, o nosso campeonato, nossos jogadores na diáspora, tendo em conta que viveu um pouco ou muito daquilo. Foi um futebolista da Guiné-Bissau no estrangeiro?
ED: Confesso que já não acompanho muito o desporto em geral. Mas acho que temos de tentar encontrar uma solução urgente para a crise em que vive a nossa seleção e arranjar motivação para os jovens que estão a jogar nos clubes da Europa, Asia e etc… para que eles possam defender a nossa bandeira. Estamos a perder muitos talentos.
OD: As outras modalidades desportivas, como a luta, judo e atletismo que nos últimos tempos deu muitas medalhas ao nosso país. Que comentário faz sobre os nossos atletas que lutam sempre para colocar a nossa bandeira ao mais alto nível nas pistas do atletismo e arenas de luta?
ED: Como já tinha referido acima, não tenho estado a acompanhar o desporto em geral. Mas de vez em quando vejo algumas notícias da Taciana Lima, o sucesso que ela está a fazer pelo mundo fora na arte que ela prática (Judo). Graças a ela já se ouviu o hino nacional da Guiné em muitos países, mais recente foi em Lisboa.
OD: Como acompanhou a recente crise política na Guiné-Bissau, não obstante estar longe do país?
ED: Não gosto de falar de política nestes contextos.
Por: Sene Camará/Assana Sambú




















Ami nan i bu fan gosta de bu musica inda localizan que mas ta matam.
matcho duno pegatesso bo; abo nan i mindjor bo…..parabens