Editorial: ÉDER, ORGULHO NACIONAL E EXEMPLO DE HUMILDADE DO POVO GUINEENSE

O avançado nascido na Guiné-Bissau, mas que representa as cores nacionais de Portugal, Éderzito António Macedo Lopes (Éder) demostrou na final do Euro – França’2016 a raça e o valor do povo guineense que tanto sofreu, mas sempre acreditou na sua independência sob o jugo colonial, que conseguiu com suor e sacrifício no dia 24 de Setembro de 1973.

Humildemente, apesar das críticas feitas a sua pessoa até ao ponto de ser apelidado de “Patinho feio”, Éder fez seu percurso normal, superando todas as dificuldades. E no final do dia transformou-se num ‘herói’, escrevendo seu nome com letras douradas na história do futebol luso, ao marcar o único golo da vitória de Portugal frente a selecção anfitriã – França por 1-0.

Éder pode servir agora de um bom exemplo para os jovens guineenses que um dia vão querer ver seus sonhos realizados, tendo como a meta, abnegação, trabalho e humildade para chegar ao mais alto nível como fez o Éderzito. Não obstante as críticas da sociedade lusa, mas nunca respondeu às provocações, mesmo depois da sua chamada pelo seleccionador luso, Fernando Santos, que igualmente gerou muita polémica em Portugal.

Afinal, o tempo é dono da verdade e já pronunciou-se, favoravelmente ao Fernando Santos e ao nosso Éder, que não precisa de tantos minutos no campo para mostrar a raça guineense, aquela garra de acreditar sempre que nada é impossível, quando a nossa força de vencer as lutas é maior que as barreiras a superar.
Éder também conhecido como “Adebayor” de Coimbra por se ter destacado no clube dos estudantes, conseguiu projetar a imagem e a dimensão da Guiné-Bissau, o seu povo maravilhoso que sempre acredita, mesmo sabendo que a travessia do deserto não lhe é fácil para andar.

O triunfo luso na final do Euro-França’2016 espelha igualmente o valor da diversidade cultural baseado no diálogo e respeito mútuo entre os atletas, sobretudo no seio de luso-guineenses Éder e Danilo Pereira, luso-angolanos, João Mário e William Carvalho, luso-cabo-verdianos, Eliseu, Nani e Renato Sanches, luso-brasileiros, Pepe e Bruno Alves. Tudo isso vem reforçar a nossa convição em relação ao proveito que Portugal vem tirando das suas antigas colonias pela transversalidade do desporto-rei.

A vitória lusa por 1-0 diante da seleção “les blues” representa um selo de golo pintado de cores da bandeira da pátria de Amílcar Cabral, que viu um dos seus filhos a sair de banco dos suplentes para dar vitória à lusofonia.
No caso concreto da Guiné-Bissa, a vitória de Portugal assinada por um guineense de origem é encarrada como um feito de ligação histórica entre Portugal e Guiné-Bissau, à semelhança do que aconteceu a 25 de Abril de 1974, onde os protagonistas da revolução eram comandantes lusos que estavam em solo guineense – “tchon sagrado”.

Éderzito é, do nosso ponto de vista, um exemplo inequívo da presença guineense na história que marca mais uma etapa importante na vida da comunidade lusitana com o tento do “Guerrilheiro” guineense Éder que silenciou os 60 mil franceses presentes no Stade de France – Sant-Denis aos 109 minutos, já no prolongamento do jogo.

Apesar de tudo isso, pouca gente continua a ignorar que a história positiva de Portugal sempre teve os guineenses em destaque. Se recuarmos mais um pouco para um passado mais recente, ou seja, a 21 de Maio de 2016 um miúdo natural da Guiné-Bissau, José Gomes foi peça fundamental na conquista do Euro sub 17 em Azerbaijão pela seleção jovem de Portugal, onde o promissor ponta-de-lança guineense apontou quase 50 por cento dos golos obtidos pela turma lusa naquela prova juvenil.

Finalmente, não somos o pior da comunidade lusófona sempre contribuimos pelo Portugal, principalmente no futebol desde a era de “gigantes do tempo” como: Renaldo, Samuel, Quennedy, Lobo, Miguel, Yanick Djaló, Toni, Edinho… Actualmente, temos na selecção lusa o Danilo Pereira e Éder e tantas outras estrelas nacionais que deixaram suas marcas nas diferentes camadas do futebol luso.

Os guineenses devem rever na figura do Éderzito nascido no Bairro d’Ajuda aqui na nossa capital Bissau, e que hoje torna-se um herói do futebol europeu e mundial, por isso, os cidadãos da Guiné-Bissau devem acreditar como acreditou Éder, saindo de “Patinho Feio” para ser orgulho português, guineense e lusófono.

 

 

Por: Sene Camará

1 thought on “Editorial: ÉDER, ORGULHO NACIONAL E EXEMPLO DE HUMILDADE DO POVO GUINEENSE

  1. Quero dar os parabéns por este excelente artigo.
    Sou do Braga e adorei ver esse jovem “cansarei” dar o seu melhor pese embora as lesões.
    Amo a Guiné-Bissau, esse país lindo de boas gentes mas, infelizmente mal governado.
    Queira Deus,que o futuro da GB seja auspicioso, como o do Ederzito !

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