Opinião: FUTEBOL GUINEENSE & EUFORIA POPULAR – CASO DE ESTUDO

  1. Situação Global

O futebol assume mundialmente inegável importância política, social e económica, seja na Guiné-Bissau, seja em qualquer parte do planeta. A pessoa singular ou coletiva que observa, planeia e pratica o desporto tem a consciência de que, por trás dos records de medalhas, do espetáculo desportivo, da prática recreativa ou até mesmo da atividade desportiva “amadora” ou “profissional” se encontram organizações e estruturas desportivas, infraestruturas e recursos humanos que têm de ser geridos e potencializados.

Obviamente, o desporto assim como qualquer outra atividade do domínio social, tem de ser planeado, organizado, fiscalizado, atendendo as suas especificidades.

É, por conseguinte, indesmentível que na Guiné-Bissau, em pleno século XXI, a gestão de futebol tem transitado de uma fase de crescimento e de afirmação das décadas 1980 e 1990, para uma fase de consolidação a vários níveis. Representa um setor profissional em franco “crescimento”, uma vez que constitui uma área que requer permanente formação técnico-profissional, pois dispõe de um considerável potencial que precisa ser trabalhado e com séria possibilidade de granjear credibilidade social e econômica.

A nível internacional, o futebol é uma realidade em grande expansão em determinados países e regiões (e.g. Brasil, Inglaterra, Alemanha ou Espanha) e noutros países e continentes ele configura-se como uma realidade em plena evolução (e.g. China, Turquia, Qatar, etc.).

Assim sendo, para a promoção e desenvolvimento futebol nacional, onde quer que seja já não bastam conhecimentos e práticas em que se sobrevaloriza o conhecimento empírico, exige-se o competente desempenho de profissionais com formação qualificada e especializada. Deste modo, face ao reconhecimento científico, social e profissional de futebol, justifica-se plenamente a existência de gestão de futebol nacional, em diversos domínios científicos, bem como, a prossecução da valorização dos ativos, através da mobilização de parcerias, criação de sinergias com entidades congéneres a nível (continental e internacional).

  • Contextualização

A situação do desporto nacional em geral, e do futebol em particular, tem estado, há muito tempo, aquém do desejável, não obstante algumas “melhorias” havidas a mercê da nossa participação nas duas últimas edições do CAN/2017/2019.

No entanto, as constantes interrupções dos calendários desportivos, défice de infraestruturas desportivas, motivadas pelas sucessivas faltas de investimento público no setor, têm influenciado negativamente o futebol guineense, desde a fraca competitividade dos atletas, baixa produtividade e baixo rendimento desportivo, sobretudo dos atletas que atuam a nível nacional.

O fraco investimento em infraestruturas desportivas tem comprometido as iniciativas de desenvolvimento do setor; os recursos materiais e humanos são escassos, assim como, as infraestruturas desportivas capazes de assegurar o desenvolvimento do desporto, sobretudo escolar, tanto para os treinadores, quanto para os atletas.

Vale a pena ressaltar, por outro lado, que o futebol guineense ainda “consegue”, apesar dos apesares, contribuir para a redução das “assimetrias sociais” no país. As assimetrias sociais essencialmente entre pessoas oriundas de famílias de baixa renda são preocupantes, com ênfase nas zonas rurais e nos bairros periféricos de Bissau. Entre os principais constrangimentos e ameaças ao futebol guineense destacam-se o seguinte:

  1. Fraca qualidade das infraestruturas desportivas;
  2. Baixo nível de formação técnica e pedagógica dos técnicos, em termos quantitativos e qualitativos;
  3. Atrasos nos pagamentos de salários dos técnicos desportivos;
  4. Incumprimento dos calendários desportivos programados, além do fraco investimento por parte dos sucessivos Governos no setor desportivo.
  5. Falta de estratégia e de “trasnparência” da FFGB na gestão dos fundos posto a sua disposição, em prol do desportivo-rei: FUTEBOL.

Contudo, espera-se que os amantes guineenses do desportivo-rei continuam acreditando nos dias melhores para o nosso futebol, na medida em que muito mais que “ganhar” ou “participar” nas competições internacionais, “o futebol é e será um fator de união e de paz social, em países como nosso, contribuindo sobremaneira para a redução da pobreza”.

Por: Santos Fernandes

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