Marcha pacífica: CIDADÃOS INCONFORMADOS EXIGEM A RENÚNCIA DO PRESIDENTE JOMAV

Centenas de guineenses saíram hoje às ruas de Bissau numa marcha pacífica para exigir o retorno à normalidade constitucional, através de uma iniciativa levado ao cabo pelo Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI) que propõe como solução para saída da crise vigente, a dissolução do parlamento ou mesmo a renúncia do Presidente da República, José Mário Vaz (JOMAV) do seu cargo.

A marcha que congrega diferentes organizações que se reclamam da sociedade civil guineense teve o seu início no Palácio de Governo e culminou com manifestações e discursos na Praça dos Heróis Nacionais (Praça do Império) no coração da capital da Guiné-Bissau.

Enquanto os marchantes percorriam a Avenida Combatentes da Liberdade da Pátria, do Palácio do Governo à Praça do Império, um outro grupo de manifestantes, se encontravam nos arredores da Praça dos Heróis Nacionais, uns na zona da Avenida Amílcar Cabral, que liga coração de Bissau ao Cais de Pindjiguiti com olhos postos à Presidência da República e outros frente à sede nacional do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

É visível entre os manifestantes lenços brancos e alguns objetos encarnados apontados em direção ao Palácio da República como sinal de expulsão do JOMAV das funções do Chefe de Estado. Os apitos ensurdecedores penetravam-se nos ouvidos de quem se encontrava no local da manifestação contra a crise política que o país atravessa a mais de um ano.

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Na Democracia O Povo é Quem Ordena – Povo Corda Dja! Em português ‘O Povo já acordou! Lê-se num dístico gigante instalado na Praça dos Heróis Nacionais desde a primeira hora das manifestações. A paz, Basta, Povo I Ka Lixu – O Povo Não É Lixo, Exigimos a dissolução da ANP e a realização das eleições antecipadas, Competência… SIM – Favoritismo, Não!!!. Ouvia-se também: JOMAV rua…PAIGC também são responsáveis pela crise…os políticos não têm nada para dar ao povo…os deputados das Nação estão a prestar mau serviço ao povo…

As outras mensagens nos dísticos dizem que o povo guineense reclama o fim da crise política, para que haja a estabilidade governativa, escola, saúde, emprego e combate a pobreza. Os manifestantes acreditam que com a união de todos pode se fazer deste país uma grande Nação!

Os organizadores da marcha além de terem batizado a Praça do Império com o nome de Praça da Democracia, apresentaram registos sonoros das promessas eleitorais do actual Chefe de Estado, José Mário Vaz, registo auditivo do João Bernardo Vieira durante a proclamação da independência unilateral da Guiné-Bissau e as mensagens do falecido Presidente Malam Bacai Sanhá nos momentos conturbados do seu mandato.

Os “Djurtus” – a nossa seleção nacional de futebol foi lembrado pelos marchantes, que enalteceram o feito inédito dos rapazes de Mister Candé que colocaram pela primeira vez na história a Guiné-Bissau numa fase final do Campeonato das Nações Africanas – CAN-2017 a realizar-se no Gabão, rebaixando o empenho negativo dos políticos que na visão do movimento não têm feito nada para o bem-estar do povo guineense.

MOVIMENTO CONSIDERA DE POSITIVO A MARCHA PACÍFICA

O Membro da Direção do Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI), Bernardo Mário Catchura, considera de positivo a marcha, tendo em conta o número elevado dos cidadãos que participaram e civismo verificado bem como o nível do comportamento praticado no decorrer do evento.

“Nível do comportamento dos marchantes surpreendeu os elementos do movimento, porque assumimos risco para organizar esta marcha, mas as pessoas colaboraram como também as forças da segurança que limitaram a fazer o que lhes competem, portanto o balanço da manifestação foi positivo e encorajador”,informou.

Questionado se o movimento está esperançado que o José Mário Vaz levará em conta o pedido dos cidadãos no que se refere a dissolução do Parlamento ou renunciar o seu cargo, Bernardo Mário Catchura, explicou que a mensagem foi deixada ao Chefe de Estado e cabe-lhe acatar ou não. Segundo o ativista, o movimento vai continuar a fazer manifestações até quando José Mário Vaz tomar uma decisão responsável que pode contentar o povo da Guiné-Bissau.

 
Por: Aguinaldo Ampa/ Sene Camará
Foto: Marcelo Ncanha Na Ritche

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