TRABALHADORES DA APGB REAGEM CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO PORTO DE BISSAU

O sindicato dos trabalhadores da Administração dos Portos da Guiné-Bissau (APGB) insurgiu-se, hoje, 18 de julho 2017, contra a tentativa de privatização do principal porto do país, em Bissau, pelo governo guineense. Em reação à intenção, o presidente do sindicato de base dos funcionários do único porto de exportação do país, Ivo da Silva Cá, pediu a intervenção do Chefe de Estado, José Mário Vaz, para inviabilizar o processo porque, segundo disse, “não há motivos para a concessão do porto da capital guineense a terceiros interesses”.

Em conferência de imprensa convocada para reiterar a posição dos trabalhadores relativamente à privatização da APGB, Ivo Cá revelou que o sindicato tem informações seguras de que o governo já criou uma comissão de sete elementos encarregue de avaliar o processo da concessão de APGB.

“Esta comissão já elaborou e distribuiu o caderno de encargos no dia 27 de junho passado, às 10.00 horas sem, no entanto, ter dado conhecimento ao sindicato como representante de todos os trabalhadores da Administração dos Portos da Guiné-Bissau. Sem conhecimento dos trabalhadores e do sindicato, como é possível elaborar e distribuir o caderno de encargos”, questionou Ivo Cá.

O sindicalista revelou ainda que a comissão em causa deve entregar o relatório dos trabalhos ao governo no próximo dia 24 de julho.

Para impedir que o processo tenha sucesso, Ivo Cá afirmou que o sindicato tem estado em contato permanente com as entidades ligadas ao assunto, através de apelos inclusive ao Chefe de Estado de quem querem uma intervenção, na qualidade do Primeiro Magistrado da Nação, para utilizar a sua influência junto do executivo para impedir que o porto seja privatizado.

O sindicato teme que a viabilização do processo coloque tanto o país como os trabalhadores da APGB numa situação difícil. Convidaram o Chefe do Estado, José Mário Vaz, a visitar e constatar “in loco” os trabalhos feitos no parque de contentores do porto cuja obra de pavimentação foi financiada apenas com receitas internas da APGB.

“Se ontem o sofrimento e a situação dos trabalhadores do porto eram com os colonialistas, hoje não merece ser com dirigentes guineenses. O sindicato está contra a privatização do porto de Bissau, porque não há motivos para tal”, afirma Cá.

De acordo com Ivo Cá, uma das empresas interessadas pretende manter os cem por cento dos funcionários, mas por um período de cinco anos, fato que a direção do sindicato não aceitou, invocando que depois dos cinco anos a empresa pode usar qualquer argumento, “como, por exemplo, o elevado número de trabalhadores ou outros motivos para correr com muitos funcionários”. Face à situação, Ivo Cá pediu primeiro, que o governo apresente ao sindicato o diagnóstico da privatização do porto.

Ivo Cá diz duvidar do formato como o atual governo pretende avançar com o processo de privatização numa altura em que a plenária da Assembleia Nacional Popular está inativa, o Orçamento Geral do Estado e o Programa do Governo estão pendentes, porque não foram discutidos e aprovados. Por isso, o sindicalista questiona a legitimidade da decisão.

O Sindicato diz não ter conhecimento da privatização da APGB, desmentindo as declarações do ministro da tutela nos órgãos de comunicação social, Fidélis Forbs, nas quais teria alegado que tanto o sindicato como os trabalhadores sabiam do processo, acrescentando que o executivo deliberou sobre o processo da APGB a dia 23 de fevereiro, mas os trabalhadores só foram recebidos pelo Ministro a 26 de maio de 2017.

 

 

Por: Sene Camará

Foto: SC

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