O chefe de Estado guineense, Úmaro Sissoco Embaló, admitiu esta quarta-feira, 07 de outubro de 2020, que tudo pode ser negociável sobre a eventual integração do PAIGC no governo, exceto a figura de primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian. Embaló reagia às especulações sobre uma eventual remodelação governamental que permitiria a integração dos libertadores (PAIGC), depois do encontro que manteve, a 01 de outubro deste ano, com uma delegação do PAIGC.
Sissoco, que falava no aeroporto Internacional Osvaldo Vieira antes de deixar o país para uma visita de três dias a Portugal, frisou que se tivesse que o fazer negociaria até a presidência, mas nunca fá-lo-ia com a figura de primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian. Porém, alertou que o fator de separação entre os dois poderá ser o da corrupção e avisa que será “intolerante no combate a esse flagelo, venha de quem vier”.
Úmaro Sissoco Embaló considera o terceiro mandato um golpe de estado, mas não quis comentar se existe a possibilidade ou não de fazer uma remodelação, no âmbito de formação de um governo de consenso, que integre o PAIGC e remeteu a questão ao chefe de governo.
O chefe de Estado guineense disse que a sua deslocação a Portugal demostra o quanto é o grau de aproximação entre os dois países, por isso destaca Portugal como a chave de entrada da Guiné-Bissau para o espaço da União Europeia. “Enquanto chefe de Estado guineense, trabalharei mais no reforço das relações entre Bissau e Lisboa que veem de há séculos e brevemente espero que o Presidente Português, Marcelo Rebelo Sousa, e o seu primeiro-ministro, António Costa, visitem a Guiné-Bissau”, indicou.
Questionado sobre a possibilidade de reunir-se com o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e discutir a questão de segurança para o seu eventual regresso ao país, Sissoco Embaló abre a possibilidade caso seja solicitado, mas quanto à segurança esclarece que “não há cidadãos especiais na Guiné-Bissau”.
“Sou obrigado a receber todos os líderes dos partidos políticos do meu país, desde que haja solicitação neste sentido, bem como garantir a todos os cidadãos igual proteção. Mas a segurança?! Quem não a tem? Não somos a cidade de Texas cheia de milícias com armas nas ruas, não. Essa desordem acabou desde o dia 29 de fevereiro de 2020”, frisou.
Úmaro Sissoco Embaló disse que vai transmitir à comunidade guineense residente em Portugal a mensagem de esperança de que a Guiné-Bissau assumiu novo paradigma de mudança, que garante o retorno dos guineenses ao país.
Em relação aos médicos formados em Portugal e que continuam a trabalhar naquele país, Embaló revelou que uma das políticas da sua administração é encorajar e criar condições para o regresso de todos os médicos guineenses do exterior para o país. Sobre o assunto, o chefe de Estado guineense disse que o Presidente senegalês, Macky Sall, terá manifestado, no quadro da cooperação entre os dois países, o interesse de envio de quadros médicos especialistas do Senegal, em reforma, para capacitar ou especializar os técnicos nacionais internamente, bem como também terá recebido garantias da Nigéria.”Mas neste momento o que interessa é ver os técnicos nacionais assumirem esse desafio, mesmo sabendo que não serão pagos como em Portugal ou em qualquer outro país”, assinalou.
Em reação à detenção na segunda-feira, 05 de outubro de 2020, de dois ativistas políticos do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Queba Sané e Carlos Sambú, o Presidente da República disse ter recebido garantias do Procurador-Geral da República e da Diretora Nacional da Polícia Judiciária sobre abertura de um inquérito para encontrar os raptores dos dois cidadãos.
Sobre o encerramento de fronteiras com a Guiné-Conacri que está em campanha eleitoral para as presidenciais de 18 de outubro, Embaló lembrou que no texto da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) esse procedimento é observado apenas 24 horas antes e depois do processo de votação e nega ter havido alguma comunicação oficial entre as duas autoridades (Conacri e Bissau).
“A Guiné-Bissau não uma ameaça a nenhum país. Poderia tê-lo feito com o Senegal e a Serra Leoa, mas não com o nosso país! Nós nunca vamos fechar as nossas fronteiras com o nosso vizinho, porque não representamos nenhuma ameaça”, afirmou.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S
















