Ataque ao quartel de Kindia: ARMAS NÃO SAIRAM DA GUINÉ-BISSAU

O ministro da defesa nacional, Sandji Fati, considerou na segunda-feira, 26 de outubro de 2020, de “Fake News” as acusações das autoridades conacri-guineense que alegam que as armas usadas no ataque ao aquartelamento dasforças especiais “Samoreya”, em Kindia saíram da Guiné-Bissau. 

O tenente general na reserva que dirige o ministério da defesa nacional recomendou ao governo conacri-guineense que se preocupe com o seu problema, tendo assegurado que a forma de resolver a situação existente e que é do conhecimento das autoridades dos dois países.  

Nas vésperas das eleições presidenciais da Guiné-Conacri que decorreram a 18 de outubro, um grupo de pessoas armadas atacou o aquartelamento “Samoreya”. 

Na sua primeira reação à imprensa local, o ministro conacri-guineense da Segurança e Proteção Civil, Albert Damantang Camara, disse que dispunham de informações que considera de “dignas de crédito”, indicando que as autoridades da Guiné-Bissau introduziram armas no seu país. A Guiné-Bissau partilha uma longa linha fronteiriça com a Guiné-Conacri nas províncias leste e sul.

“A Guiné-Conacri deve preocupar-se com o seu problema. A exportação de armas da Guiné-Bissau para a Guiné-Conacri é pura ‘Fake News’, porque não corresponde a verdade. Outra coisa é que nós temos a nossa missão diplomática em Conacri e a Guiné-Conacri tem a sua missão diplomata em Bissau. Havendo alguma coisa que tenhamos feito e que consideram anormal dentro da convenção de Genebra, há canais para se resolverem essas situações. Não podemos acreditar nas coisas que ouvimos no mercado de Bandim e que podem ser apenas rumores”, assegurou Sandji Fati, depois da visita às instalações da Marinha de Guerra Nacional, com o objetivo de constatar “in loco” o estado das casernas que se encontram degradadas.

O governante sublinhou que a situação, a nível das fronteiras com Guiné-Conacri está boa, contudo, disse que não deixa de ser preocupação para o governo. Acrescentou que acusações daquele país vizinho contra a Guiné-Bissau não correspondem a verdade, porque “dizer que as armas foram tiradas da Guiné-Bissau para a Guiné-Conacri é apenas para confundir as mentes menos esclarecidas”.

“As armas são registadas com nomes e apelidos, mas curiosamente muitas pessoas desconhecem isso. Uma arma (AK-47) tem número e nome, portanto não posso dizer que esta arma é da Fátima TchumaCamará e se não for a mesma que lhe foi afetada, porque ela (Fátima) tem nome e apelido. Não posso em nenhuma circunstância ver a Indira e dizer que é a Fátima, dado que os seus nomes e apelidos não são iguais. Portanto é assim também que as armas são, ou seja, são todas registadas”, contou.  

Sobre a situação da marinha de guerra nacional, Fati lembrou que as instalações da marinha de guerra fazem parte do conjunto das infraestruturas que a Guiné-Bissau recebeu à data da independência, tendo frisado que foram construídas no período a luta de libertação nacional e que já levam meio século sem que houvesse uma intervenção para a sua reabilitação. 

Explicou que o governo concluiu que é preciso fazer infraestruturas de raiz e adequadas às condições humanas e de habitabilidade, tendo recordado que os quartéis do país são todos quartéis de campanha herdados dos colonialistas e que foram feitos em formato de “vivac” semelhante às tendas que serviram de inspiração para a construção naquela altura.

“Vê-se que no período de águas vivas, a marinha enfrenta situações difíceis e muito lamentáveis. Por isso viemos hoje solidarizarmo-nos com os nossos camaradas e dizer-lhes que estamos preocupados com a situação. Dentro de algum tempo, as pessoas verão as coisas que iremos fazer, porque é preciso encontrar locais para os quartéis que serão deslocados” disse para de seguida criticar que não  podemos ficar conformado como “damos comida aos militares, porque qualquer ser humano come onde está. Aos militares devem ser criadas as condições adequadas para que tenham tudo o que é necessário para cumprir cabalmente a sua missão”.  

Relativamente a questão do serviço militar obrigatório, o ministro da defesa realçou que é extremamente importante para um país multi-étnico, multireligioso e multicultural adotar o serviço militar obrigatório, que no seu entender, permitirá que haja a coesão nacional.

“Todos os cidadãos devem estar ligados às forças armadas para que as forças armadas possam transformar-se numas forças armadasrepublicanas. 

Não podem ser as forças armadas de António, de Joaquim ou Manuel, mas sim forças armadas republicanas e para isso é preciso que toda a gente seja capaz de prestar o serviço à pátria. A partir do serviço militar obrigatório é que se fará a distribuição para as outras estruturas das forças de segurança, como por exemplo, a Polícia, Guarda Nacional, a Polícia Judiciária. E para a Brigada de Ação Fiscal (BAF) que todo o mundo quer hoje, mas não se pode ir para a BAF sem passar pelo serviço militar obrigatório”, disse.  

Por: Carolina Djemé/Assana Sambú  

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