CAEEP CRITICA O PREÇO DA VENDA DE UNIFORMES E CONAEGUIB APOIA DECISÃO DO GOVERNO

[REPORTAGEM dezembro 2020] A Confederação dos alunos das Escolas Públicas e Privadas (CAEPP) criticou a forma como foi implementado o uso de uniformes nas escolas públicas e privadas, como também o preço de 7500 (sete mil quinhentos) francos cfa anunciado para a vendados mesmos, que considera muito elevado. Enquanto a Confederação Nacional dos Estudantes da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), apoia a decisão do governo de fixar o preço de sete mil quinhentos (7.500) francos CFA por uniforme.  

A implementação do uso dos uniformes escolares e o preço a que está a ser comercializado está a dividir os estudantes e inclusive a sociedade guineense, dado que alguns interpelados pela nossa reportagem contestam a sua implementação, sobretudo repudiam o preço dos uniformes que consideram ser muito alto num país em que a maioria da população vive na pobreza. E aliás a mesma crítica é feita pelos próprios pais e encarregados da educação, que dizem não com a implementação do uniforme e queriam que os estudantes continuassem com as uniformes antigas até o fim do ano letivo.

CAEEP APOIA GOVERNO E CRITICA ALFIANTES DE CONFICIONAR MAL OS UNIFORMES

A posição da Confederação foi tornada pública por Alfa Umaro Só, presidente da organização estudantil, em entrevista ao jornal O Democrata, na qual disse que o executivo decidiu de forma unilateral a implementação do uso de uniformes sem ouvir as organizações estudantis.

“O uso de uniformes está a criar muitos problemas, porque aassociação dos alfaiates não conseguiu tirar medidas aos alunos e, em consequência, alguns uniformes estão mal confecionados”, referiu. Apesar da crítica, Alfa Umaro Só diz concordar com a implementação do uso de uniformes nas escolas públicas e privadas nacionais. 

“Como responsável dos estudantes das escolas públicas e privadasnacionais não vamos permitir que nenhum aluno seja expulso da sala das aulas por causa de uniforme, porque o preço está muito elevado e também alguns uniformes não são parecidos”, avisou.

Umaro Só apelou, por isso, ao ministro da Educação  a gerir melhor essa situação e passar nas escolas para verificar o cumprimento da medida.

Umaro Só denunciou, na mesma entrevista, que nas aldeias onde não existem bancos, os pais pagam diretamente nas mãos dos responsáveis para poder conseguir uniformes.

CONAEGUIB APOIA GOVERNO QUE FIXOU O PREÇO DOS UNIFORMES EM SETE MIL QUINHENTOS FCFA

Contrariamente à posição da Confederação dos alunos das Escolas Públicas e Privadas, o presidente da Confederação Nacional dos Estudantes da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), Bacar Darame, apoia a decisão do governo de fixar o preço em sete mil quinhentos (7.500) francos CFA por uniforme, porque “está enquadrada no âmbito das reformas do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior”.

“Estamos de acordo com a implementação do uso dos uniformes porque irá acabar com a aparente desigualdade social entre alunos e também vai reduzir as despesas dos pais e encarregados de educação”, afirmou, adiantando que o Ministério da educação Nacional e Ensino Superior deve ser uma entidade que facilite a vida dos cidadãos.

“Mas deve haver primeiro uma sensibilização. A população deve ser informada melhor da medida de implementação de uniformes nas escolas públicas e privadas”, sugeriu.

Ao seminário de O Democrata, o líder associativo defendeu que o ministro da Educação Nacional e Ensino Superior deveria ter reunido com as organizações estudantis para ouvir as suas opiniões antes da implementação das reformas no sistema educativo guineense. Neste sentido, apelou aos atores da sociedade civil, aos alunos e à população em geral para tratar este problema com ponderação, não criar alarmismo e procurar um consenso para o bem de todos.

Em representação da Associação dos Pais e Encarregados de educação, Abú Indjai disse que a organização não está de acordo com o preço de sete mil e quinhentos (7500) francos CFAestipulado pelo Ministério de Educação Nacional e Ensino Superior para adquirir uniforme, sobretudo nas regiões do país.

“Queríamos que os alunos continuassem com os antigos uniformes, só para terminarem este ano letivo 2020/2021. Depois a partir do próximo ano letivo 2021/2022, o Ministério de Educação poderia implementar o uso dos novos uniformes”, pediu, afirmando que “estamos na crise, os pais com mais de três filhos não vão conseguir dinheiro para comprar uniformes”.

Ouvido pelo jornal O Democrata, o Diretor do Liceu Salvador Allende, Tiago Campos de Rodrigues, sublinhou que o uso dos uniformes é uma decisão do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior que todos devem cumprir para o bem-estar do país.

“No nosso Liceu já temos os uniformes disponíveis para todos os alunos e todos os pais e encarregados de educação devem esforçar-se para comprá-los uniformes”, disse.

ALUNOS DIVIDIDOS PELO PREÇO DE UNIFORME E QUALIDADE DO TECIDO

Por sua vez, a aluna do Liceu Rui Barcelo de Cunha, Nuelma Có, sublinhou que está de acordo com o preço e a implementação dos uniformes, e sugeriu que fosse mudado o tecido por este não ter qualidade.

Outro aluno entrevistado pelo Democrata, Certório Francisco Nhaga, referiu que o preço está muito elevado e que estão em crise por causa da pandemia. 

“Na minha opinião o preço deveria baixar para cinco mil francos CFA, um valor acessível e que vai permitir que todos tenham acesso aos uniformes”, defendeu.

Enquanto isso, a Direção de serviço de administração escolar do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior referiu que o preço dos uniformes está acessível, porque os alunos ficaram isentados das taxas de matrícula e das mensalidades.

Iaia Nhamadjó diretor de serviço de administração escolar do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior, avançou que em relação às escolas privadas, os alunos devem usar os uniformes, porquanto “não há um novo despacho que revogue o anterior”.

“Portanto, a partir de janeiro obrigatoriamente todos os alunos das escolas públicas e privadas devem usar os uniformes”, avisou.

ESCOLAS PRIVADAS CRITICAM GOVERNO E AFIRMAM QUE CADA ESCOLA TEM A SUA IDENTIDADE

O Democrata ouviu alguns responsáveis de algumas escolas privadas sobre a medida da implementação de uniformes escolares a nível nacional, tanto para as escolas públicas como para as privadas e o prazo determinado para sua implementação termina a 31 de dezembro de 2020. Ou seja, a partir do próximo ano escolar anenhum aluno será permitida a frequência às aulas sem a uniforme. 

A decisão do ministério da Educação foi criticada pelos responsáveis das escolas privadas interpelados pelo semanário O Democrata. Para o coordenador de assuntos externos da Escola Privada “Bá Biague”, o ministério da Educação precipitou-se em adotar a referida medida. 

Em reação à medida, a diretora da Escola Lusófona “Menino Jesus”, Maria Verónica Rendann Sá, disse não concordar com a decisão, porque cada escola privada tem a sua ideologia e identidade.

O Coordenador de assuntos externos da Escola Privada “Bá Biague”, Aladje Amadú Candé, referiu que o ministério da Educação Nacional e Ensino Superior precipitou-se ao tomar adecisão de uso obrigatório de uniformes nas escolas públicas e privadas.

“O ministério deveria ter reunido com os responsáveis das escolas privadas para ouvir as suas opiniões no que concerne à medida de uso de uniformes, mas não o fez. Ficamos surpreendidos com esta decisão”, assegurou e disse que a escola conseguiu suportar as despesas e cobrir as necessidades, sobretudo o pagamento de salários aos seus funcionários através da venda de uniformes. 

Questionado sobre os efeitos que a medida pode ter nas finanças das escolas privadas, Aladje Amadú Candé explicou que, até antes da produção do artigo, que estavam em negociação com o Ministério da Educação, por meio da Federação da Associação das Escolas Privadas, disse esperar que encontrariam uma solução satisfatória para o bem-estar do ensino guineense.

Interpelada pelo jornal O Democrata sobre a posição da escola em relação a medida, a  diretora da Escola Lusófona “Menino Jesus”, Maria Verónica Rendann Sá, referiu que  a sua instituição escolar não concordou com a decisão, pelo menos durante este ano letivo, porque “os pais já tinham comprado uniformes produzidos pela escola”.

“Antes da decisão, cada escola produzia os seus próprios uniformes, de acordo com a sua ideologia e identidade”, precisou.  

Para Maria Verónica Rendann Sá, o governo deveria preocupar-se mais com os programas e currículos das escolas, bem como com a orientação pedagógica, e não com o uso de uniformes.

“Estamos num país democrático e o governo não deve obrigar as escolas privadas a usar os seus uniformes, porque cada escola tem a sua ideologia e identidade”, notou. 

Para uma das alunas do Centro Escolar “Attadamun”, Maria Lima Dias, a decisão do executivo deveria ter sido reconsiderada, porque os alunos já tinham comprado os seus uniformes e que foicomplicado conseguir dinheiro novamente para comprar outro uniforme.

“Estamos no período de crise económica e os nossos pais não estarão em condições para comprar outro uniforme. O ministério da Educação deveria deixar as escolas privadas fora desta medida, neste ano letivo. “E no próximo ano letivo a medida poderia ser implementada sem problema nenhum”, contou.  


Por: Noemi Nhanguan

Foto: N.N

Dezembro de 2020

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