O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, disse que tendo em conta aquilo que une guineenses e cabo-verdianos do ponto de vista da história, da cultura e das cumplicidades imensas entre os dois países, não percebe a razão e, “apesar de sermos países vizinhos e de partilharmos várias organizações sub-regionais, regionais, internacionais, não temos relações a nível político, diplomático, de cooperação fortes e próximas”.
O Chefe de Estado cabo-verdiano fez estas declarações no aeroporto internacional Osvaldo Vieira na manhã desta segunda-feira, 18 de janeiro de 2020, após a sua chegada para uma visita oficial de quatro dias, de 18 a 21 do mês em curso, e fez-se acompanhar do ministro da Presidência do Conselho de Ministros, deputados da nação, empresários e membros do seu gabinete.
Esta é a primeira visita de um Chefe de Estado cabo-verdiano ao solo pátrio de Amílcar Cabral [Guiné-Bissau], desde a sua independência do jugo colonial em 1974 e coincide com a abertura, pela primeira vez, da Embaixada de Cabo Verde no nosso país.

O governo cabo-verdiano designou na semana passada o seu Embaixador para a Guiné-Bissau e que já recebeu “Agreement – Aceitação” das autoridades da Guiné-Bissau, através do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
Jorge Carlos Fonseca foi recebido no aeroporto pelo seu homólogo guineense, General Umaro Sissoco Embaló com a guarda de honra constituída pelos três ramos das forças armadas guineenses.
O primeiro-ministro guineense e membros do governo, as chefias militares, corpo diplomático e elementos do gabinete do Presidente Embaló estiveram no aeroporto para receber o ilustre hóspede.

O Grupo Balé Nacional “Esta é a nossa Pátria” esteve também no aeroporto internacional para receber o Presidente Fonseca com animação e dança tradicional. Os dois chefes de Estado pararam alguns segundos para saudar e ver a dança tradicional daquele grupo.
O Presidente Jorge Carlos Fonseca explicou, na sua declaração aos jornalistas que aceitou o convite para visitar a Guiné-Bissau, com o propósito de demostrar ou deixar o testemunho que pretendem com a Guiné-Bissau abrir uma nova página na relação entre os dois países, contudo esclareceu que “é claro que não é a relação dos anos 1970, mas é uma relação mais próxima numa base diferente em que os dois países se respeitem e que possam cooperar com benefícios mútuos”.
“Dois países que se constituem democracia e um Estado de direito, portanto é nesta base e neste contexto que estou aqui e, sobretudo, para dizer que Cabo Verde e a Guiné-Bissau têm que estar unidos, juntos e próximos, independentemente das conjunturas políticas e de quem é o Presidente ou primeiro-ministro. Ou qual é o partido está no poder! Isso não pode impedir que Cabo Verde e Guiné-Bissau estejam juntos, porque o que nos une é a história, a luta e a fraternidade, portanto podem mudar os governos, o Presidente da República e a maioria no Parlamento. Temos que criar uma base forte e sólida para que Cabo Verde e Guiné-Bissau estejam sempre juntos e trabalhem juntos para defender os princípios que são comuns na União Africana, na CEDEAO e na CPLP, mas sobretudo criar também uma aproximação humana mais intensa e forte entre guineenses e cabo-verdianos”, assegurou.
Sublinhou que espera que a sua visita constitua um novo ponto de partida nas relações entre os dois países, por isso conta com o Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, o governo e os profissionais da comunicação social e os analistas políticos, que segundo ele, podem criticar e dar opinião, mas frisou que é preciso preservar aquilo que considera de fundamental que é a história, a luta e a cumplicidade entre a Guiné e Cabo Verde.

Para o Chefe de Estado guineense, Úmaro Sissoco Embaló, a Guiné-Bissau e Cabo Verde têm laços históricos. Tiveram um partido Estado único e são irmãos, por isso sustenta que o Presidente Jorge Carlos Fonseca é bem-vindo na sua casa. Embaló aproveitou a oportunidade para anunciar que fará uma visita oficial a República de Cabo Verde antes das eleições legislativas.
Assegurou que a primeira vez que esteve com o Presidente Jorge Carlos da Fonseca foi nos Estados Unidos e quando era Primeiro-ministro e disse-lhe que pretendia elevar o nível das representações diplomáticas e quando regressou ao país propôs ao antigo Presidente da República, José Mário Vaz e este aceitou a sua iniciativa de elevar o nível de relações entre os dois países lusófonos.
“Hoje recebi uma visita muito especial do irmão Presidente Jorge Carlos Fonseca. Como sabem é a primeira visita oficial do Presidente da República irmã de Cabo Verde a Guiné-Bissau. Outros presidentes de Cabo Verde vieram aqui, nas cimeiras e tomadas de posse e da mesma forma também que nenhum presidente guineense efetuou uma visita oficial a Cabo Verde”, sublinhou.
Por: Aguinaldo Ampa/Assana Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche



















