GOVERNO INICIA RETIRADA DE TRONCOS DE MADEIRAS DAS MATAS

O governo iniciou a retirada de troncos de madeira cortados de  2015 a 2020, e que ainda se encontravam nas matas do país, para concentrá-las nas unidades militares. A operação iniciada esta segunda-feira, 18 de janeiro de 2020, em Sintchã-Bobo Macána, setor de Ganado, região de Bafatá, foi alargada também à localidade de Cante-Cunda e decorre em duas fases. 

A primeira fase, que teve início no domingo, decorre na região de Bafatá, nomeadamente: no setor de Ganado, Xitole e deverá estender-se a Cossé. A segunda na região de Oio, setor de Mansoa, nas terças e quartas-feiras.

A operação que deverá terminar só no próximo dia 31 do mês em curso, a nível de Ganado, integra a delegação da direção-geral do Ambiente, chefiada pela sua inspetora-geral, Isabel Sanhá, a Polícia Judiciária (PJ), o Ministério Público (MP), a Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente (BPNA) da Guarda Nacional (GN), liderada por Bacar Fati.

O volume total das madeiras localizadas em Bafatá e Oio é de vinte e quatro mil toros de madeira, deste número estima-se que cinco mil estejam já numa das unidades militares de Bissau. E neste momento falta retirar das matas dezanove mil troncos.

As madeiras que estão a ser drenadas serão concentradas nos quartéis de Bafatá e Mansoa onde aguardarão o destino final. Ou seja, serão vendidas e parte do dinheiro será revertida para as comunidades vítimas da prática de abate descontrolado das árvores.

Em Sintchã-Bobo Macána, o início do processo de retirada de madeiras teve, por alguns minutos, resistência da população por temer que fosse engada novamente como aconteceu em 2012 e recentemente com um cidadão de nome ” Atchos”, que mais tarde foi detido por quarenta e oito horas, em Bafatá.  O cidadão em causa teria prometido entregar um milhão e meio de francos CFA à comunidade, se lhe fosse permitido fazer o abate de árvores. Nesse processo que envolve “Atchos”, as estatísticas indicam que terão sido cortadas trezentas e quarenta e sete árvores, em Sintchã-Bobo.

Foi uma operação que contou com a conivência da população da aldeia que receberia como contrapartida um milhão e meio de francos em dinheiro, que ficaria como fundo para a tabanca.

Para além dessa atitude, presume-se que a resistência demostrada por um grupo de Sintchã- Bobo Macána tem a ver com um “esquema gigante”, que envolve altas figuras públicas, civis, militares, dirigentes políticos e autoridades regionais.

A resistência foi neutralizada graças à intervenção do Comandante da Brigada de Proteção da Natureza e Ambiente da Guarda Nacional, Bacar Fati, que teve que intervir para persuadi-los a desistirem da sua intenção. 

Porém, existem sinais em como há ainda possibilidades dessa madeira que está a ser retirada tome outro rumo, se o processo não for acelerado e realizado com maior segurança, dado ao elevado grau de desconfiança, visível na comunidade, que tanto foi enganado até chegar ao ponto de não confiar nas autoridades envolvidas no processo. 

A operação foi organizada pelo comando de destacamento número três das regiões de Bafatá e Gabú. Contudo, Bacar Fati, comandante da BPNA, disse que até ao momento a sua Brigada não enfrentou resistências relevantes ou que pudessem merecer preocupação. 

Em declarações aos jornalistas, Bacar Fati admitiu que, apesar da moratória de 2015, houve “grave violação” das regras estabelecidas pelo governo na altura, como também revelou que houve cortes recentes de mais de quatrocentas árvores.

“É uma desobediência às regras. O infrator tinha sido detido e ouvido. Os autos da audição foram entregues ao presidente da comissão interministerial. Acredito que se houver necessidade de ser ouvido novamente será ouvido, porque este senhor de quem estamos a falar, está em Bissau”, frisou.

Por sua vez, a inspetora-geral do Ambiente, Isabel Sanhá, assegurou que as comunidades afetadas por cortes de árvores terão recompensas, que poderão ajudar as tabancas a construírem escolas ou postos de saúde para seus habitantes.


Neste sentido, pediu a colaboração de todos no sentido de absterem-se de cortar árvores e seguir as orientações das autoridades ligadas ao setor, porque ” todos sabem qual a importância das árvores”.

 

Por: Filomeno Sambú

Foto: F.S

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