O grupo pan-africano de telecomunicações MTN ofereceu esta segunda-feira, 22 de março de 2021, um lote de doze mil (12.000) doses da vacina AstraZeneca ao governo da Guiné-Bissau. A doação foi recebida pela Alta Comissária para a Covid-19, Magda Robalo, e pelo vice-primeiro-ministro, Soares Sambú.
Em entrevista aos jornalistas depois da formalização da entrega das doses, Magda Robalo referiu que a paralisação que se regista no setor de saúde associada a vários constrangimentos têm limitado a velocidade com a qual o Alto Comissariado gostaria de estar a trabalhar. Contudo, disse acreditar que de negociação em negociação vai conseguir fazer o que for preciso, isto é, até a primeira semana de abril realizar-se-ão as primeiras vacinações.
Quanto à distribuição das doses doadas pelo grupo sul-africano de telecomunicações MTN que apoia o combate à Covid-19 através da União Africana, Magda Robalo frisou que no plano desenvolvido pela sua equipa a prioridade vai para o Setor Autónomo Bissau (SAB), o epicentro da pandemia na Guiné-Bissau. Ou seja, começar pela capital Bissau e ministrar formação para formadores [os vacinadores] ainda esta semana, quinta, sexta-feira e sábado e na primeira semana de abril, começar a vacinação.
“As doze mil doses que nós recebemos agora são da vacina AstraZeneca, cujo fornecimento estávamos à espera através da iniciativa COVAX. Ainda não sabemos quando é que vamos receber as nossas doses da vacina COVAX, que vão servir para vacinar as pessoas que estão na linha de frente, os técnicos de saúde, que para nós são a prioridade” indicou.
Esta doação representa seis mil pessoas, porque como sabem tem que se dar duas doses da vacina”, assinalou Robalo.
A médica também sublinhou que a Guiné-Bissau tem certa vantagem em relação ao combate à doença, por poder capitalizar as lições de outros países que já iniciaram a campanha de vacinação.
“Vocês estão a acompanhar e a ver o que se passa no resto do mundo. A França, por exemplo, quando começou a vacinar teve muitas dificuldades em pôr a logística total a trabalhar, Portugal a mesma coisa e vários países também tiveram a mesma dificuldade”, disse.
A Alta Comissária assegurou que não haverá problemas quanto à conservação dessas doses de vacina, porque “ graças a Deus é uma vacina que se pode também conservar na Guiné-Bissau, entre quatro e oito graus e temos ainda frigoríficos que nos permitem conservar essa vacina”.
Em relação à greve iniciada esta segunda-feira pelos técnicos de saúde envolvidos no combate à pandemia, indicou que estes estão a exigir o pagamento de subsídios desde outubro de 2020 até fevereiro de 2021. Garantiu, por isso que as exigências serão atendidas até porque a grelha já foi revista e apenas está a aguardar a sua aprovação em Conselho de Ministros.
“A grelha já foi submetida ao Conselho de Ministros, assim como o pedido de financiamento está desde janeiro junto ao Ministério das Finanças, por isso estamos à espera”, sublinhou Magda Robalo.
O Democrata soube através de uma nota do coletivo de técnicos que os fatos no terreno indicam que as exigências dos técnicos envolvidos no combate à Covid-19 vão para além disso.
Exigem também a conclusão do pagamento dos subsídios de junho a setembro de 2020 e melhorias de condições laborais.
Questionada pelo O Democrata sobre a demora na chegada das vinte mil (20.000) doses da vacina chinesa doadas pelo Senegal à Guiné-Bissau, a Alta Comissária esclareceu que a vacina está à espera de ser homologada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por isso não consta da lista das vacinas que foram aprovadas pelo Comité de peritos da Guiné-Bissau.
“Não podemos importar uma vacina cujo uso ainda não está aprovado no nosso país”, notou e disse que a China está ainda à espera que, ainda este mês, a OMS se pronuncie sobre as suas vacinas, porque “tem várias”.
Segundo Magda Robalo, se se conseguir essa homologação, a Guiné-Bissau terá todo o prazer em aceitar essa vacina para a sua distribuição no país, tendo garantido ainda que a mesma coisa vai acontecer com a disponibilidade da China em ajudar o país com vacinas.
“Já enviei uma carta ao senhor embaixador da China no país a pedir apoio para a Guiné-Bissau, caso a vacina chinesa venha a ser homologada pela OMS para a sua distribuição”, precisou.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche



















