Dom Pedro Zilli foi sepultado esta terça-feira, 9 de abril de 2021, na Sé Catedral de Bafatá, Igreja da qual era bispo até à data da sua morte, a 31 de março passado.
As cerimónias fúnebres iniciaram com a trasladação do corpo de Bissau para Bafatá, onde chegou à cidade de Bafatá um pouco depois das 9h30, inicialmente anunciada. À chegada à rotunda de Bafatá, perto do monumento Amílcar Cabral, o administrador episcopal da Diocese de Bafatá, Lucio Brenttegani, recebeu a urna funerária do defunto Bispo Zilli acompanhado pelos fiéis cristãos católicos em orações até à Sé Catedral local, onde foi recebido pelo Bispo auxiliar de Bissau, José Lampra Cá.
Já no largo da Igreja, a urna funerária foi retirada do carro que o transportou por seis padres para o interior da Igreja, os mesmos que o levaram para a sua última morada.
O governo foi representado pelo ministro da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Dias. Também esteve presente na cerimónia do adeus ao Bispo Dom Pedro Zilli, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC. Entre as várias individualidades, destacam-se ainda as presenças de dois Bispos do Senegal : o de Ziguinchor e Kolda, duas regiões ao sul do Senegal, bem como do Embaixador do Brasil na Guiné-Bissau, o poder tradicional local, entre outras individualidades.
As medidas restritivas adotadas pelas autoridades sanitárias, neste caso, O Alto Comissariado, foram observadas a rigor.
Quando se diriga aos presentes, na Missa de corpo presente, Dom Lampra Cá, Bispo auxiliar da Diocese de Bissau, não conseguiu conter as lágrimas e soltou um grito de choro, quando se lembrou do lema escolhido por Dom Zilli “O amor jamais passará”.
Na sua homilia, Lampra Cá foi consequente em pedir aos cristãos católicos a apostarem na conversão quotidiana, porque a vida terrena acaba, tendo realçado que o amor “é valor de todos os valores”.
“Quem fizer do amor o centro da sua vida, viverá para sempre”, frisou Lambra Cá, sublinhando, no entanto, que os cristãos devem ter a virtude de discernimento, que deve ser observado também à luz da palavra de Deus e da Fé.
Enfatizou que o Bispo Dom Pedro Carlos Zilli fez boa escolha por ter escolhido Deus, tornando-se seu filho por adoção e ter sido Bispo na Guiné-Bissau.
“A sua morte tocou os guineenses, não por ser brasileiro, mas por ter sido simples e próximo das pessoas”, defendeu e disse esperar, por isso, que os seus ensinamentos tenham efeitos positivos porque “Dom Pedro Zilli sempre apelou à união e ao diálogo. Bó dissa divisão!”
Interpelado pela imprensa à saída da Igreja, Domingos Simões Pereira, disse que todos os guineenses perderam muito mais do que um filho, um irmão ou um amigo, realçou que a sua morte representa algo importante para cada um descobrir a sua fé e, consequentemente, dizer que de fato “há um amanhã que nasce a partir dessa morte”.
“É muito forte perder alguém nessas circunstâncias, quando tudo fazia acreditar que resistiria a esta situação. É revoltante, mas é aí que devemos descobrir a nossa fé para dizer que de fato há um amanhã que nasce a partir dessa morte”, precisou.
O Bispo da Diocese de Bafatá, Dom Pedro Carlos Zilli, faleceu a 31 de março de 2021, quarta-feira, aos 67 anos de idade, vítima de novo coronavírus (Covid-19), depois de duas semanas de internamento no hospital de Cumura, a sete quilómetros da capital Bissau, anunciou a O Democrata, na altura, uma fonte da Igreja Católica.
Dom Pedro Zilli, que também exercia a função do presidente do Conselho de Administração da estação emissora católica, Rádio Sol Mansi, foi ordenado Bispo, a 30 de junho de 2001. A Diocese de Bafatá é uma circunscrição da Igreja Católica localizada na Guiné-Bissau, abrangendo as regiões de Bafatá, Gabú, Quínara, Tombali e Bolama.
Foi criada a 13 de março de 2001 , ano em que Dom Pedro Carlos Zilli também foi ordenado Bispo.
O reverendíssimo Bispo Dom Pedro Carlos Zilli é natural de Santa Cruz do Rio Pardo, em São Paulo (Brasil), onde nasceu a 07 de outubro de 1954.
Após a ordenação sacerdotal, a 5 de Janeiro de 1985, foi enviado para a Guiné-Bissau, onde desempenhou o cargo de vigário paroquial na missão de Bafatá.
Foi também delegado do bispo para a zona pastoral de Cacheu e presidente da comissão para a formação dos seminaristas maiores, de 1986 a 1998 e superior regional do seu instituto na Guiné Bissau, de 1993 a 1997 .
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S