EMPREENDEDOR GUINEENSE CONSIDERA A GUINÉ-BISSAU UM “LABORATÓRIO DE TESTES DE OPORTUNIDADES”

[ENTREVISTA agosto_2021] O engenheiro informático Adulai Bari considerou a Guiné-Bissau “um laboratório de testes de oportunidades”, onde o empreendedorismo e a inovação tecnológica têm mais espaço, para cada um aproveitar-se de cadeias de valores de que o país dispõe.

O também co-fundador, em 2015, do Innovalab, a primeira incubadora guineense de projetos, enfatizou que o empreendedorismo e a inovação tecnológica são o “motor de desenvolvimento” do mundo, e que a Guiné-Bissau não deve ser uma exceção.

Por isso, disse que é “extremante importante” desenvolver este setor no país, criando novos empreendedores e empresários.

“A Guiné-Bissau é um país de oportunidades. O empreendedorismo e a inovação tecnológica têm mais espaço. A Guiné-Bissau tem potencialidades e oportunidades, em termos de agricultura, turismo, serviços tecnológicos e financeiros. Cada um pode aproveitar-se de cadeias de valores de que o país dispõe”, precisou.

Mas para que isso aconteça, sugeriu o engenheiro informático, “é preciso que haja a estabilidade político-governativa” e que o governo “seja capaz de criar políticas económicas” não só para facilitar o mercado, criando impostos adequados ao contexto socioeconómico do país, mas também criando os mecanismos de financiamento e de acompanhamento dos empreendedores.

ADULAI BARI DEFENDE A CRIAÇÃO DE FUNDOS DE RISCO E DE INVESTIMENTO PARA OS EMPREENDEDORES GUINEENSES

Em entrevista ao jornal O Democrata, Adulai Bari defendeu que o governo crie fundos de risco e de investimento para os empreendedores guineenses, adiantando que há pessoas que têm ideias, mas falta-lhes o financiamento e o acompanhamento para estruturar ideias do negócio.

Afirmou que a Guiné-Bissau é o único país do mundo que não tem um fundo de risco para financiar novas ideias dos empreendedores, lembrando que, no país, os bancos não financiam as ideias.

Para o também vencedor do prémio Live Innovation Impact Grant Program, na Expo Mundial 2020 de Dubai, a política de acompanhar novas ideias dos empreendedores faz parte de uma política visionária do desenvolvimento do país, tendo lamentado que o país ainda não tenha apostado no setor do empreendedorismo.

Frisou na mesma entrevista que o empreendedorismo tem vantagens, sobretudo no que concerne ao desenvolvimento económico, à criação de emprego e à redução de delinquência e banditismo.

Para Adulai Bari, o empreendedorismo e a inovação podem ser praticados por qualquer cidadão. Contudo, disse que é preciso ter “coragem e dedicação”, porque, no contexto guineense, o mercado é “difícil e complicado”, com dificuldades em termos financeiros e técnicos. 

“Se noutros países é preciso ter um ou dois anos para desenvolver um negócio e começar a ver os resultados, aqui precisamos de três, quatro ou cinco anos. Portanto, precisamos fazer o triplo do esforço que os empreendedores fazem lá fora “afirmou, aconselhando que é preciso dedicar-se, ter fé e saber onde se quer chegar.

Neste particular, Bari lembrou que o InnovaLab organizou mais de 40 eventos para refletir sobre o ecossistema do empreendedorismo e inovação, nomeadamente, formação, informação, networking e exposições facilitando o acesso às tecnologias, aos recursos, aos treinamentos e às redes locais e internacionais de partes interessadas, com o intuito de conscientizar e aumentar o potencial empreendedor guineense.

Dados da InnovaLab apontam para cerca de 6 mil jovens beneficiários diretos e que já foram criados 300 empregos diretos.

O jovem empreendedor disse que tem um projeto de inclusão digital que já levou a energia eléctrica às cidades de Bafatá, no leste do país, e de Canchungo, no norte, a 100 famílias, 50 em cada região, permitindo a população, no interior do país, ter acesso à eletricidade nesta primeira fase e, posteriormente, pensa expandi-lo para os países da África, nomeadamente, a Guiné- Conakry, a Sarra-Leoa, o Senegal e a Libéria, detalhando que se trata de dois kits de baterias solares de baixo custo, nomeadamente Ubuntu Casa 1, com a capacidade para ligar em casa 4 lâmpadas, uma rádio e um telemóvel e que fornece energia durante 8 horas com o custo de cento e cinquenta mil (150.000) francos CFA, e Ubuntu Casa 2 com a capacidade para ligar em casa 5 lâmpadas, um televisor e dois telemóveis e que fornece energia durante 8 horas com o custo de quatrocentos mil (400.000) francos CFA, que poderão ser pagos em prestações mensais.

Adulai Bari anunciou para breve, a instalação de quiosques solares em Bafafá e em Canchungo que vão servir para a manutenção dos kits de casa 1 e 2 e serviços de transferência de dinheiro.

Quanto às parcerias, Adulai Bari explicou que a sua empresa [Innovalab] tem parcerias com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Banco Mundial, e com as Embaixadas da Alemanha e dos Estados Unidos.

“A nível interno, temos uma parceria com o Alto Comissariado para a Covid- 19, através da qual desenvolvemos uma plataforma para os testes de Covid -19 e estamos a trabalhar para extensão da plataforma para gerir o processo de vacinação em curso, para evitar a aglomeração de pessoas nos centros e postos de saúde montados para a vacinação. E com o Ministério da saúde, temos um acordo e estamos a trabalhar para criar um sistema integrado, que irá cadastrar o histórico clínico das pessoas nos hospitais do país. A fase piloto será no Hospital Nacional Simão Mendes”, explicou.

Por: Tiago Seide

Foto: Marcelo Na Ritche

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