Os doentes internados no Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM) não estão a ser atendidos, devido a boicote iniciado hoje, 20 de setembro de 2021, no maior centro hospital da Guiné-Bissau.

Os médicos e técnicos de saúde afetos ao Hospital Nacional Simão Mendes iniciaram hoje, por tempo indeterminado, o boicote de todas as suas atividades para exigir a dignificação da classe, por parte do governo, e melhores condições de trabalho.

A paralisação afeta todos os serviços e não está a ser observado o serviço mínimo. Constatou-se também que, devido ao não atendimento, os doentes estão a abandonar o hospital. Uns vão para clínicas privadas e outros para casa.

Em entrevista ao semanário O Democrata e a Rádio Capital FM, a Secretária de Estado de Gestão Hospital, Cornélia Lopes Man, lamentou a paralisação, tendo garantido o serviço mínimo para minimizar o sofrimento de doentes internados no maior centro hospitalar.

“A população pode esperar o serviço mínimo. Não vamos dizer como, mas podem estar seguros que vamos garantir o serviço mínimo. Quero dizer que a lei que dá direito aos trabalhadores convocar a greve ressalva o serviço mínimo. Mas não estão a respeitá-lo. E mais, não há caderno reivindicativo nem um pré-aviso de greve” disse, afirmando que “a greve infringiu a lei”.

Cornélia Lopes Man acusou os médicos de estarem a sensibilizar os doentes a abandonarem o hospital, por estarem em greve.

“Como se não bastasse, estão a dizer aos doentes para voltarem para casa, porque não vão ser atendidos. Quem estiver em greve, não deve mandar pacientes para casa.” disse a governante. 

“Se jurar salvar a vida, como pode-se fazer o contrário. Isto é tirar a vida, porque não estão a observar o serviço mínimo. Não quero duvidar da profissão de ninguém mas é uma tristeza” insistiu, prometendo, oportunamente, tomar medidas sobre a atitude dos médicos e técnicos de saúde afetos ao Hospital Nacional Simão Mendes.

Uma fonte junto da direção do sindicato de base do HNSM diz ao semanário O Democrata que o boicote é um convite para os médicos, técnicos de saúde e o governo refletirem sobre o sistema de saúde no país.

O Democrata soube que vários centros de saúde nas regiões estão fechados hoje. Circula desde este fim de semana, nos grupos restritos de redes sociais do pessoal de saúde, uma campanha de mobilização ‘’No sinta na casa pa é danu balur !!!’ (fiquemos em casa para sermos valorizados). Segundo o panfleto, os técnicos pretendem fazer pressão para verem suas exigências serem tomadas em conta no novo orçamento geral de estado de 2022, nomeadamente aprovaçao da carreira, efetivaçao de novos ingressos, pagamento de dividas, melhorias de condiçoes de trabalho.

Por: Tiago Seide