O presidente da Associação Nacional de Proteção dos Trabalhadores Domésticos da Guiné-Bissau (ANAPROMED-GB), Sene Bacai Sanhá, denunciou que alguns funcionários do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior estarão envolvidos no desvio dos salários dos auxiliares de serviços gerais (pessoal menor) das escolas públicas.
Sene Bacai Sanhá denunciou que atualmente algumas escolas estão a efetuar o pagamento de apenas um mês de salário, mas estarão a obrigar os auxiliares gerais a assinar cinco folhas diferentes.
“Há mais de dez anos que esses funcionários estão a desviar salários dos auxiliares gerais e neste momento algumas escolas estão a pagar apenas um mês, mas obrigam os auxiliares a assinar cinco (5) folhas ao mesmo tempo. Parte dos auxiliares tem salário bancarizado, mesmo assim não têm recebido por esse canal há mais de dez anos “, denunciou.
Sanhá fez essas denúncias esta quinta-feira, 07 de outubro de 2021, à imprensa em frente ao Ministério da Educação, onde os auxiliares gerais se encontram barricados, em vigília, para protestar contra o desvio dos seus salários, exigindo que “os ratos” sejam colocados atrás das grades.

O Presidente da ANAPROMED revelou a O Democrata que, depois da denúncia da organização, a Polícia Judiciária (PJ) fez investigação e terá conseguido identificar cinco nomes de funcionários do Ministério da Educação Nacional, que supostamente estarão a desviar os salários dos auxiliares gerais. Também terá sido descoberto uma lista de cerca de duzentos auxiliares fantasmas.
Segundo Sene Sanhá, a Polícia Judiciária encaminhou o processo para Ministério Público, órgão detentor da ação penal.
“A cada mês o Ministério das Finanças desbloqueia os salários dos auxiliares menores, mas os ratos roubam o dinheiro. Fazem-no há mais de dez anos”, acusou.
Uma das vítimas que trabalha como segurança no Liceu Samora Moisés Machel, Manuel Barbosa, disse que há mais dez anos nunca recebeu o seu salário.
Outra vítima, viúva com cinco filhos, Quebandera Sanhá, que presta serviços há trinta e um anos no próprio ministério, como pessoal da limpeza, disse que reformou-se e posteriormente foi contratada pelo ministério.

“Quando fui à reforma recebi apenas vinte mil Francos CFA e fui contratada outra vez, mas até ao momento não recebi nem um mês de salário. Fui assaltada três vezes por bandidos a caminho do meu serviço”, lamentou.
Por: Noemi Nhanguan
Foto: N.N



















