Ministro da educação: “HÁ TRÊS DÉCADAS QUE OS CURRÍCULOS ESCOLARES DA GUINÉ-BISSAU NÃO SOFREM INTERVENÇÕES PROFUNDAS”

O Ministro de Educação Nacional e Ensino Superior, Cirilo Mama Saliu Djaló, revelou esta segunda-feira, 17 de janeiro de 2022, que há quase três décadas que os currículos escolares da Guiné-Bissau não sofrem “intervenções profundas”.

O governante frisou que o sistema de ensino e aprendizagem tem funcionado com base em uma abordagem pedagógica por objetivos desenvolvida no contexto de carência de programas e manuais escolares, guias de professores e conteúdos que não conhecem atualizações devidas.

Cirilo Mama Saliu Djaló fez essa afirmação na abertura da ação de formação dos professores e agentes educativos para experimentação do novo currículo escolar, que decorre até ao próximo dia 22 de janeiro. Disse que, tendo em conta o condicionalismo da pandemia de covid-19, para a implementação do novo currículo foram selecionadas 10 escolas experimentais pilotos no Setor Autónomo Bissau (SAB) e em  quatro regiões: Bafatá, Cacheu, Oio e Quínara.

O ministro informou que o currículo constitui um “importantíssimo” instrumento de materialização das políticas públicas do Estado em matéria de satisfação dos direitos dos cidadãos a uma educação de qualidade.

Para o governante, o ateliê de formação é uma “ação crucial” na implementação da reforma do sistema educativo na medida em que é uma “variável importante” para o sucesso escolar.   

Djaló disse estar preocupado com a educação nacional e o ensino superior, através do Instituto Nacional do Desenvolvimento de Educação e parceiros, que têm vindo a implementar desde 2011 uma reforma curricular do ensino básico.

Referiu que foi elaborado um conjunto de instrumentos pedagógicos, nomeadamente, orientações curriculares, guia dos professores, programas, manuais e cadernos de atividade para os alunos do primeiro e segundo ciclo do ensino básico e do primeiro ao sexto ano de escolaridade.

Por sua vez, o diretor-geral de Instituto Nacional para Desenvolvimento da Educação (INDE), Jorge Sanca, realçou a importância da reforma do currículo escolar para a elevação da qualidade do ensino na Guiné-Bissau, salientando que o ministério decidiu avançar com o processo porque houve a necessidades de fazê-lo.

“O currículo do ensino básico em vigor na Guiné-Bissau não sofreu nenhuma alteração desde o início da década 90, está desatualizado e desajustado no quadro constitucional vigente e não responde aos desafios colocados nos documentos orientadores da política educativa”, criticou.

Jorge Sanca afirmou que o Ministério da Educação realizou, em 2014, um estudo diagnóstico com intuito de fazer um balanço dos progressos realizados no setor. O estudo, segundo Sanca, revelou que nos dois primeiros ciclos de ensino básico o nível de aquisição dos alunos é fraco e no quinto ano, apenas um terço do programa é dominado pelos alunos.

“Do ponto de vista da comparação internacional, o desempenho dos alunos do segundo ano coloca a Guiné-Bissau em terceiro lugar, entre 14 países da sub-região e no quinto ano, o desempenho dos alunos coloca a Guiné-Bissau em último lugar”, indicou.

Jorge Sanca afirmou que os principais fatores causadores do insucesso dos alunos em matéria de aquisição do conhecimento são a fraca preparação dos professores, a falta de materiais didáticos, das condições adequadas de aprendizagem dos alunos e a instabilidade política.

Por: Carolina Djemé

Fotos: CD

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